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Terça-feira, Abril 30, 2024

“O Guimarães Jazz é um caso feliz de persistência, longevidade e reinvenção”

Economia

  • Ivo Martins é o senhor Jazz, o director artístico do festival desde 1996. Licenciado em Direito, administrador hospitalar, é também escritor, coleccionador de arte. Substituiu António Ferro que ocupou o cargo de director artístico do Guimarães Jazz desde 1992 (1ª edição) até 1995.
  • Ele anda na estrada do Jazz e conhece todos os seus andantes – artistas e músicos, grupos e orquestras, da América e da Europa e mesmo do mundo. Guimarães reconhece-lhe desde 1996 a competência para continuar a ser o director artístico, cargo que exerce com humildade.
  • Apesar do seu saber jazzístico, nunca se colocou em bicos de pé e para ele o exercício de director artístico é também uma paixão, com muita humildade, não deixando que a função se sobreponha às suas qualidades humanas.
  • É com este homem de Santo Tirso que está em Guimarães em quase permanência que o Guimarães Jazz dá o salto, cria raízes e mantém a qualidade. Pode dizer-se que o Guimarães Jazz é como um filho que respeita e ajuda a crescer para a vida…
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Que reflexão faz de 32 edições do Guimarães Jazz?

É sempre positivo sentir que depois de 32 edições o Guimarães Jazz tem demonstrado possuir ao longo do tempo da sua existência, uma especial apetência para se adaptar e potenciar novas soluções e abordagens; neste sentido podemos dizer que o festival é um caso feliz de persistência, longevidade e reinvenção;

Qual a edição que recordará sempre?

São muitas as edições que poderíamos considerar memoráveis; não queremos ser injustos, mas com algumas dúvidas, elegemos o ano de 2006 (primeiro ano do Centro Cultural Vila Flor) com as presenças de Wayne Shorter, Marc Copland & Tim Hagans, Abdulah Ibrahim, Geri Allen, Brussels Jazz Orchestra com Dave Liebman e Charlie Haden Liberation Music Ochestra com Carla Bley, entre outros;

“O festival tem tido felizmente grandes momentos e quando olhamos para trás percebemos alguma coerência artística.”

Pode dizer-se que em termos de espectáculo foi aí que o festival chegou ao topo?

Não podemos dizer que o festival tivesse atingido, nesse ano, o seu clímax, mas foi seguramente e dos grandes momentos do Guimarães Jazz que todos recordaremos com alegria. Será mais apropriado referir que o festival tem tido felizmente grandes momentos e quando olhamos para trás percebemos alguma coerência artística;

Que dificuldades tem encontrado na escolha dos músicas para cada edição?

Encontramos sempre algumas dificuldade para integrar os músicos nas datas do festival; seria mais fácil funcionarmos ao contrário; aproveitar o calendário das suas digressões e programar a vinda a Guimarães, aos dias disponíveis de cada projecto; mas infelizmente, as coisas não acontecem desta forma; na construção de cada edição temos sempre de recomeçar do nada; isto é, conhecer antecipadamente as movimentações dos artistas na Europa e com imaginação conciliar a sua agenda com a do festival;

Porque razão o Guimarães Jazz não é um festival totalmente à moda de Nova Orleans?

O Guimarães Jazz é um festival que se foi sendo construído através do tempo num espaço de particularidades específicas; e esta experiência fez com que fosse adquirindo um perfil; perfil esse que lhe é próprio, produto de inúmeras variáveis: internacionais, nacionais, locais, particulares, específicas…; assim, o Guimarães Jazz é o festival da cidade e este território com a sua singularidade e identidade muito contribuiu para a sua concretização;

O que justificam escolhas de grupos mais europeus?

O Guimarães sempre apresentou músicos europeus; não sentimos que este ano seja particularmente diferente dos anteriores; contudo, admitimos que por razões de conjuntura e acaso, nesta edição possam eventualmente constar do seu programa mais músicos provenientes da Europa; mas, esta presença deve ser entendida como parte de um processo de construção, cujo resultado final originou uma maior concentração de músicos europeus;

Ivo Martins expressa a paixão pelo jazz e a dedicação ao festival. © Direitos Reservados

O impacto mediático do Guimarães Jazz nos jornais e televisões nacionais satisfá-lo?

Estamos satisfeitos e agradecidos a todos os meios de comunicação que nos apoiam como os jornais e as televisões nacionais; sempre fomos tratados com simpatia, interesse, atenção…

Continua a defender parcerias com o ESMAE ou o Centro de Estudos da Universidade de Aveiro? Justifique.

As parcerias são parte fundamental do festival porque permitem estender as ligações e conexões do Guimarães Jazz com outras entidades e associações de músicos que têm desenvolvido um trabalho sério e meritório na formação e divulgação do Jazz; e estas entidades formam também comunidades de interesses, influências e relações que lhe são próprias; estas interacções permitem ampliar o nosso espectro de intervenção, alcançando outras pessoas que gravitam à volta das instituições, colectivos, núcleos com quem estabelecemos protocolos de colaboração – ESMAE, Porta Jazz, Sonoscopia, Orquestra de Guimarães, CEJ (Centro de Estudos de Jazz) Universidade de Aveiro;

Depois de Novembro e antes do próximo Novembro (2024) o Jazz desaparece da cidade. Porquê?

Não é de todo verdade que o jazz desapareça da cidade no espaço de tempo mediado entre cada edição do Guimarães Jazz; há o “Verão é Jazz”, organizado pela Associação Convívio com apoio da Câmara Municipal de Guimarães e concertos esporádicos de jazz em vários locais (CAAA) da cidade durante o ano; é evidente que estamos disponíveis para pensarmos mais concertos de jazz;

Mesmo tendo a Orquestra Guimarães Jazz formalmente constituída?

A colaboração com a Orquestra de Guimarães tem sido uma agradável surpresa e muito tem honrado o festival; envolvemos músicos locais e damos espaço para que instrumentistas com outras experiências musicais participem em projectos de jazz e de música improvisada com elevados níveis de critério e exigência artística; a resposta da Orquestra de Guimarães a estes desafios tem sido extraordinária e gostaríamos de continuar a desenvolver outras ideais a partir da interacção de diferentes universos musicais; julgamos que este tipo de confrontos são positivos para todos os intervenientes;

“O Guimarães Jazz tem conseguido optimizar a presença de músicos de bom nível que residem na cidade durante duas semanas.”

O que aprecia nas iniciativas promovidas a reboque do festival? (Porta Jazz/ Sonoscopia/ Oficinas de Jazz) E as jam sessions?

As iniciativas paralelas fora e dentro do festival são sempre vantajosas para a divulgação do jazz; esta música deve ser tocada ao vivo e neste sentido, as jam sessions são elemento fundamental de uma prática musical baseada na tradição e improvisação; o Guimarães Jazz tem conseguido optimizar a presença de músicos de bom nível que residem na cidade durante duas semanas, proporcionando contactos e formação entre músicos de diferentes gerações e experiências; esta componente é também uma das facetas mais enriquecedoras e interessantes do festival, pelas possibilidades de colaboração e partilha que desencadeia;

O que falta ao Guimarães Jazz para chegar mais além?

O Guimarães Jazz é um projecto e como todos os projectos está sempre em construção; logo, não depende de um plano cristalizado, fixado, previamente definido…; tem sido assim, ao longo destes anos e vai continuar a fazer-se desta forma; a vantagem deste modelo de abordagem é que nos permite fazer correcções, alterações, mudanças, transformações… permanentes, com maiores índices de liberdade, agindo de maneira mais descomprometida; e esta metodologia tem provado ser a mais ajustada em conjunturas e contextos difíceis e instáveis;

O que espera da edição de 2023, bons espectáculos, casa cheia!

Esperamos o melhor para o festival; esperamos que o público participe e continue a acompanhar o Guimarães Jazz; esperamos que o músicos jovens e consagrados passem bons momentos e se divirtam; esperamos que tudo corra bem e que continue a ser apropriado pela cidade e seja parte das rotinas quotidianas das pessoas;

© 2023 Guimarães, agora!


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