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Segunda-feira, Abril 29, 2024

Jazz: com Buster Williams & Something More no CCVF

Economia

É o penúltimo concerto da temporada de 2023 do Guimarães Jazz que resistiu ao tempo – a chuva – com uma audiência aceitável.

Buster Williams vem mostrar-se ao Vila Flor com uma lufada de legado histórico do jazz. Por isso, a expectativa sobre a sua actuação pode levar a encher literalmente a maior sala de espectáculos de Guimarães.

O contrabaixista tem uma biografia musical que se compõe de inúmeros capítulos protagonizados ao lado de muitos dos músicos lendários que hoje simbolizam a ‘idade de ouro’ do jazz tais como, entre muitos outros, Art Blakey, Betty Carter, Dexter Gordon, Chick Corea ou Sarah Vaughn – a lista é praticamente interminável. 

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Se tivermos, porém, de seleccionar um desses capítulos por forma a assim epitomizar um percurso artístico tão longo e multifacetado como o de Williams, a escolha mais óbvia será porventura a longa relação criativa da contrabaixista com Herbie Hancock em inúmeros projevtos e formações que contribuíram decisivamente para moldar a sonoridade do jazz de fusão. 

O icónico teclista era precisamente um dos membros originais do grupo que apresentamos nesta edição de 2023 do Guimarães Jazz – o quarteto Something New, cujo alinhamento original da primeira edição discográfica (1989) incluía, para além de Williams e de Hancock, o saxofonista Shunzo Ohno e o baterista Al Foster.

Charles Anthony ‘Buster’ Williams nasceu em 1942 em New Jersey (EUA), filho de uma costureira e um contrabaixista amador. Inspirado e encorajado pelo exemplo do pai, Buster Williams deu desde muito cedo mostras de estar decidido a prosseguir uma carreira profissional da música e, com apenas 17 anos, já actuava ao lado de nomes relevantes do jazz da altura como Jimmy Heath, Gene Ammons ou Sunny Stit. Em 1962, após um período de estudos de teoria musical em Camden e em Pittsburg, Buster Williams começa a tocar ao vivo e a gravar com Betty Carter e Sarah Vaughn, que lhe proporcionou a primeira de muitas digressões europeias que viria a fazer ao longo da sua extensa carreira. 

Buster Williams. © Direitos Reservados

Com a sua reputação já firmada no circuito jazzístico graças à sua colaboração com as duas lendárias vocalistas, o contrabaixista regressa a Nova Iorque para iniciar uma série de novas parcerias criativas, nomeadamente com Herbie Hancock e, por extensão, com inúmeros outros músicos (Tony Williams, Wynton Marsalis ou Billy Hart, entre muitos outros) que iriam marcar decisivamente a estética musical dos anos 1970. 

As décadas seguintes da actividade de Buster Williams foram marcadas, para além da sua carreira como sideman que lhe valeram a reputação de um dos mais sólidos instrumentistas de acompanhamento do circuito jazzístico, pela relação com o guitarrista Larry Corryell e pelo trabalho no âmbito do quarteto cooperativo Sphere (ao lado de Kenny Barron, Ben Riley e Charles Rouse) dedicado à reinterpretação do repertório de Thelonious Monk.

Se a impressão digital do estilo e competências técnicas de Buster Williams são facilmente detectáveis na música contemporânea, a presença deste músico na paisagem cultural norte-americana transbordou as fronteiras estritas da arte musical e contaminou o cinema e a televisão, fruto da sua participação em bandas-sonoras de obras como o filme ‘Clocker’s’ de Spike Lee, e, sobretudo, da icónica série televisiva criada por David Lynch, ‘Twin Peaks’.

A segunda reencarnação do projecto Something More presente na edição de 2023 do Guimarães Jazz é protagonizada por um trio notável de músicos: dois jovens e extremamente talentosos instrumentistas italianos com uma presença proeminente na música global da actualidade (o pianista Tommaso Perazzo e o baterista Marcelo Cardillo) e o já veterano saxofonista Steve Wilson (colaborador de músicos como Michael Brecker, Dave Holland, Dianne Reeves ou Don Byron, entre muitos outros com quem Wilson construiu até à data um currículo discográfico vasto e artisticamente prestigiante).

© 2023 Guimarães, agora!


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