25 de Abril de 1974: o dia em que Portugal evoluiu. A revolta a viva-voz de um Povo.
Se é no pluralismo das ideias que podemos afirmar que vivemos numa sociedade verdadeiramente aberta e num País Livre, pautado por um Estado de Direito Democrático, a questão que se coloca agora é: como agir perante o ataque a tudo aquilo até agora conquistado? Como protegemos os triunfos de Abril sem os pôr em causa? Afinal de contas, Liberdade traz – intrinsecamente – responsabilidade.
O 25 de Abril foi um marco transformador, ditou o fim da ditadura e do colonialismo, abrindo caminho para uma nova era de Liberdade, Igualdade e Progresso. Temos a obrigação de continuar a honrar esse legado, trabalhando juntos, em comunidade para construir um futuro (mais) justo, inclusivo e próspero para todos os portugueses.
Se antes Portugal estava imerso numa ditadura, conservadora e opressiva, na qual as liberdades individuais eram limitadas e a igualdade era só uma ideia distante, a Revolução de Abril veio alterar o paradigma.
Hoje, podemos olhar para trás e ver as conquistas do Portugal Democrático e do Projeto Europeu com admiração e orgulho. Sabemos que, quem nasce hoje, não terá que enfrentar as mesmas limitações e obstáculos dos seus antepassados, mas em contrapartida terá de enfrentar outros desafios, é cíclico.
Sabemos que não terá impedimento em seguir a sua vocação, uma vez que Abril é, também, sinónimo de Igualdade de oportunidades, permitiu a abertura do elevador social, deu-nos acesso à Liberdade de ser quem quisermos ser. Liberdade, essa palavra com tanto significado que nos retira o “rótulo” de onde vimos nunca condicionando para onde vamos, para o que queremos ser.
Sabemos que agora temos acesso a todos os cuidados de saúde estando, por isso, livres da assustadora taxa de mortalidade infantil verificada no Estado Novo. Em vez disso, vivemos num Portugal, pioneiro nos avanços médicos e que, apesar de ainda termos um longo caminho pela frente na sua valorização e defesa, podemos orgulhar-nos de ter um SNS que não deixa ninguém desamparado, sem apoio, que não deixa ninguém para trás. Vivemos agora num País que nos permite explorar a nossa identidade e orientação sexual, sem medo de repressão; onde podemos constituir família da forma que fizer sentido para nós, sem dogmas, onde não mandam na nossa felicidade, onde uma mulher não tem de ter medo de o ser pois é uma portuguesa de plenos direitos.
Abril é muito mais do que isto. É Liberdade de opinião e de Imprensa, que me permite hoje estar aqui a escrever, livremente, sem medo que um qualquer indivíduo passe, com um singelo, mas poderoso lápis azul, uma mordaça no meu pensamento.
Foi graças aos homens e mulheres que disseram “BASTA!” a quem os calava, torturava, espiava e até matava, que foi possível construímos um País Solidário, com Instituições Democráticas robustas e um Estado Social que coloca a Solidariedade e a ajuda à disposição – do desfavorecido, do estigmatizado, de todos – no centro de sua missão.
É, por tudo isto – imperativo – que tenhamos a consciência e humildade de homenagear todos aqueles que tiverem um papel ativo para esta conquista, desde os republicanos até aos democratas de diversas tendências. Não podemos só homenagear este legado com um cravo ao peito mas sim lutar para que todos os dias sejam Abril nunca deixando esse cravo ser calcado no chão.
Saibamos identificar e colmatar os desafios ainda existentes. E são muitos, não nos enganamos nem tentemos iludir ninguém. Saber que devemos continuar a lutar pela qualidade e avanço das nossas Instituições Democráticas, pelo respeito mútuo e pela Justiça Social, não abrindo nunca a porta ao discurso fácil que não é mais do que a voz do retrocesso. Esse sim, é, e deve ser, o nosso legado, a nossa Responsabilidade, depois de 50 anos volvidos de um dos dias mais bonitos da nossa História, pela salvaguarda e manutenção da nossa Liberdade.
Viva o 25 de Abril!
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