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Sexta-feira, Março 29, 2024
Milene Castro Silva
Milene Castro Silva
Nutricionista e escritora. Nasceu e cresceu em Guimarães. Licenciada em Nutrição e graduada em Artes da Escrita. Exerce consultas de nutrição clínica, área pela qual nutre um gosto particular assim como pela escrita. Foi autora e coautora de vários livros na área da nutrição. A sua primeira obra foi lançada em 2018.

Jejum intermitente: uma “dieta” da moda?

Jejum intermitente é uma dieta da moda? Eu digo que não por dois motivos. O primeiro é que segundo os estudos e artigos de revisão científica ainda não foi comprovado e com consistência a sua eficácia segura em seres humanos.

Deste modo não é considerado uma dieta ou terapia nutricional. O segundo motivo é que não é e nem será uma tendência (moda) porque os cientistas e estudiosos na área debruçam-se sobre esse assunto e no futuro, acaso os resultados forem tão promissores nos humanos como neste momento são em ratos, podemos economizar com os alimentos.

Então o caro leitor poderá perguntar porque se fala tanto em jejum intermitente? Felizmente, a ciência e a publicação de artigos científicos é atualmente acessível a qualquer pessoa. O método científico no século XXI é constituído pela formulação da hipótese, experiência, análises de resultados e a conclusão.

Existem, portanto, neste campo profissional quem leia artigos em fases de experimentação, como no caso do jejum intermitente, pois até à data foi realizado em ratos e é necessário uma maior número de estudos nesta área e em humanos com amostras grandes, ou seja, significativas, capazes de formular conclusões para o nosso dia-a-dia. Reforço também o tipo de artigos científicos.

Uns podem ser analíticos e outros descritivos. Apenas com meia dúzia de artigos científicos de observação experimental não se deve concluir nada. É necessário dar tempo à ciência para se observar, estudar todos os processos necessários à prática segura dos vários tipos de jejum intermitente.

E o tempo da ciência não somos nós que decidimos, nem os próprios cientistas ou a comunicação social. É necessário esperar. Em dezembro de 2021 foi publicado um artigo de revisão de literatura científica no Jornal Americano de oncologia sobre o jejum intermitente na prevenção e tratamento no cancro.

Um artigo de revisão de literatura estuda muitos artigos diferentes sobre um tema e retira conclusões, assim como limitações e futuras pesquisas. Neste mesmo estudo os autores reforçam mais vezes que ratos não são humanos, exemplificando que estes animais morrem após 48 a 60 horas em jejum total, enquanto os humanos aguentam entre 57 a 73 dias de jejum total.

Reportam ainda que os ratos eram alimentados com ração nutricionalmente equilibrada, algo que nos humanos e com o índice de obesidade não se verifica. O estudo reforça ainda que a obesidade com as suas alterações metabólicas, moleculares e imunológicas aumenta e piora o prognóstico de cancro.

Não aconselham o jejum intermitente a pessoas que estejam em tratamento oncológico.

Assim torna-se crucial a diminuição de peso e o jejum pode ajudar de modo indireto a diminuir essa tendência. Ou seja, o importante é o peso descer e não o jejum intermitente. O artigo refere ainda que não aconselham o jejum intermitente a pessoas que estejam em tratamento oncológico.

Em Março de 2020, um estudo publicado em Portugal, da Universidade de Lisboa (Medicina e Motricidade Humana), os autores realizaram um revisão dos estudos publicados entre 1980 e 2019 da acerca do jejum intermitente em humanos e sua relação com o desempenho físico.

Embora conflituantes os resultados sugerem que o jejum intermitente pode ter efeito positivo na perda de massa gorda. Outro estudo de revisão científica que analisou a relação do jejum intermitente em distúrbios do sono, os autores referem serem inconclusivos.

Relativo à obesidade, outro artigo de revisão científica de 2021 reforça mais uma vez que as publicações forem realizados em ratos, e quando comparados com as terapias de alimentação convencional o jejum intermitente não se verificou grandes vantagens e diferenças significativas.

Portanto, caro leitor sei que a novidade é interessante, o ritmo de emagrecimento muito promissor, mas saiba que até à data a controvérsia sobre os efeitos positivos e negativos ainda está a ser analisado cientificamente.

Não obstante, a análise aos diferentes tipos de jejum mais adequados nas diversas doenças ou necessidades do ser humano. Ainda se desconhece as desvantagens da sua realização e se aumenta (em alguns casos) o número de convulsões alimentares.

Os resultados são promissores e, em simultâneo, assustadores. Ou caso pretender realizar não se esqueça que deve ser acompanhado (a) por um nutricionista. O melhor será mesmo esperar por resultados científicos a longo prazo. Afinal não é isso a que se pode chamar de ciência? Eficácia, conhecimento e segurança?

Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº1828N

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