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Sexta-feira, Novembro 15, 2024
Miguel Leite
Miguel Leite
Natural de Guimarães, fisioterapeuta licenciado, com mais de 10 anos de experiência profissional, tendo já tido várias experiências profissionais (meio hospitalar, clínica, ensino especial em escolas e meio desportivo/desporto de alta competição). É também pós graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia cardiorrespiratória. Têm outras formações complementares relacionadas com a sua profissão. Faz parte dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, pertencendo desta forma ao atual corpo ativo da corporação vimaranense.

A privatização da “guita”

Observamos diariamente relatos noticiosos de demissões em bloco de profissionais de saúde, que se dizem prejudicados por políticas sucessivas mal delineadas, que não atribuem o devido valor aos mesmos, e que não enfatizam um desempenho inquestionável de tantos ao longo de anos de serviço em prol da sociedade.

Pois bem, poderia culpar-se um período longo de pandemia vivida nos últimos quase dois anos, ou mesmo, períodos de eleições para justificar decisões adiadas atrás de “decisões por decidir”, no entanto, os consequentes pedidos de melhorias das condições laborais, seja das estruturas, dos meios humanos ou até mesmo de novas tecnologias para enfrentar novas realidades, levaram a que muitos daqueles que lutam à anos pela saúde de todos se vissem “obrigados” a seguir um novo rumo.

A regulamentação e a democratização da saúde em Portugal carecem já de algum tempo de uma reestruturação que permita uma maior igualdade entre todos aqueles que procuram uma melhor e eficaz resposta do nosso sistema de saúde.

Quem parece ficar maravilhado com esta “sopa de letras” é o setor privado que vai angariando os profissionais de saúde de forma a dar resposta em todas as frentes, potenciando cada vez mais os seus investimentos.

Serviço Nacional de Saúde VS Serviço de Saúde Privado?! Certamente um tema que se debate à muito tempo e que carece de uma objetividade assertiva no sentido de ambas as partes trabalharem em conjunto, visando os reais interesses da comunidade, em vez de alimentarem disputas de interesses económicos.

Sendo a saúde o bem mais precioso que temos, e isso parece-me uma certeza absoluta, preocupa-me imensamente a desigualdade existente na procura de um serviço de saúde, pois no caso de uma determinada especialidade não se encontrar disponível num determinado hospital público regional, isto implica uma deslocação para um hospital distrital (deslocação interdistrital), ou quem realmente têm capacidade económica acaba por recorrer à entidade privada que pretende, para obter uma intervenção adequada às suas necessidades o mais rápido possível.

Os nossos hospitais públicos deveriam estar organizados com todas as características necessárias para qualquer tipo de resposta para uma abordagem multifatorial, e na realidade corremos o risco de isso se ir perdendo ao longo do tempo se não for feito algo em contrário.

É fulcral melhorar as capacidades da nossa saúde pública, pois todos nós dependemos disso em qualquer fase das nossas vidas.

Não querendo entrar numa disputa entre o setor público e o setor privado, porém, a preocupação tem que ser a nossa realidade socioecónomica e cultural, e isso diz-nos que a maior parte da nossa população não têm capacidade para recorrer a um serviço privatizado. É fulcral melhorar as capacidades da nossa saúde pública, pois todos nós dependemos disso em qualquer fase das nossas vidas.

A discrepância mundial entre ricos e pobres tem vindo a aumentar de dia para dia, e isso é fruto de vários fatores, entre eles um egoísmo atroz de alguns em pensar apenas no seu bem-estar, e que por vontade própria até o dinheiro privatizariam só para terem uma espécie de domínio absoluto do planeta onde habitamos, todavia ainda vamos tendo umas respostas altamente impressionantes da nossa natureza que direciona o globo numa tentativa desesperada de uma homeostasia ímpar.

Saibamos olhar para o próximo com uma humildade e veracidade característica de uma criança na hora de tratarmos os nossos doentes.

© 2021 Guimarães, agora!


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