Cientistas mostram que é arriscado comparar a Migração Humana com as Invasões Biológicas

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Estabelecer paralelos entre a migração humana e as invasões biológicas poderá ser enganador e potencialmente prejudicial, principalmente no contexto político actual, com a questão da imigração em debate nomeadamente na Europa e nos EUA. A conclusão é de um estudo publicado na respeitada revista ‘Biological Reviews’, que contou com investigadores das ciências naturais e sociais de 42 instituições de 23 países, incluindo o português Ronaldo Sousa, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM).

“Reforça narrativas xenófobas e distorce a percepção pública sobre os migrantes.”

Embora sejam fenómenos crescentes que envolvem movimento e adaptação a novos ambientes, as invasões biológicas referem-se à introdução de espécies não nativas e aos seus impactos ecológicos, enquanto a migração humana resulta de factores sociais, políticos, ambientais e históricos. Ronaldo Sousa considera que o uso de terminologias da ciência da invasão – como “alienígena”, “exótico”, “invasor” ou “erradicação” – para descrever a migração humana “simplifica excessivamente a questão, reforça narrativas xenófobas e distorce a percepção pública sobre os migrantes”.

Esta investigação, intitulada ‘Paralelos e discrepâncias entre a introdução de espécies não nativas e a migração humana’, mostra inclusive a forma como estes temas têm sido retratados pelos políticos, que utilizam as invasões biológicas para apresentar “a migração como uma ameaça, desumanizando os migrantes e promovendo um discurso alarmista”, refere o biólogo da Universidade do Minho.

Ao analisar casos históricos e as influências socio-políticas da linguagem utilizada, os investigadores destacam que, ao contrário das invasões biológicas, que podem causar impactos ecológicos e socio-económicos severos, a migração humana sempre foi parte integrante da história da humanidade.

“Garantindo que as políticas de migração e de gestão ambiental sejam contextualizadas.”

“A solução poderá passar pela implementação de uma abordagem interdisciplinar que conecte as ciências naturais e sociais, garantindo que as políticas de migração e de gestão ambiental sejam contextualizadas, cientificamente rigorosas e eticamente fundamentadas”, defende Ronaldo Sousa. O estudo pretende contribuir assim para a formulação de políticas que respeitem a dignidade humana e incentivem a cooperação global.

© APImprensa

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