Havia uma pequena cidade no coração de uma floresta exuberante. Os seus habitantes viviam em harmonia com a natureza, retirando dela o sustento sem a destruir. Árvores altas protegiam a cidade dos ventos impiedosos, e os rios límpidos traziam vida a todos os cantos. No centro desta cidade vivia Mário, um homem astuto que se julgava um semi-deus e tinha um desejo peculiar: transformar a cidade num deserto.
Mário começou por espalhar a ideia de que a floresta era um problema. “A madeira é retrogada, as raízes destroem as casas, os animais selvagens podem migrar”, repetia ele com voz segura. Mas ao mesmo tempo, assegurava a todos que estava tudo bem. “Não há razão para alarme, confiem em mim!”, dizia, enquanto derrubava árvores em segredo e vendia a madeira para seu próprio proveito.
Não satisfeito, alterou as regras e costumes da cidade. Criou novas designações para as mesmas coisas: o pão passou a ter um imposto diferente do trigo, os rios foram municipalizados para cobrar pelo uso da água, e até os caminhos da floresta foram transformados em estradas de taxa obrigatória. Assim, os habitantes pagavam cada vez mais, enquanto Mário investia cada vez menos na cidade, enriquecendo-se à custa do caos que criava.
A floresta desaparecia, e a cidade aristocratizava-se. Mário cercou-se de um grupo de nobres que o defendiam ferozmente, culpando os poucos que ainda alertavam para o perigo iminente. “São eles que trazem a ruína!”, clamavam. “Se há areia no chão, é porque eles não confiaram no nosso líder!”. E assim, pouco a pouco, a cidade verdejante tornou-se num mar de areia.
Quem beneficiava eram os seus aliados, que recebiam fundos para estudos intermináveis.
Quando tudo o que restava era poeira e calor, Mário lançou um grande plano de reflorestação. “Não temam!”, anunciou, “Investiremos fortunas em trazer de volta a floresta!”. Mas os projetos eram vagos, lentos e caríssimos. Quem beneficiava eram os seus aliados, que recebiam fundos para estudos intermináveis, enquanto o deserto se alastrava. A aristocracia vivia dos abusos e a nova classe dos sensacionalistas foi criada: bem pagos, comentavam a desgraça diária como se a culpa fosse dos que sempre defenderam a floresta. “Se estamos no deserto, foi porque quiseram tantas árvores que acabaram por as perder todas!”, diziam, enquanto Mário e os seus próximos continuavam a encher os bolsos.
Mas entre os que ainda se lembravam da antiga cidade, surgiu uma ideia clara: para trazer a floresta de volta, Mário tinha de sair do poder. Seria necessário enfrentar a aristocracia e desmascarar os sensacionalistas. Com coragem, começaram a espalhar a verdade e a desafiar as mentiras. Propuseram soluções simples e diretas: plantar árvores sem burocracia, acabar com os abusos e devolver o poder ao povo. “Chega de areia nos olhos!”, gritavam. “A floresta pode renascer!”.
E assim, a esperança começou a germinar entre os grãos de areia.
‘PS’: esta história não é fictícia. É preciso mudar o rumo, e os protagonistas somos nós!
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