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Sexta-feira, Novembro 22, 2024
José Eduardo Guimarães
José Eduardo Guimarães
Da imprensa local (Notícias de Guimarães, Toural e Expresso do Ave), à regional (Correio do Minho), da desportiva (Off-Side, O Jogo) à nacional (Público, ANOP e Lusa), do jornal à agência, sempre com a mesma vontade de contar histórias, ouvir pessoas, escrever e fotografar, numa paixão infindável pelo jornalismo, de qualidade (que dá mais trabalho), eis o resultado de um percurso também como director mas sempre com o mesmo espírito de jornalista… 30 anos de jornalismo que falam por si!

O aumento de salário… para o Estado!

Paula R. Martins (nome fictício), trabalha numa IPSS, ganhando o salário mínimo nacional (SMN). Não progrediu na sua carreira, para o escalão imediatamente a seguir.

O aumento que teve, agora, de 21€, resulta da atribuição de uma diuturnidade, ao completar cinco anos de trabalho.

Satisfeita por ter mais rendimento disponível, dado que entrando cedo ao trabalho, depois de se levantar às 5h30 da manhã, tem de utilizar a viatura da família para as suas deslocações, aquele ligeiro acrescento de euros daria para pagar pelos menos uma semana de combustível (gasolina) que é obrigada a pagar, todas as semanas.

Mas depressa a sua satisfação virou indignação. Aos 705€ – valor do SMN – os 21€ foram um mero engodo. E um prejuízo. Juntou-se assim aos que trabalham mais recebem menos e aos que mandam às malvas o Governo e a sua política social de injustiça.

Paula olhou para o recibo e percebeu que o aumento do seu salário não tem correspondência com um aumento de rendimento.

Pelo contrário, os 21€ de aumento foram absorvidos por mais descontos para a Segurança Social e um brutal aumento de impostos porque passou a ser tributada à taxa do IRS de 4,5%.

Ou seja, até agora, Paula estava isenta do IRS por ganhar apenas o SMN. Contudo, incomodou-se por ganhar mais 21€ que foram directamente para os cofres do Estado que a passou o onerar com 32€.

“Um país discriminador e nada protector dos que ganham menos”.

Pensou, então que Portugal é mesmo um país surreal, um país das maravilhas, um país discriminador e nada protector dos que ganham menos.

No seu lar, quando chegou a casa depois de mais um intenso dia de trabalho, Paula berrou – e com razão – e dirigiu naturais impropérios a quem nos governa.

E confrontou-se com esta injustiça de ganhar mais e receber ainda menos. Ou seja, com 705€ não pagava impostos e com 726€ paga 32€ de IRS e mais 2,31€ para a Segurança Social.

E riu-se, com desdém, porque com apenas o salário mínimo (e o subsídio de almoço) recebia 693,45€; agora passou a receber mais e com o mesmo subsídio de almoço passou a ganhar menos (de rendimento líquido), ou seja apenas 680,14€.

Percebeu, então, que a valorização do seu salário em 21€ não lhe trouxe benefício nenhum. Porque o seu salário líquido passou a ser 13,31€ inferior ao aumento. Ou seja, num ano vai receber menos 159,72€. Paula diz com razão, “já comecei a devolver os 125€ que o Primeiro-Ministro disse que me ia dar”

É surreal, é; é injusto, é; vale a pena ganhar mais, não!

É desta forma que o Governo (do PS) estimula as pessoas, sacando-lhes eventuais majorações de salário.

Paula interrogou-se, “porque me levanto de madrugada, trabalho com dedicação, gasto dinheiro em transportes, esforço-me e o Estado ainda me “saca” mais”.

Paula, ainda pensou em escrever ao Primeiro-Ministro, à Ministra do Trabalho, ao Presidente da República, aos deputados.

Mas não vale a pena falar a quem não ouve, a quem ganha bem e tem prebendas, porque apenas se trata de um voto singular.

Mas não. Há mais PAULAS no país a sofrer com esta vingança do Estado lambão, administrado por gente que julga preocupar-se com os outros, os mais desfavorecidos. E que se sente roubada e espoliada quando julga receber um aumento, rapidamente lapidado por uma carga fiscal pesada, insólita, que nos faz lembrar o jogo de crianças, na época de Natal, do “rapa, tira, deixa e põe”, as quatro faces de uma piasca com que jogávamos para distribuir os pinhões.

© 2022 Guimarães, agora!


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