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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Rui Dias: “Guimarães tem na indústria a sua maior força produtiva”

Economia

  • O presidente da Associação Empresarial de Guimarães faz uma análise do tecido económico do concelho, dos desafios dos empresários e da inovação que está à porta. Rui Dias dá a conhecer esta entidade associativa, os seus objectivos e opiniões ligadas à economia de Guimarães.

Quando foi criada a Associação Empresarial de Guimarães e com que propósito?

A associação tem 7 anos, foi criada em 2016, no próximo ano, em Janeiro, faz 8 anos de existência. E ela foi criada essencialmente para defender os interesses, para agregar interesses a nível empresarial. Ou seja, a associação quer abarcar todo tipo de empresas e indústrias do concelho de Guimarães, que é a área de actividade, é a área de acção, digamos assim, da associação. E o intuito é precisamente esse, é juntar os interesses, juntar e defender esses interesses das empresas do concelho de Guimarães

Quem é que a AEG representa e quantos sócios tem actualmente?

A associação foi evoluindo, nós estamos a cumprir o terceiro mandato. Temos, actualmente, cerca de 60 empresas associadas, mas o intuito, o nosso objectivo é duplicar este número, porque o universo empresarial no concelho de Guimarães é muito grande, são mais de 20 mil empresas. Claro, contando com micros, todas elas, micros, pequenas, médias, empresas, portanto tem um universo muito grande para trabalhar, sem dúvida, a vários níveis, em várias vertentes. E a ideia é mesmo essa, é crescer ao longo destes mandatos que têm sido cumpridos e nos próximos que estão para vir. Agora, não é fácil, não é fácil porque nós sentimos que há empresas que, em termos de associativismo, não estão muito focadas para aí e preferem continuar como estão, não se associando e respeitamos, claro. Mas o nosso trabalho é mesmo esse, é dar a conhecer às empresas que estamos cá. É evidente que nós ainda estamos num patamar em que a direcção é que assume todas as necessidades que a associação tem, é evidente. Portanto, é o nosso trabalho, roubando um bocadinho as nossas empresas, porque todos nós também temos empresa, os elementos da direcção, roubando um bocadinho do nosso tempo para disponibilizá-lo para a associação. Mas sim, o trabalho não está de modo algum terminado, há muito por onde evoluir e é isso que queremos mesmo.

Que actividades é que promovem? Têm um calendário de iniciativas?

Sim, anualmente temos um plano de actividades que é aprovado em assembleia geral. Já fizemos inúmeras actividades, eu posso enumerar algumas, tais como, na altura do covid, organizamos uma campanha de recolha de bens e entregamos tudo ao hospital. Águas, máscaras, snacks, etc. Tudo aquilo que foi identificado, juntamente com a casa pessoal do hospital e foi um sucesso. Fizemos outra campanha, e aí, a pedido do Município e do hospital de Guimarães, quando se deu a primeira chegada dos refugiados da Ucrânia a Guimarães, a associação, só com os elementos da direcção, comprou alguns bens. Eles ficaram instalados no Lar de Calvos, foi para onde o Município os encaminhou, e nós, a associação, comprámos frigorífico, comprámos máquina de lavar roupa, loiça, tudo isso para equipar a cozinha que lá tem. E foi uma iniciativa muito espontânea, muito rápida. Não conseguimos sequer abrir aos associados, porque a ideia era que eles estavam a chegar e que tínhamos que tomar essa iniciativa e nós dissemos logo que sim. E em questão de uma semana, a gente resolveu logo isso e colocamos em funcionamento lá no local. Depois, que é também uma das nossas vertentes, já organizamos vários seminários, conferências, debates, uns até a pedido da Câmara Municipal. Estou-me a recordar do debate que foi a discussão pública para o alargamento à zona de Couros a património da humanidade da UNESCO e nós é que lideramos um dos debates que o Município agendou. Depois temos várias outras iniciativas, tais como um roadmap pelas empresas, onde fazemos essencialmente isso que é, através do networking, convidamos empresas associadas a visitarem outras empresas associadas. A última foi, por exemplo, a Interhigiene e a JF Almeida, portanto, empresas da Associação Empresarial de Guimarães. E esses dias, ou essas manhãs, que lançamos, tornam-se muito frutíferas porque há aqui uma troca de conhecimentos, de experiências, com as próprias empresas, sendo de sectores completamente diferentes, nós identificamos interesses muito comuns a nível de produção, a nível de acabamentos, etc. E esses processos e procedimentos são passados de empresas para empresas, o que só traz benefício para todos porque estando hoje toda a gente muito ligada às questões ambientais, da sustentabilidade, da economia circular, da transição energética, climática, e tudo isso, as empresas vêem algumas soluções que outras já apresentam, independentemente do sector da actividade, e muitas delas, e sei que já houve visitas posteriores, de umas empresas a outras, a esses mesmos sectores produtivos, e que trazem só benefícios para todos. Depois fizemos, recentemente, um almoço temático sobre uma temática que está muito em voga, que está cada vez mais presente, que tem a ver com a saúde mental e o seu impacto nas organizações. Desse almoço temático que fizemos, ficou logo o compromisso de fazer uma outra actividade, que também já fizemos, que foi um seminário, em conjunto com a Associação Vimaranense de Hotelaria e com a Casa do Pessoal do Hospital. Fizemos um seminário que foi espectacular, tivemos mais de 80 pessoas, e lá está, a temática base foi essa, a ideia base foi essa e chamamos-lhe “o bem-estar no trabalho”, e foi um sucesso também por causa disso, porque é um assunto que interessa às organizações, às empresas, e que só trazem benefícios quando as empresas reconhecem que têm de fazer algo mais para o bem-estar e para a felicidade dos próprios trabalhadores na vida. E tudo isto tem vindo a acontecer naturalmente, e muitas vezes até os próprios associados lançam as ideias, lançam o desafio, e nós aceitamos, desde que se integrem no nosso plano de acção e de actividades.

“A associação só cresce com as empresas, por isso é que eu acho que de modo algum podemos parar.”

Que balanço faz da actuação AEG até hoje?

A associação, como disse, tem muito caminho para fazer ainda, muito mesmo. Eu acho que com o encerramento da ACIG, a antiga Associação Comercial e Industrial de Guimarães, abriu-se aqui um espaço, um vazio. E a AEG está a tentar abarcar cada vez mais empresas associadas, independentemente do sector da actividade. Agora, não é um trabalho fácil, até porque nós notamos que em algumas empresas, aquelas com uma geração já mais antiga na chefia, ficam um bocadinho ainda reticentes em relação a participarem, a entrarem, a terem voz num novo núcleo associativo. Portanto, sentimos, de vez enquando, essa dificuldade, mas é normal, é normal que assim seja, porque sabemos que houve empresas que tiveram algumas más experiências. Mas estamos aqui para ficar, e estamos aqui para evoluir, para crescer, com as empresas, claro. A associação só cresce com as empresas, por isso é que eu acho que de modo algum podemos parar. Vamos para o oitavo ano de existência e, claro, temos ainda muito que fazer. Agora, o nosso intuito é, sem dúvida, absorver as necessidades, as experiências, os interesses dos associados e das empresas que se queiram associar, para que possamos, junto das instituições, dos organismos competentes, defender esses interesses e, claro, com isso as empresas também possam crescer mais rapidamente e de forma sustentável.

📸 GA!

A associação tem algum tipo de apoio público? E privado?

Não, neste momento não tem apoio público. O único apoio que tem é dos associados e das iniciativas que faz. Portanto, neste momento restringe-se a isso.

Quais são os principais desafios para os empresários vimaranenses? E os benefícios?

Os desafios para os empresários são diários. As empresas sabem o tipo de caminho que têm que procurar, sabem dos desafios que têm pela frente e a questão da pandemia trouxe uma nova realidade a todas as empresas. E o pós-pandemia também, depois com o início da guerra, com o aparecimento do problema das cadeias de distribuição, com o aumento dos custos de transporte a isso associados, com o aumento do custo de energia, o que foi um desafio ainda maior e levantou às empresas um conjunto de necessidades que não tinham tido até então. Mas isso, por um lado, foi mau, foi mau no início, porque tiveram custos adicionais, custos extras que nunca tinham tido até então. Mas também trouxe uma nova realidade, trouxe um novo desafio que foi as empresas evoluírem rapidamente para uma economia mais sustentável. Ou seja, tiveram que se equipar com nova maquinaria, com novas fontes energéticas e digitais, associadas também a uma industrialização cada vez mais próxima do 4.0, para uma indústria mais robotizada, uma indústria mais autónoma, se quisermos. E todos esses desafios trazem realidades novas ao sector produtivo, porque o concelho de Guimarães tem na indústria, no sector industrial, a sua maior força produtiva. E isso quer dizer que são indústrias e empresas que estão muito vocacionadas para a exportação. Ou seja, o mercado é um mundo para estas empresas e muitas delas são espelho disso mesmo, porque trabalham muito pouco para o mercado interno ou quase nada, porque elas são obrigadas a ter produtos que valorizam, que dão importância ao produto com valor acrescentado, que é isso que nos traz mais valias a todos. Agora, é sem dúvida um desafio que tem sido bem conseguido pelas empresas, porque atrás disto veio também a questão do PRR e a questão, agora, do Portugal 2030, que está a avançar, um pouco tardiamente, mas está a avançar. E, claro, as empresas vêem essas oportunidades também e vêem que tem que se ir reajustando, readaptando às realidades. E é para aquilo que evoluem, naturalmente. Claro que isto é fruto de toda a experiência porque nós temos no concelho de Guimarães empresas de segunda geração, de terceira geração, várias, em vários sectores. E é fruto disso mesmo, essa experiência e o know-how que trazem dessas gerações todas. E nós sabemos que temos um setor empresarial que é maioritariamente vocacionado para as micro e pequenas empresas. Isto é uma característica que temos em Portugal e traz também às empresas uma maior flexibilidade e conseguirem reajustar-se melhor às necessidades e aos desafios que os mercados trazem.

Nota alguma evolução na economia vimaranense? E em que sectores?

Eu acho que o sector do turismo é o que tem sido mais influenciado por essa evolução. Foi um dos sectores que mais sofreu com a pandemia, junto com a hotelaria e a restauração. Isso trouxe uma necessidade de evolução mais rápida e isto tem acontecido. Isto tem acontecido porque nós vemos em Guimarães, o sector do turismo que representa cerca de 9% do volume de negócios para Guimarães, vemos que elas evoluem naturalmente porque a procura também é maior. Isto trouxe dinamismos diferentes que não tínhamos tido até aqui. E a pandemia mexeu um pouco com isso tudo. Portanto, quando já conseguíamos circular livremente, acho que foi um dos sectores que mais se desenvolveu e que mais trouxe, claro, mais valias, mais negócios, trouxe desenvolvimento para o concelho de Guimarães.

📸 GA!

O turismo é um sector-chave para os empresários? Qual é o seu impacto?

É, até certo modo, um sector-chave agora. Claro que temos muitos outros que estão indirectamente associados a ele. Uns dependem mais dele que outros, naturalmente. Mas eu acho que isto depois é um ciclo em cadeia, que se desenvolve em cadeia. Ou seja, muitas empresas que não estavam vocacionadas para aí adaptaram-se também e viram que houve ali um boom depois da pandemia em termos de abastecimento das cadeias de produtos e fugiram para aí. Ou seja, abriram novos produtos para esse sector. Agora, outras já o conheciam e continuaram fortes também nesse sector. Não é de modo algum único e exclusivamente esse porque quando temos 46% de indústrias, que é o que marca mais o sector, o concelho de Guimarães, isso quer dizer que elas multiplicam-se de variadas maneiras e não é só o turismo que as atrai. São muitos outros sectores. Temos, por exemplo, a construção, que evoluiu e muito, e temos cá em Guimarães já uma construção sustentada, já a pensar muito na economia circular, com novos materiais. E lá está, eu acho que a pandemia trouxe mesmo isso, que foi o abrir a consciência dos empresários para novas realidades em busca sempre de maior sustentabilidade. E é por aí que as coisas estão a evoluir. E bem, ainda bem que é assim. Agora, o desafio é para todos os sectores. Eu não quero deixar só o sector de turismo como um dos principais, mas todos eles são importantes nesta cadeia de funcionamento da economia à volta de Guimarães.

“Guimarães tem, no Set.Up Guimarães, no AvePark, um conjunto de empresas, de startups muito interessantes, que têm vindo a evoluir.”

O tecido empresarial vimaranense é inovador? É mais notório em novas empresas ou empresas já instaladas no mercado?

Eu acho que em ambas porque quando olhamos para as novas empresas, para startups, elas entram com o objectivo de trazer novidade a vários níveis. Novidade para a área industrial, novidade para a investigação e desenvolvimento, novidade para o sector produtivo, para o que quer que seja. Isso por um lado, por outro, nas empresas já existentes, elas tentam evoluir, tentam investir cada vez mais na investigação e desenvolvimento porque isso consegue aproximá-las a empresas de excelência a todos os níveis. Eu acho que isso é transversal. Guimarães tem, no Set.Up Guimarães, no AvePark, um conjunto de empresas, de startups muito interessantes, que têm vindo a evoluir, aparecem novas, essas entretanto dão o salto, crescem e saem para desenvolver as suas áreas de negócio. Por isso, isso é uma característica que eu acho que tem que estar associada e é transversal a todas as empresas quer nasçam agora, quer tenham 50 anos, quer tenham 60 anos de história. Isso traduz também a evolução dos tempos, porque um negócio não pode ser parado e tem que estar a evoluir constantemente. Quer a nível produtivo, quer a nível de cadeia e distribuição, ou seja, a tudo. E acho que por aí podemos dizer que abarca todo tipo de empresas, quer sejam novas, as que apareceram agora, quer sejam as que já cá estão há muitos anos.

“É uma pretensão que temos na elaboração da próxima direcção, que está para breve, trazer mais mulheres para a associação.”

A AEG tem uma representação masculina muito mais forte que feminina, qual é a razão para tal?

É verdade, isso é uma dificuldade que temos tido. Não é por falta de convites ao sector feminino, de modo algum. É um intuito, é uma pretensão que temos na elaboração da próxima direcção, que está para breve, trazer mais mulheres para a associação, sem dúvida. O que tem acontecido é que, por razões diversas, umas porque estavam com uma internacionalização muito eficiente nessas empresas e portanto não queriam perder o foco nisso. Portanto não queriam ter mais um escape, digamos assim. Outras porque, por razões de ordem pessoal, não queriam também abraçar novos projectos. Enfim, foi um conjunto de razões de vária ordem e a direcção teve que se formar desta forma. Não faz sentido ser maioritariamente os homens na direcção e a ideia não é essa, a ideia não é, de modo algum, que eles estejam em maioria. Mas pronto, tem sido uma evolução também.

Como vê a participação das mulheres na economia de Guimarães?

Tal como a dos homens. É forte tal como a dos homens. Portanto não vejo diferenças nenhumas a esse nível. E até em empresas que não são muito conhecidas em Guimarães porque trabalham muito para mercados internacionais. Estou-me a lembrar na área da moda, por exemplo, que são mulheres, são gestoras, que não são conhecidas de modo algum e que têm empresas fabulosas e que o grosso, até os outros empresários, não conhecem por causa disso mesmo. Estão muito vocacionadas para outros mercados que não chamam atenção a quem cá está. Mas é tão importante como a dos homens, ou até mais porque há sectores da actividade que têm mais feeling para aquilo que estão a vender, para aquilo que estão a fazer, acho isso muito importante que assim seja. E ainda bem que o é.

Que avaliação é que a AEG faz do executivo camarário no que diz respeito às políticas e decisões que influenciam a área da economia e do sector empresarial?

O Município de Guimarães tem muitas dificuldades, tal como têm os outros todos aqui à nossa volta pertencentes ao quadrilátero urbano, pertencentes à CIM do Ave. Todos esses municípios têm também dificuldades como tem o Município de Guimarães. O Município tem bem a noção das dificuldades que as empresas têm, tais como a mobilidade dos próprios trabalhadores, tais como questões com o licenciamento industrial, temos questões como as vias de acesso. Nós temos parques industriais ainda hoje, com muitas décadas já, como por exemplo o parque industrial de Ponte, que não têm um acesso à autoestrada. Isso é um assunto que tem décadas e que já se fala em Guimarães há muito tempo e o Município sabe, tem conhecimento disso tudo. Agora, sabemos que têm dificuldades e é o que está a ser resolvido actualmente, com o PDM, e é uma questão que está a ser desenvolvida e até eu sei que o presidente está, e tem havido discussões públicas disso mesmo, em cima do assunto, está a tentar agilizar a questão do PDM para que rapidamente se encontrem soluções, porque as empresas querem crescer, e não conseguem, por falta de espaço. As empresas, ao crescer, têm essa necessidade, precisamente, dos licenciamentos industriais, e que muitas vezes são entrada para o próprio investimento. Sabemos que não depende só do Município, há outras entidades, como a APA, por exemplo, que têm que dar outro tipo de licenciamentos. E as empresas têm muitas dificuldades a esses níveis e ficamos tristes com essas notícias, sabendo que há empresas que estão em Guimarães e que vão sair do conselho. Sabemos também que o Município tem, precisamente, essa noção e sabe quais são essas empresas. Agora, a questão está sempre em arranjar soluções atempadas, soluções que sejam eficazes para a resolução desses problemas, porque nós, quando olhamos para dentro da nossa empresa e vemos que não temos grande solução à nossa volta, nós temos que contrariar isso e temos que procurar essas mesmas soluções, porque há sectores que não podem parar, não podem estagnar, e que exigem, precisamente, isso. Para a empresa evoluir, ela tem que sair, tem que se deslocalizar e tem que fazer acontecer, senão é muito provável que vá estagnar nos anos seguintes e deixe de ser competitiva. O Município sabe isso perfeitamente, inclusive a associação foi recentemente desafiada para trazer à discussão pública, e estamos a ponderar isso mesmo, um novo debate que abranja, precisamente, essas problemáticas com a mobilidade, com os licenciamentos, com a coesão territorial que temos em Guimarães, que abranja um pouco isso tudo. O Município está atento, mas a questão é que os timings das empresas nunca são os mesmos que os timings de quem decide, do sector público. Isso traz algumas desvantagens, alguns prejuízos até, para as empresas.

O executivo já contactou a associação para discutir esses problemas e até arranjar soluções em colaboração?

Não, isto tem sido um pouco o contrário. Tem sido um pouco a associação a procurar o Município a esse nível. Mas não vemos problema nenhum nisso. A questão aqui está em saber que existe alguém que se preocupa e que está atenta e que procura soluções para que as empresas, sejam associadas ou não à Associação Empresarial de Guimarães, encontrem soluções e, preferencialmente, em Guimarães. Mas, nós sabemos que tem características específicas, que tem que evoluir em muitos pontos e tem que dar a volta precisamente a todas essas situações para que se torne possível as empresas continuarem cá e seja mesmo atractivo para o investimento externo em Guimarães. O que é também um problema quando isso começa a desaparecer, esse investimento externo. Mas, claro, estamos atentos a isso e procuramos alertar e procuramos estar sempre em diálogo constante com o Município porque faz falta. Faz falta o Município ter a noção disso mesmo. Mas é um trabalho que a associação tem feito e as relações são boas e continuarão a ser boas porque é de interesse comum e de todos que assim seja.

“Nós temos empresas em Guimarães que têm núcleos de investigação e desenvolvimento internos e isso, automaticamente, é acompanhado pelas universidades de muito perto.”

Como vê a relação entre empresas e universidades?

A relação entre empresas e universidade, eu acho que tem vindo a evoluir tal como evoluem naturalmente os mercados. Ou seja, nós temos empresas em Guimarães que têm núcleos de investigação e desenvolvimento internos e isso, automaticamente, é acompanhado pelas universidades de muito perto, porque as próprias empresas procuram e necessitam desse trabalho que vem das universidades. Agora, nós sabemos que as universidades, já foi muito isso, trabalhavam muito para dentro. Mas, actualmente, estão cada vez mais abertas, abertas à sociedade, abertas às empresas, porque eu acho que se complementam os interesses. Os interesses são comuns, quer a nível de instituição, que isso traz prestígio às universidades, quer no campo das empresas, porque, por aí, elas conseguem ter ou desenvolver melhor soluções que anteriormente até não estavam à procura. E elas depois surgem naturalmente quando existe essa investigação dos especialistas dentro das universidades e depois dentro das próprias empresas que fazem essa ponte. A associação esteve já em iniciativas da Universidade do Minho, a última foi no Startpoint Summit em Braga, na Feira do Emprego, a 14ª Feira do Emprego, que é uma das maiores a nível nacional e isso demonstra mesmo que a universidade, os institutos, o politécnico do Cávado e do Ave também, estão cada vez mais abertos e mais receptivos à entrada das empresas no seu dia-a-dia. E é curioso que, quando reunimos com o IPCA, ficamos com a noção, percebemos de imediato que há cursos especificamente abertos para chegar a cumprir os requisitos que determinadas empresas têm. Ou seja, por outras palavras, as próprias empresas ajudam a abrir esses cursos, essas formações dentro dos institutos, da universidade, para que possa ter, ou formar, qualificar, trabalhadores e até novos alunos. Os próprios alunos saem das instituições, já com a vertente industrial, já com a vertente muito actual em relação aos interesses das empresas. Ou seja, estão a criar já soluções para as problemáticas do dia-a-dia, as problemáticas actuais que as empresas têm internamente. E claro, isso abre um leque já muito grande e maior a nível de emprego, claro, e de qualificação. É curioso que com esta questão do PRR, com o surgimento do PRR, nós, a Associação Empresarial de Guimarães, estabelecemos dois protocolos: um com a Escola Secundária de Francisco de Holanda e com a Escola Secundária de Caldas das Taipas, a nível do Centro Qualifica. Este Centro Qualifica, que também é designado como Centro Tecnológico Especializado, vai trazer precisamente isso, que é, as escolas concorreram, as Taipas teve sucesso logo na primeira fase, a Francisco de Holanda vai concorrer agora à segunda fase também, para ver se o consegue, para criar internamente um pólo industrial. Ou seja, as escolas vão ficar equipadas com estes fundos que vêm do PRR, com maquinaria que nós identificamos, nós juntamente com a empresa identificamos as necessidades, as lacunas, e as escolas ao concorrerem, o que a das Taipas já teve aprovação e que foi assinado agora recentemente quando cá esteve o Governo. Ou seja, estamos a fugir para as antigas escolas industriais, que Guimarães sempre teve, e que só trazem benefícios para todos.

A associação tem já uma posição sobre o encerramento do comércio da zona central da cidade?

Eu acho que isso poderá trazer mais vantagens do que desvantagens, a meu ver. Embora, eu sei que tem havido muita discussão, e ainda bem que a há, e sei que há muitas forças contrárias a isso, ao encerramento do trânsito, principalmente numa das artérias principais do centro histórico da cidade. Eu não vejo isso, antes pelo contrário, eu vejo isso com bons olhos. Acho que já estão criadas condições para que quem quer vir ao centro histórico, fazer o que quer que seja, possa chegar e se possa instalar no centro histórico e percorrê-lo, visitá-lo, para compras, para o que quer que seja. Acho que essas condições já estão criadas. Agora, acho que em termos de mentalidade, ainda não estão criadas todas as condições, mas as mentalidades também se mudam, com os tempos e com as vontades, não é?

📸 GA!

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