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Guimarães
Quinta-feira, Abril 25, 2024
Carlos Fonseca
Carlos Fonseca
Fundador do atelier de arquitectura biológica Arquitectura Sensível, onde desenvolve projectos e productos ecológicos e saudáveis no campo da saúde na habitação. Há mais de vinte anos estuda e desenvolve competências na área da radiestesia e da geobiologia com profissionais de todo o mundo, aplicando os seus conhecimentos e métodos nas suas áreas de trabalho.

Reflexões sobre a Cidade Uma Casa Saudável

Considerando que a casa é a nossa terceira pele – sendo que a primeira pele, corresponde à do nosso corpo (derme e epiderme) e a segunda, ao vestuário – é de fácil compreensão que as três peles devem ser compatíveis quanto às suas propriedades mecânicas de respirabilidade e de transpirabilidade. Se relativamente à pele (derme) não temos dúvidas quanto à sua permeabilidade, e ao vestuário também não (imaginemo-nos a fazer exercício envergando um fato de plástico – em pouco tempo, o que nos aconteceria??), com as construções já não se verifica a mesma sensibilidade, sendo commumente aceite a aplicação de materiais altamente tóxicos e inertes – vendidos com o rótulo de “producto de luxo” e de “elevada performance” (veja-se o caso dos vernizes, das tintas plásticas, do roofmate, etc.).

A edificação de casas saudáveis, ventiladas, onde se realizem trocas equilibradas de ar e humidade de acordo com as propriedades biológicas do nosso corpo vai contribuir em grande medida para a nossa saúde e bem estar, livre de electricidade estática, de humidade, de fungos, e outras exposições e agentes patogénicos que, a longo prazo poderão provocar efeitos nefastos na nossa saúde. A criação de edifícios saudáveis, esteticamente agradáveis e energicamente sustentáveis não reside apenas na selecção de materiais orgânicos e no design de ambientes vivos, numa concepção da terra para a terra, mas assenta num conceito mais global que integra aspectos ecológicos, económicos e sociais.

Para clarificar estas ideias, transcrevo os 25 princípios da Baubiologie (palavra alemã composta pelas palavras construção e vida) para a construção de casas saudáveis estipulados em 1925 pelo biólogo alemão Anton Schneider, fundador do Institute fűr Baubiologie um centro de estudos criado na Alemanha com o propósito de estudar o ambiente habitável tendo em conta não apenas os materiais de construção, mas outros factores como os campos electromagnéticos, radiações e qualidade do ar interior. (obs: os princípios estão organizados em cinco grupos: qualidade do ar interior, materiais de construção e equipamento, design interior e arquitectura, meio ambiente, energia e água, comunidades socialmente conectadas e ecológicas.)

  1. Qualidade do ar interior:
    • Reduzir substâncias contaminantes e irritantes e promover a circulação de ar fresco;
    • Reduzir a presença de fungos tóxicos, bactérias, assim como pó ou outras substâncias alérgicas;
    • Utilizar materiais com odor neutro ou agradável;
    • Minimizar campos electromagnéticos e ondas de alta frequência;
    • Dar prioridade ao calor radiante para aquecimento;
  2. Materiais de construção e equipamento:
    • Utilizar materiais naturais, sem toxicidade e com a menor radioactividade possível;
    • Garantir uma proporção equilibrada entre isolamento térmico e acumulação de calor, assim como entre temperatura superficial e do ar interior;
    • Usar materiais higroscópicos;
    • Minimizar a presença de humidade em obras novas;
    • Optimizar o isolamento acústico dos espaços (incluindo infra sons);
  3. Design interior e arquitectura:
    • Observar as proporções e formas harmoniosas;
    • Estimular as percepções sensoriais: visão, audição, olfacto e tacto;
    • Favorecer a iluminação natural;
    • Empregar os conceitos de fisiologia e ergonomia;
    • Promover a cultura arquitectónica e a artesania local e regional;
  4. Meio ambiente, energia e água:
    • Minimizar consumo energético e utilizar energias renováveis;
    • Ao construir ou reabilitar evitar impactos negativos no meio ambiente;
    • Conservar os recursos naturais e proteger a fauna e a flora;
    • Favorecer sistemas de construção locais e escolher materiais com ciclos de vida com o maior equilíbrio ecológico possível;
    • Assegurar a qualidade de água potável;
  5. Habitat eco social:
    • Projectar infra-estruturas com uma combinação de usos equilibrada: distâncias curtas a locais de trabalho, transportes públicos e escolas;
    • Favorecer uma forma de habitar que satisfaça as necessidades humanas e proteja o meio ambiente;
    • Dotar as áreas residenciais urbanas e rurais de espaços verdes e implantar os edifícios longe de centros industriais e de vias com muito tráfego;
    • Fortalecer a auto suficiência local e a participação de redes e fornecedores de serviços locais;
    • Seleccionar locais para construção que não estejam contaminados por resíduos nocivos e fontes de radiação, poluição e ruído fazendo o seu prévio estudo geológico (verificação de existência de correntes de águas subterrâneas, falhas, cavidades, etc.);

Construir para a saúde [ainda] não é prática corrente da indústria construtora. Na ausência de quaisquer regras na construção de casas e muito menos de directivas para a saúde na habitação, a aplicação de uma “prescrição” para uma casa saudável permitirá aumentar a qualidade e a salubridade das nossas casas e locais de trabalho onde passamos cerca de 90% das nossas vidas, por forma a aumentarmos a nossa qualidade de vida, em harmonia com o ambiente à nossa volta.

© 2019 Guimarães, agora!

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