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Guimarães
Quinta-feira, Outubro 10, 2024
Teresa Costa
Teresa Costa
Licenciada em RIEP - Relações Internacionais Económicas e Políticas, pela UM. Business Director da Escola de Línguas "Fun Languages-Guimarães", Centro Autorizado de Preparação para exames de Cambridge, Centro Certificado pela DGERT como entidade formadora no Ensino de Línguas Estrangeiras segundo os níveis definidos pelo Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) e Língua e Literatura Materna (Português para estrangeiros).

Para que serve e a quem serve o “metro bus”?

O senhor Presidente da Câmara Municipal de Guimarães entende ser necessário para Guimarães a implementação do sistema de transporte público conhecido por “metro bus” que, de forma genérica, consiste na criação de corredores mais ou menos dedicados à circulação de autocarros, com estações próprias e prioridade sobre o restante tráfego automóvel, pretendendo-se seja mais rápido e mais regular que o serviço do autocarro tradicional.

Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, o sistema ligaria a freguesia de Lordelo até à Vila das Taipas (atravessando a cidade), e desta vila seguiria até Braga (e vice-versa, naturalmente).

Mas será que será mesmo útil aos vimaranenses? Será que interessa mesmo a Guimarães? A ideia de gastar 200 milhões de euros para ligar Guimarães a Braga pelo chamado “metro bus” tem tanto de atrativo, como de desconcertante.

Atrativo porque é absolutamente essencial ligar de forma rápida e eficiente Guimarães a Braga, que não por transporte particular, não só por causa dos movimentos pendulares entre as duas cidades, mas também para que Guimarães aceda aos transportes rápidos que ligam – ou ligarão – a região norte ao resto do país e da península.

Desconcertante porque a solução, não se apresenta como solução a nada. Se é para ter um autocarro rápido, obrigada. Já temos autoestrada e autocarros que nela podem circular. Não é preciso gastar 200 milhões. Sim, poupa-se no ambiente. Mas o que se alcança aqui não compensa o que se perde ali. Isto porque não importa apenas ligar as duas cidades. Elas já estão ligadas. O que importa verdadeiramente é a forma como elas o são. E a forma tem de atender à rapidez, à comodidade, à serventia e ao ambiente. Em simultâneo, não isoladamente.

Será construída uma via de circulação totalmente dedicada, ou aqui e ali o “metro bus” poderá conviver com os demais automóveis em vias comuns?

Seria importante saber que carências se visam colmatar com esta nova modalidade de transporte: a ambição primária do senhor Presidente da Câmara Municipal de Guimarães é facilitar o transporte de pessoas entre os dois concelhos, ou permitir que os vimaranenses cheguem mais rápido aos seus empregos, às suas escolas e às suas casas, e em condições de conforto? E caso seja este último o fim por si visado, o pretendido é aumentar a capacidade de pessoas que são transportadas por cada unidade de transporte, isto é, transportar mais pessoas em determinados horários, designadamente, nos chamados horários de ponta, ou permitir aumentar a frequência e a regularidade do transporte ao longo do dia? Será privilegiada a redução do tempo do transporte, ou a facilidade de acesso ao “metro bus”, com a criação de múltiplas e sucessivas paragens ao longo do seu percurso? Será construída uma via de circulação totalmente dedicada, ou aqui e ali o “metro bus” poderá conviver com os demais automóveis em vias comuns? Haverá alguma interligação em Braga à estação ferroviária e ao comboio de alta velocidade que se projeta?

Ora, se no futuro próximo é vital que Guimarães e Braga tenham uma “ligação direta” eficaz e eficiente, sob todos os pontos de vista, não é menos aguda a necessidade de se ligar, da mesma maneira, todo o quadrilátero, ou seja, Guimarães, Braga, Famalicão e Barcelos (a ordem é, naturalmente aqui, aleatória, sendo que, por razões, óbvias, Guimarães vem sempre à cabeça das minhas preocupações). Donde, a solução que se encontre agora para Guimarães e Braga, tem de ser exequível para as restantes conexões. E o metro-bus seguramente não o é.

Tudo ponderado, é legítimo perguntar: Para que serve e a quem serve o “metro bus”?

© 2020 Guimarães, agora!

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