As festas de S. Nicolau, padroeiro dos estudantes, tem em Guimarães uma tradição secular e um sentido que só os vimaranenses conhecem, impossível de traduzir por palavras.
Ao longo da sua longa história, as festas Nicolinas atravessaram períodos de epidemias e pandemias, algumas com consequências mais graves do que esta.
Souberam, então como agora, respeitar e considerar em primeiro lugar o que realmente estava em causa, a saúde pública.
A história pode e deve servir de exemplo.
No ano passado estávamos a viver um cenário muito complicado resultante da pandemia. A Comissão de Festas Nicolinas e os estudantes, com uma tristeza imensa, mas conscientes de que na realidade não havia condições para que se realizassem as Festas na sua plenitude sem pôr em causa a saúde pública, aceitaram responsavelmente cancelar os eventos que as caracterizam.
Este ano tudo foi diferente. As autoridades municipais nunca consideraram sequer o cancelamento das Festas, havendo até por parte da Câmara Municipal uma clara colaboração com a Comissão no sentido da sua realização, tendo a Comissão demonstrado toda a disponibilidade para tudo fazer de forma a que estivessem asseguradas as condições necessárias à proteção da saúde pública. Nesse sentido, foram feitas reuniões entre os responsáveis e elaborado um plano de contingência tal como lhes foi exigido.
Tudo isto corresponderia à normalidade das coisas, não fora o facto de em 26 de novembro, e após a realização de uma reunião da subdelegação de Guimarães da Proteção Civil, os estudantes terem sido informados de que ali tinha sido deliberado a proibição da realização do cortejo do Pinheiro, ainda que sem fundamento legal em qualquer norma da DGS ou no regime de calamidade pública, entretanto decretado, mas com efeitos apenas a partir de 1 de dezembro.
As questões que se colocam e que devem ser respondidas pela Câmara Municipal são legítimas:
• Porque é que, perante uma eventual crise de saúde pública (a que terá justificado aquela proibição e que não surgiu do nada e apenas no dia 26 de novembro), essa situação não foi gerida antecipadamente?
• Porque é que não foram proibidas outras festas de cariz similar (algumas realizadas até em ambientes fechados) quando a situação de aumentos de casos da doença era já conhecida?
• Porque é que se alimentou o sonho e a esperança dos Nicolinos de que o Pinheiro podia este ano percorrer o seu percurso ao som das caixas e dos bombos?
• Porque é que a opinião pública, os estudantes e estruturas representativas dos Nicolinos não foram esclarecidas dos fundamentos da proibição e da alteração radical da posição das autoridades municipais?
Independentemente das razões da decisão de proibição, a conclusão segura e evidente é que assistimos a uma total inabilidade do executivo para lidar com este assunto, que não só causou a indignação dos Nicolinos e particularmente da Comissão, como a incompreensão dos vimaranenses.
A frontalidade e o diálogo em situações delicadas como esta faz toda a diferença. Estou certa de que caso os estudantes tivessem sido esclarecidos com a verdade e chamados a participar na solução do problema estes entende-lo-iam e seguramente assumiriam as suas responsabilidades como, aliás, o demonstraram ao longo deste processo.
O inábil comportamento do executivo deixou-os, deixou-nos a todos, defraudados e enganados.
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