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Sexta-feira, Novembro 22, 2024
Filipa Leite
Filipa Leite
Advogada. Vimaranense born and raised. "Deixar o mundo melhor que o encontramos" é o seu modelo de vida. Uma boa conversa, um bom livro e um passeio ao ar livre são a sua terapia. Participar ativamente na sociedade, contribuindo para o seu desenvolvimento é um dever.

Uma questão de adaptação…

Vivemos, ao longo dos últimos meses (e os próximos não se vislumbram muito diferentes), alterações significativas à nossa forma de viver e estar em sociedade.

Os simples gestos do dia-a-dia, como um cumprimento, o abrir uma maçaneta de porta, o entrar num espaço público fechado, passaram a ser pensados e acautelados, numa tentativa de nos protegermos a nós e aos outros.

O uso da máscara e desinfetante, o afastamento social e a chamada “etiqueta respiratória” fazem agora parte do nosso quotidiano, e isso, apesar dos constrangimentos e desconfortos que nos possam eventualmente causar, mais não é, do que uma questão de adaptação.

Todos os seres vivos, ao longo da sua evolução enquanto espécie, foram-se adaptando, quer ao meio em que estavam inseridos, quer as alterações e mudanças que o seu meio envolvente foi sofrendo.

Charles Darwin, naturalista inglês, desenvolveu uma teoria evolutiva que defende que os organismos melhor adaptados ao seu meio ambiente têm maior possibilidade de sobrevivência do que os menos adaptados.

Enquanto espécie, adaptando-nos, adequadamente, às circunstâncias de combate e prevenção deste vírus, além de termos mais hipóteses de sobrevivência…

Pois bem, acredito que este é o nosso momento de “evolução” enquanto espécie, adaptando-nos, adequadamente, às circunstâncias de combate e prevenção deste vírus, além de termos mais hipóteses de sobrevivência, evoluiremos para uma sociedade mais fraterna, mais preocupada com o seu semelhante e mais responsável e atenta à necessidade de cuidarmos do nosso planeta.

Contudo, uma adaptação individual não é suficiente, por si só, para uma evolução coletiva, pois, enquanto sociedade organizada, necessitamos que, o alicerce de qualquer mudança comportamental significativa seja sempre assente em medidas políticas verdadeiras e concretas, capazes de influenciar e regular a sociedade, encaminhando-a, assim, para a tal evolução.

Terão que ser tomadas medidas claras e objectivas que melhorem os serviços públicos essenciais, que fomentem a economia e que permitam ao cidadão adaptar-se à nova realidade, sem que, para tal, tenha de ver o serviço nacional de saúde a esgotar-se a si e aos seus profissionais, ver o sector social em frangalhos, tornando mais vulneráveis aqueles já o eram, ou assistir à economia a estagnar.

Adaptarmo-nos às novas circunstâncias de coexistência é a única forma que temos, por enquanto, de combater e sobreviver à pandemia.

Não podemos é adaptarmo-nos, de forma alguma, à rutura dos serviços públicos essenciais por inércia ou má gestão, nem a más decisões políticas e económicas, pois tal prática, além de não nos permitir alcançar a tão complexa evolução de Darwin, levar-nos-á a um retrocesso evolutivo e civilizacional com efeitos nefastos no presente e que comprometerá o futuro das próximas gerações.

© 2020 Guimarães, agora!

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