O representante do VSC SAD na Liga Portugal devendo ser mais um, não pode ser mais um.
Até por respeito ao espírito do clube e ao histórico do que foi a participação de dirigentes vitorianos nos diversos órgãos das instituições futebolísticas, desde tempos imemoriais.
Seja quem for não pode ser mais um que enfeite o seu currículo pessoal com esta presença no órgão executivo da Liga. Ou ocupe o lugar para seu gaúdio pessoal.
Pelo contrário, já é tempo de o Vitória dar utilidade aos lugares na estrutura do futebol nacional. E mostrar como sendo um clube diferente… tem dirigentes diferentes. E exigir mais participação não apenas na Liga como na FPF ou na AF de Braga.
O que está verdadeiramente em causa são as reformas que o futebol precisa e, neste caso, a Liga seja o motor do desenvolvimento do futebol, preocupada com padrões modernos de gestão em que os clubes, todos os clubes, defendem os seus interesses defendendo o interesse do futebol nacional, algo que interessa a todos e não apenas a alguns.
O que se vê na Liga francesa e espanhola – e até noutras da Europa do futebol – são estruturas abertas, igualitárias, que não apêndices dos clubes maiores. Mas sim estruturas que dão respostas aos problemas do futebol como indústria.
E que o problema do Vitória e do Rio Ave seja o problema do Porto, Sporting ou Benfica. E que nos diversos órgãos, da disciplina e da justiça desportiva actuem sem olhar à cor da camisola como, por vezes, fazem os árbitros dentro do campo.
A competitividade do futebol começa por aí, pela igualdade de oportunidades, pela justa repartição de receitas, pelo claro julgamento das infracções desportivas no plano estrito dos regulamentos e não na visão tacanha e mesquinha – e até unilateral – do fenómeno do futebol e das suas causas, sob o ponto de vista de alguns.
Por essa Europa fora, não há a preocupação de favorecer o clube A ou B e até o C. Actuando em representação do todo, a Liga não pode preocupar-se avulsa e dedicadamente em favor da parte, de um ou de um trio.
Há muitos exemplos, a começar pelos proveitos dos direitos televisivos que não ajudam à competitividade interna do futebol português, de que o presidente da Liga e seus adjuntos não podem ser representativos da macrocefalia de Lisboa ou Porto.
E que os representantes – juristas – nos órgãos disciplinares rabisquem sentenças sempre em tons de azul, vermelho ou verde. E que uma agressão de um jogador qualquer de outro clube não tenha o mesmo sancionamento que é dado aos ditos grandes clubes.
E que o racismo seja visto de forma diferente nos estádios do país, como foi o caso Marega com exemplos vários em outros relvados…
É claro que fazer reformas dá mais trabalho. Muito mais trabalho do que revolução, de que a Liga deve reflectir a vontade e os interesses dos clubes – todos os que participem nas provas desportivas. E que estes devem deixar de ter medo de lutar por aquilo que sabem que é justo para todos e não juntar-se a este e aquele grande de Lisboa e Porto com a ideia de poder tirar proveito de alguma coisinha.
O futebol português também se menoriza pela qualidade dos seus dirigentes e pelas pequenas coisas que julgam ganhar se estiverem ao lado dos três maiores.
O futebol português não precisa, contudo, de um revolucionário mas agradece a vinda de reformistas, dirigentes que tenham a noção exacta e global de quais são os interesses do futebol nacional em várias extensões.
E que o Vitória possa dar o seu contributo para esta solução – mais europeia – é o que se espera de quem em nome do Vitória estará, na Liga Portugal, depois da saída de Diogo Leite Ribeiro – que antes de se demitir dos cargos no Vitória – tinha essa representação e, porventura, as condições para não ser mais um, mas um lutador das causas do futebol nacional que são muitas.
Nota: depois de ler os estatutos e regulamentos da Liga sobre quem representa quem nos diversos órgãos, constatei que, afinal, o Vitória é um clube com assento na direcção da Liga cooptado por um dos três primeiros classificados no campeonato. Isto é mais uma tristeza daquilo que é o futebol nacional e de que só teremos representação se um dos grandes quiser.
Vejam lá… até querem que como cooptados – que não vassalos – agradeçamos a presença num órgão que deveria ser de todos como em França.
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