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Quinta-feira, Outubro 10, 2024
José Eduardo Guimarães
José Eduardo Guimarães
Da imprensa local (Notícias de Guimarães, Toural e Expresso do Ave), à regional (Correio do Minho), da desportiva (Off-Side, O Jogo) à nacional (Público, ANOP e Lusa), do jornal à agência, sempre com a mesma vontade de contar histórias, ouvir pessoas, escrever e fotografar, numa paixão infindável pelo jornalismo, de qualidade (que dá mais trabalho), eis o resultado de um percurso também como director mas sempre com o mesmo espírito de jornalista… 30 anos de jornalismo que falam por si!

Hossanas por Moreno que está entre os 12 melhores da história do Vitória

O ex-treinador do Vitória não recuou na sua intenção de dar a vaga na orientação técnica do clube. Nem André André o demoveu da sua convicção.

O desapego pelo lugar pode ter sido um erro – precipitado – porque o projecto Moreno que também era (e foi) de uma direcção ainda não estava esgotado.

Mas o treinador estava farto que lhe batessem nas costas e depois o criticassem – como é tão comum no Vitória.

Moreno partiu deixando aos seus adversários – no campo e na bancada – que fizessem melhor.

E deixa aos que se lhe seguem que não havendo impossíveis na vida e no futebol… há limites que ninguém consegue ultrapassar.

Num universo repleto de directores e ex-directores – cujo passatempo preferido é o bitaite sobre o treinador da bola e sobre quem entra e quem sai no plantel – e cuja história evidencia que a sua competência nunca foi reconhecida a nível nacional, senão onde estariam eles hoje… é outro facto que acentua o provincianismo no futebol, cerca que Fernando Roriz e Gil Mesquita saltaram mas não foram seguidos.

Noutro universo – o dos treinadores de bancada – poucos tiveram a noção do papel real que Moreno desempenhou num clube ameaçado por dívidas e actos de gestão ruinosos e que a história ainda não julgou e que o passado recente mostra que as más gestões acabam elogiadas e nunca punidas. E têm todas as bênçãos de Deus e dos seus discípulos na terra.

Moreno viu cair-lhe em cima um meteorito do tamanho do mundo (vitoriano) que sem memória castiga e pune quem faz bem e melhor.

Aquele triunfo de 4-3 que poderia ter sido 4-2 não tem apenas a culpa do treinador.

Ninguém gostou da eliminação precoce da Conference League depois de laivos de sucesso plenamente demonstrados na Eslovénia. Aquele triunfo de 4-3 que poderia ter sido 4-2 não tem apenas a culpa do treinador. E poucos perceberam que já era ali que mesmo ganhando o jogo o Vitória começava a perder a eliminatória.

Sejamos claros: o Vitória perdeu nos detalhes com um adversário que não deu por terminada a eliminatória e que tinha uma cartada para jogar no estádio D. Afonso Henriques. E a vontade dos jogadores do Celje ficou bem patente no relvado, o que não aconteceu com os do Vitória.

Num clube de crítica fácil e onde o treinador é mais um empregado para obedecer ao mando de adeptos, dirigentes e críticos a pedido, Moreno não foi muito de obedecer a cânones dos que não treinam durante a semana um grupo de trabalho jovem, imaturo e com poucas referências – André André ou Bruno Varela, podem ser as mais sonantes; e que desejam que ele – treinador – satisfaça os caprichos de um massa anónima, os tais treinadores de bancada.

Para estes, estar no banco é função que qualquer um pode exercer (sempre imitando os verdadeiros treinadores)… um berro, um gesto (para a fotografia e para o adepto) e uma ordem ao adjunto para mandar outro jogador aquecer.

É isto que se aprende nas universidades futebolísticas de bairro, de cidade ou de claque. Ninguém percebe que ser treinador é também saber dirigir recursos humanos, pessoas, jovens com sangue na guelra ou estrelas cadentes.

Sobretudo quando se exige a Moreno o que não se exigiu a Goethals, Herman Stssel e até Pedroto e muitos outros, tão precocemente eliminados da Taça de Portugal por clubes de segunda ou de terceira.

Para alguns, estas eliminações precoces, bem podem ser abençoadas com o “é o futebol, estúpido”, um slogan que Bill Clinton apadrinhou sobre a economia americana.

Sem conhecer a história do clube, os que sacrificaram Moreno – com a sua crítica fácil e pouco sustentada – não sabem que em 69 treinadores ele está entre os 12 melhores que passaram pelo clube. E que mais pontos conquistaram num campeonato apenas, em 79 épocas entre os maiores do futebol português.

Num clube continuadamente em descontínuo – não cimenta as bases do futuro imediato e mais longínquo, castigando com severidade o presente, continua obcecado por vitórias fáceis, como se ganhar no futebol fosse apenas carregar no botão que faz o elevador subir e descer.

Daí que o universo vitoriano viva em permanente tormenta entre o sonho do presente – que se desfaz depressa – e a estabilidade que devia ser assumida como um desígnio e por todos – dirigentes, adeptos, sócios e toda a comunidade vitoriana, em todas e cada uma das épocas.

Moreno só não partirá como vítima porque nunca envergou esse facto e sem condições – porque o Vitória está em crise real – que a direcção esconde e os sócios não querem ver. 

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