É mais um exemplo da resiliência de Domingos Bragança. O presidente da Câmara acabou por desfraldar sozinho a bandeira à sombra da qual alguns pensam agora abrigar-se para tirar dividendos políticos.
Porém, esta sempre foi uma causa à qual poucos se juntaram, mesmo os que tinham mais responsabilidades. E nem sequer suscitou a reacção da sociedade civil e do vimaranensismo – alguns propalam-no mas poucos o praticam – o que é certo e sabido, é que a única voz audível nesta luta que interessa a muitos – magistrados, advogados, população, partidos – foi a do presidente da Câmara condenado a levar a cruz ao calvário. Sem qualquer ajuda, incluindo das suas hostes.
O presidente da Câmara fez o seu caminho: ofereceu terrenos do Município para que o Estado cumprisse uma das suas funções, recebeu Ministros, Secretários de Estado e funcionários de diversos institutos públicos; viu o Governo aprovar resoluções do Conselho de Ministros mas a obra… ficou fora dos planos de investimento da administração central. E nem da agenda de transição entre governos constava.
Somando promessas, o Tribunal (novo) ficou adiado mesmo depois de o Município ter pago à Universidade do Minho estudos de viabilidade e de arquitectura e certamente pagará o projecto final.
Esta valência da Justiça importante para Guimarães teve aplausos de conveniência mas ninguém foi mais longe do que o politicamente correcto. Até estruturas partidárias aguardaram pelo desfecho da decisão do Governo para, afinal, se colocarem ao lado de algo que merecia reparos porque passaram-se 10 anos desde que a necessidade foi sentida e a Câmara disponibilizou o terreno, cinco anos depois da primeira visita da Ministra da Justiça.
Durante todo esse tempo, Bragança apenas foi resiliente, não desistiu, lutou, fez tudo – ou mais – do que lhe era exigido, nunca se calou enquanto outros silenciavam a sua posição.
O Campus de Justiça só não era a mesma coisa que as conhecidas obras de Santa Engrácia porque nenhuma primeira pedra foi lançada à terra…
Até que o PS deixou de ser Governo e o PSD tomou conta das rédeas do poder. Esta já era uma obra do bloco central pois se a vereação socialista a lançara os autarcas do PSD abraçaram-na como projecto essencial para Guimarães.
Nesta mesma rubrica, com poucos dias decorridos depois da posse do Governo e com a nomeação de um vimaranense para Secretário de Estado, escrevi em 11 de Abril de 2024 uma crónica com o título “Desafio… para Rui Armindo Freitas”.
A ideia era simples: os políticos de Guimarães, fora ou dentro do Governo, de qualquer partido, devem defender os interesses da comunidade para além dos seus próprios interesses.
Esta era uma oportunidade única e de oiro para o único vimaranense no Governo de Luís Montenegro fazer mais – e muito mais que outros – e para acabar com a tese socialista de que depois de Pedro Roseta tudo continuaria na mesma.
Escrevi, então: “Rui Armindo Freitas não só ficaria na história porque acabaria de vez com uma arma de arremesso político que o PS usa e abusa; daria uma ideia de que há pessoal político competente para decidir e resolver problemas; abriria muitas portas às perspectivas de o partido poder conquistar, de novo, Santa Clara”.
O agora Secretário de Estado adjunto do Ministro da Presidência e figura influente do núcleo duro de apoio a Luís Montenegro, antes e depois de ser Primeiro-Ministro, já me tinha dito que tinha aceite o “Desafio…” que o meu texto lhe colocava.
Agora, e como há mais “causas” de Guimarães para concretizar… seria bom que Rui Armindo Freitas continuasse a exercer a sua influência – imaculada – e o protocolo municipal iniciasse um diálogo, de intermediação, para aproveitar as sinergias… da representação política, sempre barrada por questiúnculas partidárias, menores e comezinhas.
Os vimaranenses devem falar entre si, não custa nada!
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