No passado dia 21 de junho, São Torcato comemorou o seu 29º aniversário da elevação à categoria de Vila. 29 anos de Vila, mas séculos de história, gravados em património edificado e cultural. São Torcato configura-se no panorama concelhia e até nacional, como um caso especial e extremamente raro. A Vila, de cariz iminentemente rural e periférica no concelho, conseguiu ao longo de séculos afirmar a sua importância na região e trazer até aos dias de hoje todo o seu património, material e imaterial.
Esta periferia era já testemunhada pelo corregedor de Guimarães, Francisco Xavier da Serra Crashbeeck, que enviou a 02/12/1723, memórias de entre Douro e Minho, à Academia Real de História e que se conservam na biblioteca Nacional de Lisboa, onde referia “O Couto de S. Torquato fica situado dentro dos limites do termo desta Vila de Guimarães, uma légua de distância, d’ella para nascente”.
Contudo a distância para o centro de Guimarães, a ruralidade e a escassez de população, não foram impeditivos de fazer esta terra especial e grandiosa. Nas mesmas memórias, são descritas as ações encetadas por D. Afonso Henriques, que levaram à atribuição da carta de couto ao prior do mosteiro de São Torcato, em 26 de abril de 1173.
Este ato, fundamental para a terra como hoje a conhecemos, permitiu ainda perceber a grandeza de São Torcato, pois para além de perfazer mais de 850 anos de história e ir praticamente à raiz da nacionalidade Portuguesa, deu a conhecer lugares anteriores a essa data, como Vilar, Poveiras ou Segade. Por estes caminhos, lugares e ladeiras, passaram séculos de história que se perpetuam até aos dias de hoje e que se revestem de significados extraordinários.
Se pararmos para refletir sobre o que atrás foi mencionado é excecional, congregar numa terra só, tanta riqueza, história e património. O nosso património edificado, com particular destaque para o mosteiro de São Torcato e que hoje, parte dele é património nacional, passando pelo mais contemporâneo como é o caso da Basílica, alicerçada no culto ao Santo do Povo. Não podemos no entanto deixar de mencionar, lugares com história pouco conhecida, como a casa de Agra ou a famosa Capela da Fonte do Santo.
Mas da nossa história ficaram ainda outras riquezas, como a referência mais antiga que se conhece à confraria dos azeites de São Torcato, hoje Irmandade de São Torcato, com cerca de 750 anos de existência e que se tem revelado crucial na preservação do culto a São Torcato e de todo o património em torno dessa fé. As riquezas e diversidades culturais, ligadas sobretudo às raízes do mundo rural, com especial enfoque nessas recriações, como as colheitas, o linhal ou os curtumes, devidamente entrelaçadas com o folclore e outras tradições populares, como os bombos, os cantares ao desafio ou as concertinas espontâneas e improvisadas.
Muito mais poderia ser dito, a força associativa, o bairrismo, as expressões populares, mas o mais importante é salientar uma terra e um povo que de pequenos se fizeram gigantes. Uma terra, que num vale perdido entre serras, se tornou a capital das tradições e cultura popular, com um património material único e com uma fé inabalável no nosso guia, São Torcato.
São Torcato, 850 anos de História!
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