Por estes dias, as sucessivas e impressionantes manifestações nas ruas, da classe docente, tem trazido à discussão pública, o problema de uma classe e simultaneamente a sua enorme importância na sociedade. Como já tive oportunidade de escrever em anteriores artigos de opinião, ser professor não é, literalmente, para qualquer um. Ser Professor é muito mais do que apenas ensinar e transmitir conhecimento em determinada matéria ou disciplina, é ser a referência de uma vida, o pilar da nossa formação enquanto estudantes e cidadão. Ser Professor é ser ainda, um testemunho de sabedoria, de cultura e de cidadania. A importância desta classe é pois por demais evidente, estando no entanto, num processo regressivo acelerado e com consequências imprevisíveis, que urge analisar e tratar.
As reivindicações dos Professores, para além de totalmente justas, entroncam num problema gravíssimo e que estamos já a assistir, a progressiva extinção do Professor. Esta classe, que gozou até há poucas décadas de um estatuto comunitário único, compatível com a sua real importância, tem vindo a ser menorizada, desprezada e até ridicularizada pelos sucessivos governos.
A inabilidade de perceber a importância do Professor no contexto societário, de destrinçar entre um técnico e um Professor, tem contribuído para diminuir a credibilidade desta nobre profissão.
Hoje em dia, esta classe já não se pode intitular verdadeiramente de classe docente. Nos dias que correm, são sobretudo administrativos, embrenhados em documentos, mapas e tabelas. O professor deixou de ter tempo para a função para qual foi contratado, para a qual tem competências, para a qual foi formado, ENSINAR. Esse pequeno “pormenor” que no meio de tanto barulho, faz toda a diferença. A perda da autoridade na sala de aula, os inúmeros projetos ocos de objetividade (alicerçados em fotografias e floreados) e a instabilidade pessoal, são outros dos elementos chave do desprestígio de uma profissão que deveria ser GRANDE.
Chegamos pois às famosas reivindicações, onde o Governo tenta colocar o “País” contra os Professores, tratando a questão como mera aritmética e não com o humanismo e elevação exigidas. Os sindicatos, devem no meu ponto de vista, reivindicar os aumentos salariais, a recuperação integral do tempo de serviço (mesmo que de forma progressiva e/ou através de outras formas como a antecipação para efeitos de reforma), o fim do garrote na progressão na carreira, o auxílio financeiro a quem anda literalmente com a casa às costas e devolver alguma estabilidade pessoal e profissional a quem quer trabalhar e lutar pela escola pública, mas sobretudo a argumentação deverá incidir na urgência de devolver dignidade à classe docente e acima de tudo poder voltar a ENSINAR. Esta será a chave da união entre toda a comunidade escolar, encarregados de educação, alunos, professores, auxiliares e demais atores que à escola dizem respeito.
Nenhum encarregado de educação quererá que o seu filho seja a segunda ou terceira prioridade na sala de aula, só depois do preenchimento de mais um documento, de uma tabela ou formulário. Com isto, esvazia-se um Governo das chamadas contas certas, onde de certas tem apenas as cativações e que manifestamente não pretende negociar e apenas e só impor, esquemas ideológicos, sem rumo (mudando de politicas educativas, conforme mudam os ministros da educação) que levará a educação à falência. Aqui chamo à razão, para as sucessivas provocações que os Professores têm sido alvo por parte do Governo, somando às sucessivas tentativas de pôr Portugueses contra Portugueses, a tão famosa e eficaz estratégia, dividir para reinar!
Se desta luta não sair uma restruturação integral, indo à raiz do problema da carreira docente, devolvendo dignidade, rendimentos, justiça, autoridade e fundamentalmente recentrar as funções docentes no que é prioritário e essencial, temo que esta classe seja substituída por uma geração de técnicos, com formação nas mais diversas áreas, mas sem o mais importante, a pedagogia de uma verdadeiro educador e esse tem um único nome, PROFESSOR.
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