Os primeiros 1000 dias de vida correspondem ao período entre a gravidez e o segundo ano de vida da criança. É nesta ocasião que fatores externos como a alimentação estão associados a efeitos de longo prazo na saúde da criança, incluindo o risco de desenvolver doenças tais como doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.
Segundo a literacia científica pensa-se que esta descoberta tenha iniciado o seu estudo na Segunda Guerra Mundial, mais concretamente durante a Dutch famine 1944-1945. Nesta altura foi estudado indivíduos jovens cujas mães viviam em áreas afetadas pela fome em comparação com mães que viviam em áreas não afetadas. O que conclui foi que os indivíduos das mães que passaram fome apresentaram taxas mais baixas de obesidade.
No Reino Unido, entre 1911 e 1930, um epidemiologista, David Barker, mudou o conceito de que as doenças crónicas derivam apenas de fatores genéticos e do estilo de vida na fase adulta. Estudaram-se várias condicionantes como, por exemplo: a associação entre peso ao nascer com a data de certificado de óbito. Sabem que o se verificou?
Os indivíduos que apresentaram baixo peso ao nascer tinham maior risco de mortalidade de doenças cardiovasculares e doenças pulmonares. Em pleno século XXI e com o conhecimento de vários anos de estudo, sabemos que os primeiros 1000 dias de vida passam por um fenómeno “programação metabólica” em que a presença ou a ausência de alguns nutrientes durante períodos do desenvolvimento pode determinar uma resposta metabólica com alterações permanentes (doenças).
Nutrientes como a proteína, ómega 3, ferro, zinco, iodo, ácido fólico e as vitaminas A, D, B6 E B12 são essenciais para o bom desenvolvimento ao nível do cérebro e da coluna da criança.
A evidência científica ainda demonstra que o excesso de açúcar descontrolado durante a gravidez e o ganho de peso gestacional excessiva, assim como a exposição a tabagismo, podem aumentar o risco de obesidade na infância. Mas atenção que a científica diz que não é apenas a mãe, mas sim a saúde geral dos pais antes da conceção. O período pós-natal também se assume uns dos mais importantes na prevenção de doença. Amamentação tem sido uma das aliadas na prevenção de doença.
A ciência ainda demonstra que o excesso de proteína na infância (até aos 2 anos) aumenta o risco de obesidade infantil. É importante referir que uma pré-conceção saudável assim como a gravidez e a infância são fundamentais para preparar o organismo para crescer saudável e sem risco de doenças crónicas. Os primeiros 1000 dias de vida consistem numa oportunidade única para os pais na prevenção de doenças dos seus filhos.
O caminho nem sempre será fácil, mas com paciência, apoio e carinho o resultado terá um valor inestimável: saúde.
Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº1828N
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