Com a melhoria gradual dos últimos meses relativamente aos dados divulgados pela Direção Geral de Saúde sobre o decréscimo visível de contaminação por Covid-19 da nossa população e consequente melhoria em contexto hospitalar começa a ganhar força a possibilidade de desconfinar.
Muito se têm debatido para saber quem priorizar neste processo tão melindroso, porém, existe um fator em particular que gostaria de mencionar e que muitas vezes não é valorizado como deveria e que está mais do que fundamentado a sua importância na qualidade de vida do ser humano que é a prática regular de exercício físico.
As notas informativas dos media mencionam que a presença de doentes com excesso de peso em contexto de unidade de cuidados intensivos em era Covid é uma realidade que dificulta a sua recuperação fase às terapêuticas utilizadas; durante este último ano de 2020, 4 em cada 10 portugueses aumentaram o seu peso em período de confinamento; a obesidade aumenta o risco por morte de Covid-19; a maioria dos doentes que se encontram por esse mundo fora em estado crítico apresentam obesidade mórbida. Temos profissionais da área do exercício e da saúde com formação e experiência mais do que suficientes para darem uma resposta a esta “nova pandemia”, e o aproveitamento desta situação é praticamente nula.
Não falo apenas daqueles que agora recuperam de um internamento hospitalar agressivo, mas de todos os outros que amanhã podem encaminhar-se para uma situação similar, em que, a aquisição de outras patologias crónicas (enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, depressão, entre outras) associadas irá ser uma triste realidade se não for evitada atempadamente.
É verdade que muitos de nós acabam por procurar na rua alternativas individuais para a prática de exercício físico (que é sempre válido independentemente do motivo), o grande problema é que para cada um de nós existem necessidades diferentes e isso implica uma monitorização, uma avaliação prévia, um acompanhamento regular que nos oriente na execução das tarefas e isso não é possível na sua generalidade sozinhos. Eu próprio recorro à corrida de estrada com o objetivo de respirar ar puro, e vejo atualmente com relativa frequência pessoas em “ritmo acelerado–sprint!” com a máscara colocada na boca e nariz durante a execução de uma atividade em esforço moderado a elevado… Será medo? Será uma recomendação televisiva? Será desconhecimento das consequências de tal ação ou será simplesmente uma opção?
Daí a importância crucial de atribuir um papel de protagonismo a todas as áreas estruturadas de exercício (ginásios, centros desportivos, associações recreativas, centros de alto rendimento, entre tantas outras), que se encontram encerradas há meses e que são fundamentais para a saúde de todos nós e que devem ser tidas em conta no momento da tão desejada “reabertura”. Estes espaços estão mais do que preparados para esta nova realidade e são sem dúvida parte da solução.
Existe inclusive um programa nacional para a promoção da atividade física divulgada pelo serviço nacional de saúde e pela direção geral de saúde que às vezes dá a sensação que está algures na gaveta.
A opção do comprimido tem que deixar de ser a opção número um.
Não sou eu que o afirmo, são elementos altamente qualificados que dedicam a sua vida à investigação laboratorial, à fisiologia do exercício, ao estudo do treino, e que descrevem em centenas de artigos científicos todos os benefícios da prática regular de exercício físico.
Respeitar as regras do jogo sempre, mas não permitir uma cegueira absurda na hora de melhorar a vida de todos nós sabendo que existem opções mais do que válidas para equacionar na hora derradeira.
© 2021 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.