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Guimarães
Quinta-feira, Dezembro 12, 2024
André Almeida
André Almeida
Presidente do grupo parlamentar municipal do CHEGA.

A sustentabilidade exige medidas também elas sustentáveis

Os óleos alimentares usados (OAU) são um problema ambiental significativo, frequentemente subestimado pela sociedade e pelos gestores públicos. Segundo o relatório da Associação ZERO, apenas cerca de 5% dos óleos alimentares consumidos em Portugal são devidamente recolhidos e reciclados. A maioria é descartada no lixo comum ou, pior ainda, despejada no esgoto, causando entupimentos, aumentando os custos de tratamento de águas residuais e contribuindo para a poluição de rios e oceanos.

A legislação portuguesa obriga os cidadãos e as entidades responsáveis a garantir a correta recolha e tratamento dos OAU. A Lei Geral de Resíduos atribui aos municípios a responsabilidade de criar sistemas adequados para a recolha e reciclagem desses resíduos. No entanto, a realidade está distante do que a lei exige. A infraestrutura de recolha é deficiente na maioria dos municípios e a sensibilização pública para os perigos do despejo inadequado é insuficiente.

Em Guimarães, foram adotadas medidas para a recolha de óleos alimentares usados. A cidade instalou ecopontos específicos para OAU e desenvolveu algumas campanhas de sensibilização. Embora estas ações sejam positivas, são claramente insuficientes. A distribuição dos ecopontos não cobre de forma eficaz todas as áreas do concelho e a falta de campanhas mais amplas e regulares deixa grande parte da população desinformada sobre a importância da reciclagem do óleo e como realizá-la corretamente.

A gestão dos OAU deve ser uma prioridade ambiental e é necessário um plano mais abrangente e ambicioso.

O problema vai além da infraestrutura, trata-se de estratégia e visão a longo prazo. Limitar-se à colocação de ecopontos é uma solução superficial para um problema estrutural. A gestão dos OAU deve ser uma prioridade ambiental e é necessário um plano mais abrangente e ambicioso. Isto inclui a criação de redes de recolha mais acessíveis, campanhas educativas constantes e incentivos concretos para estimular a participação dos cidadãos. Além disso, é essencial integrar a recolha de OAU em sistemas de economia circular, como a sua transformação em biodiesel ou outros produtos úteis, promovendo uma redução real dos resíduos.

A verdade é que não basta disponibilizar ecopontos, é necessário assegurar que os cidadãos os utilizem. Para tal, é imprescindível educar, comunicar e, acima de tudo, facilitar o processo de reciclagem, tornando-o acessível e parte da rotina diária. Guimarães, com grande potencial para liderar pelo exemplo, deu um passo na direção certa, mas as medidas adotadas são ainda insuficientes para enfrentar a magnitude do problema.

Resumindo, as atuais políticas e práticas de recolha e reciclagem de OAU em Portugal precisam de uma revisão urgente. O governo central deve adotar uma abordagem mais ambiciosa e coerente. Os OAU não são um resíduo menor, mas sim um desafio ambiental urgente que exige ações concretas, amplas e sustentáveis. Apostar na sustentabilidade real e não em fantasias é uma obrigação do município.

© 2024 Guimarães, agora!


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