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Quinta-feira, Novembro 7, 2024

AM: se não há Campus de Justiça, a culpa é do PS…

Economia

A acusação vem dos deputados PSD e CDS/PP num fogo cruzado contra o PS tendo como arma o Campus de Justiça e a fuga dos Juízos Criminais para Famalicão. O alvo também foi a concelhia de Guimarães dos socialistas bombardeada pela sua inoperância e pelo seu tamanho sem igual correspondência na sua influência a nível partidário.

Na sessão da Assembleia Municipal, de ontem, todos usaram palavras diferentes para falarem de interesses comuns: os investimentos do Estado, dependentes da vontade e decisão do Governo (PS), em Guimarães.

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A hidra política em que se transformou o Partido Socialista, também entra no rol da falta de influência que podia ter feito mover montanhas junto dos Governos de António Costa e ser parceira do presidente da Câmara que andou sozinho com a bandeira das realizações não consumadas.

Uma novela que se arrastou na transição do governo PS para a AD e em cuja “Pasta” foram omitidas as obras que interessavam a Guimarães.

Tiago Laranjeiro (PSD) ironizou que “certamente que está lá a via do AvePark, a ligação ao eixo ferroviário de alta velocidade, a reintrodução do Alfa Pendular, a nova política de financiamento para Cultura, o Campus de Justiça, o Centro Escolar de Azurém, a habitação social e a custos controlados”, porque “na hora da despedida, os camaradas olharam para Guimarães, a segunda maior concelhia do PS do país, uma das suas autarquias mais importantes, e dedicaram ao nosso concelho a atenção que merece”. A esta lista acrescentou “e, claro, o BRT para Guimarães. Braga já o está a construir”.  

Tiago Laranjeiro (PSD). © GA!

E interrogou, a seguir: “Então, o que está lá nesse documento? O que aparece para Guimarães, destas prioridades identificadas como tal pelo próprio presidente da Câmara?”. Também, deu a resposta… “Nada. Nada. Nada…”, com excepção da referência ao posto territorial da GNR de Lordelo, uma empreitada em execução.

Num debate que apanhou os deputados socialistas desprevenidos e sem qualquer reacção preparada – um sinal de que os partidos da AD vão iniciar um ciclo de maior iniciativa política – o confronto foi um corridinho de intervenções cáusticas, e a agenda dos assuntos que ao Governo PS – durante oito anos – competia concretizar, é hoje, um verdadeiro saco de gatos, onde os partidos da AD vimaranense batem sem dó nem piedade. 

Tudo começou no período de antes da ordem do dia, entre loas ao 25 de Abril (à esquerda), os partidos da AD metralharam o PS em vários assuntos que o Governo pode ter decidido mas não concretizou. Nem os incluiu na herança que deixou para o governo actual – a já conhecida Pasta de Transição – onde só há uma referência a uma obra em curso – a construção do quartel da GNR de Lordelo.

Paula Damião falou, sem ler, do Campus de Justiça e das implicações da transferência para Famalicão do Juízo Central Criminal – instalado nas Varas Mistas e sem condições de operacionalidade reconhecidas por todos.

“Não sei se alguma vez saiu do papel a construção de um novo Tribunal da Justiça” – referiu, colocando dúvidas num folhetim que já vem desde 2016 e que ameaça estender-se no tempo. Paula Damião falou ainda “da tentação de transferir” serviços instalados em Guimarães, tentando dizer que o que vai para Sul é raro regresse ao Norte.

E continuou, agora, virada para Domingos Bragança“o senhor presidente manda ofícios mas não é (foi) ouvido pelo governo do seu partido”. E explicou porquê: “a concelhia do PS não tem peso nenhum”.

Informou que “o nosso deputado (Ricardo Araújo) vai pedir a história completa de todos os passos dados, nestes nove anos sobre este assunto do Campus de Justiça”.

Nuno Vieira e Brito (CDS-PP) também falou do “cansaço” dos portugueses para mudarem de políticas, incluindo os assuntos de Guimarães que estão “à tona” da vida política: o Campus de Justiça, as acessibilidades, a via do AvePark. Resumiu que “Guimarães não beneficiou da relação privilegiada que tinha com o governo socialista”.

Nuno Vieira e Brito (CDS-PP). © GA!

Relembrou 2015 e o que se seguiu “oito anos depois, após anúncios com várias Ministras e Secretários de Estado, e com data previsível de conclusão em 2022, com assinaturas públicas de protocolos e muitas fotografias, com cedência de terreno, a mais provável solução será contactar a nova Ministra da Justiça”.

As recordações deste processo do Campus de Justiça foram enumeradas pelo deputado do CDS/PP, nos anos de 2017 em que se afirmou “o novo Campus de Justiça pode vir a ser uma realidade dentro de pouco tempo”; em 2019, “quando a Ministra Francisca Van Dunem referia que o “Campus de Justiça”, se iria construir durante os próximos três anos, com um valor estimado de 10,6 milhões de euros; e agora, em 2024, nada construído, com instalações desadequadas e onerosas, a possibilidade de redução da relevância de Guimarães com a deslocalização para Famalicão” é uma consequência da inoperância dos governos do PS.

Nuno Vieira e Brito terminou sustentando: “Fica apenas a dúvida de saber se com redobrada força (foram 8 anos e não um – o de 2015) o presidente da Câmara e executivo manifestarão a sua desilusão com o esquecimento de Guimarães pelo Governo anterior”.

Da bancada parlamentar do PS, houve uma mera reacção telegráfica, de Gabriela Nunes, consubstanciada numa interrogação: o que é que o PSD vai fazer por Guimarães?

Igualmente, Hugo Teixeira no seu improviso em que começou a falar do 25 de Abril, uma afirmação circunstancial: “batemo-nos sempre junto do Governo…”. E colocou esperança que o “patriotismo de cidade, do PSD vimaranense tenha respaldo no Governo, mesmo no caso da Cultura”. O deputado socialista disse que “cabe agora uma vez mais ao PSD e a Rui Armindo Freitas que exerça a força para fazer as obras que interessam a Guimarães”, um passar de responsabilidades quase igual a um passa culpas. Ainda afirmou que “o desenvolvimento de Guimarães tem de ser um desígnio de todas as forças políticas”.

Tiago Laranjeiro (PSD) retorquiu e lembrou a Hugo Teixeira: “vocês não não vacilam mas nada conseguem”.

Domingos Bragança fez apelo ao “patriotismo da cidade” para que o governo da AD concretize aquilo que o governo PS não fez. Depois de andar sozinho com a bandeira do desenvolvimento, o presidente da Câmara defendeu que o actual governo tem de “olhar para o bem comum” e “o que é bom para Guimarães é bom para o país”.

Voltou a historiar o processo do Campus de Justiça como, ainda há uma semana, fez na reunião de Câmara. Lembrou os contratos assinados em sede do Ministério da Justiça, “esperando que não haja nenhum revés”.

Curiosamente, nenhuma outra força política entrou na discussão deste assunto dos investimentos do Governo em Guimarães que virou um caso entre PS e a AD. A sessão de ontem – continua hoje – da Assembleia Municipal mostrou uma AD à moda de Guimarães a tentar decapitar um PS transformado numa hidra política, restando esperar pelos debates de hoje.

© 2024 Guimarães, agora!


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