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Domingo, Novembro 24, 2024

Investimento de 60 milhões em imobiliário

Endutex e Vítor Abreu lideram investimento privado

O grupo Endutex, por um lado, e Vítor Abreu, por outro, estão a investir, cerca de 60 milhões de euros, em empreendimentos imobiliários que marcarão a cidade de Guimarães do século XXI.

Na compra e transformação de edifícios na cidade, o grupo Endutex e o empresário Vítor Abreu – administrador daquele grupo – dividem entre si um investimento a rondar os 60 milhões de euros.

É o maior e mais recente esforço de investimento do sector privado realizado em Guimarães que perdurará até 2022 quando se der por concluída a Urbanização do Cavalinho.

O grupo têxtil de Santo Tirso – com fortes ligações e afinidades a Guimarães – já investiu 2,75 milhões na compra do Monte do Cavalinho e prepara-se para gastar mais 3,25 milhões nas infra-estruturas. A obra total pode chegar aos 40 milhões.

André Ferreira, director executivo para a área de hotelaria e imobiliário, afirma que o grupo Endutex chegou tarde a Guimarães por já ter uma carteira de investimentos noutras cidades – o mais recente foi num hotel em Évora . Mas ainda a tempo de intervir na transformação da cidade numa altura em que há um dinamismo local sem precedentes.

Com intervenções no imobiliário absolutamente “oportunísticas”, a entrada no mercado imobiliário do grupo “deu-se por feliz coincidência e por se efectuar em projectos emblemáticos”.

Sobre a Urbanização do Cavalinho – que mudará de nome antes da conclusão do novo projecto – André Ferreira declara que o grupo Endutex o encarou como “um projecto interessante, por ter características únicas”. E lançará na sua implementação desafios interessantes quer do ponto de vista arquitectónico quer de urbanismo ambiental. O director executivo do grupo promotor não tem dúvidas de que “criará uma zona nova na cidade” a cinco minutos da praça do Toural. O que significará morar no centro mas fora dele e da azáfama natural de um polo central.

A nova urbanização tem tudo para “marcar a cidade” pela sua implantação, constituindo-se numa nova malha urbana, pelo impacto no ambiente e na mobilidade, no imobiliário e na vida da cidade, estando o grupo Endutex empenhado em fazer algo de exemplar, aproveitando não apenas as condições naturais do terreno mas as transformações que o projecto a cargo do gabinete Pitágoras complementará o estudo elaborado por Marta de La Bastida, da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (UM).

O director executivo do grupo promotor, afirma que será usado na concepção da nova urbanização “o modelo elaborado pela UM como base de trabalho por fazer sentido enquanto documento estratégico”, de modo a que “quando começar a ser implementado no terreno não surjam alterações de monta”.

Graças ao diálogo que foi possível estabelecer com o Município que cedo definiu o que pretende para aquela área quer como espaço público, quer como densidade, quer em termos de funcionalidade, quer, finalmente, como parque natural e verde, a nova urbanização conta já com a anuência e apoio dos partidos políticos com assento na Câmara e Assembleia Municipal, numa espécie de acordo de regime, que pode também tornar-se em mais um exemplo de como se deve processar o diálogo e cooperação entre a autarquia e os investidores.

A calendarização das fases em que se desenvolverá o empreendimento já está definida e no imediato foi feita a limpeza dos terrenos, erradicando as espécies vegetais sem qualquer valor paisagístico e ambiental. Também já foi feito um novo levantamento topográfico – por oposição ao anterior que era menos rigoroso que define melhor o tipo de terreno onde se desenvolve o loteamento e onde assentam todas as operações a concretizar. Nos próximos dias, já se começam a conhecer algumas ideias do projecto. Entre elas a valorização do espaço de bosque e a sua utilização pela população, uma vez que despida da anterior densidade, haverá mais espaço comum para usufruto de residentes e não residentes.

A agora Urbanização do Monte de Cavalinho prosseguirá em duas fases: a primeira foi a da compra do terreno e a definição básica da sua ocupação, a elaboração do projecto definitivo; a segunda será a da realização da obra.

André Ferreira, reconhecendo, entretanto, a dinâmica do grupo Endutex – sempre dependente do mercado – acredita que nos próximos 30 meses, o projecto ficará concluído. E a opção por novos investimentos em Guimarães fica, por agora, arrumada apesar de o grupo agir e reagir em função das flutuações do mercado como é seu timbre e prática.

Urbanização do Cavalinho quer ser uma nova centralidade – Hotel, habitação, escritórios e parque verde

Revela que Marta de La Bastida, autora do estudo, “foi liberal em termos de uso do terreno”. De certo modo, o hotel condicionaria a fixação naquela urbanização de uma “zona dormitório” que não sendo objectivo poderia limitar a ambição do projecto que está a ser elaborado. Com esta escala, a nova urbanização cumprirá mais o papel de “nova centralidade” só por si. O director executivo da Endutex mostra-se convicto de que Guimarães não tem condições para ser – nem deve ser – uma zona dormitório. “Quem quer fazer dormitório não faz crescimento” – defende, convicto de que a sua ideia não impede a fixação do pequeno comércio, de equipamentos como ginásios ou clínicas, num mix de usos que complementarão a habitação que, no caso da Urbanização do Monte de Cavalinho, ocupará uma área de 60% do loteamento, onde se incluem os alojamentos para estudantes.

Fará todo o sentido construir um hotel, da cadeia do grupo Endutex, naquela urbanização. André Ferreira acredita que tal objectivo não ofenderá a utilização do solo que consta do estudo elaborado pela Universidade do Minho.

O que o projecto persegue é primordialmente usos diferentes de habitação, uma área de sustentabilidade assente na qualidade de vida. E a de servir de contributo a uma nova malha urbana.

E até a área de serviços que o projecto contemplará tem como filosofia a de aproximar as pessoas do seu local de trabalho, sem as obrigar a grandes deslocações em viatura própria ou nos transportes públicos.

“Sentimos fortemente que Guimarães já é procurado para que se possam instalar aqui serviços” – sustenta André Ferreira – acentuando o facto de “Guimarães já ser procurada por ser uma cidade especial em muitos aspectos”, o que possibilita que se possa “morar” junto ou perto do local de trabalho. André Ferreira dá o exemplo de Oeiras onde se concentram-se muitos serviços e quem lá trabalha prefere gozar da qualidade de vida de Oeiras fixando-se ali, em detrimento da de Lisboa. Mas para André Ferreira não são apenas os locais ou nacionais que desejam “morar” em Guimarães, Há já alguns cidadãos estrangeiros a dizer “adoro” a cidade berço e que “querem vir para cá”, sendo que alguns desses novos residentes podem trazer serviços, como os do call-center que está instalado na Avenida Conde de Margaride.

Interessados na ex-garagem Joalpi

Mas o curioso é que os investidores estrangeiros chegam via Endutex que para além de vender produtos têxteis também incentiva negócios dos seus clientes noutros ramos em Portugal, que tornam aquela empresa numa espécie de agência para a captação de investimento. Um lobi perfeito e original.

A ex-garagem Joalpi, representou um investimento de 800 mil euros, e a sua ocupação tende a normalizar-se após uma indefinição da procura. Há empresas de fora que se podem instalar ali; há potenciais investidores canadianos e americanos a quem uma aposta de investimento naquele espaço pode interessar, seguindo um outro já feito no Porto, em residências universitárias.

Edifício dos CTT pode ter multiusos

De parte, está a aquisição do edifício da Altice para agregar na mesma propriedade edifício dos CTT. A complexidade técnica de uma mudança da estação dos TLP para outra local, tem custos incomportáveis para a operadora telefónica com questões técnicas para as quais não seria fácil encontrar solução.

Sobre a fachada do edifício e sem querer fazer réplicas da antiga, André Ferreira admite que o uso que se fizer do interior do edifício pode ditar alterações na fachada, por tecnicamente serem possíveis. O interior também pode permitir várias soluções de uso, uma vez que as soluções estruturais boas para a época ainda permitem as modificações que venham ser necessárias.

Se o edifício na sua totalidade interessa a grupos hoteleiros, também há a possibilidade de uma segunda opção para instalar comércio no rés-do-chão, instalar serviços nos edifícios superiores. deixando o último piso para uso turístico que o próprio grupo Endutex poderia explorar.

O antigo edifício dos CTT na Rua de Santo António, desocupado no momento, também pode conhecer uma nova história. Na carteira de intenções de negócio há várias opções, de modo a que se possa rentabilizar o investimento de cerca de 3 milhões de euros feito naquele espaço.

© 2019 Guimarães, agora!

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