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Sexta-feira, Novembro 22, 2024
Paulo César Gonçalves
Paulo César Gonçalves
Nasceu em Guimarães, voltado para o Castelo da Fundação, e, até ver, está vivo.

Os 50 anos da UMinho

A Universidade do Minho entrou na recta final para os 50 anos. Não vou escrever sobre o que foi, sobre como começou ou sobre outros aspectos, tudo assuntos importantes e com pessoas mais do que capacitadas para discorrerem sobre essas premissas.

  • Vou escrever enquanto estudante, enquanto ex-aluno (recente) e enquanto cidadão (que se julga) atento: há uma Universidade que não é solidária nem ciente dos problemas dos alunos, que não tem estado disposta a evoluir no sentido das relações humanas e cooperantes, preferindo uma prosápia que desembocará em guerrinhas de ego;
  • há uma universidade que cadastra, em castas, alunos, que não os auxilia nem promove;
  • há uma universidade que não se importa: uma universidade que não quer saber em que condições muitos dos seus alunos tentam fazer os cursos;
  • há uma universidade que não apoia o espírito crítico (mas antes o acatamento acrítico);
  • há uma universidade que é mais uma fábrica de diplomas;
  • há uma universidade que restringe o acesso a todas as informações pertinentes do portal académico a quem não tem os pagamentos em dia;
  • há uma universidade que faz distinção entre escolas, ao nível do financiamento;
  • há uma universidade que ignora os casos pouco claros a si conectados (assédio sexual, caso respondus, ajustes directos a empresas de professores, condenação de membros da equipa reitoral*), mas entra em modo “full party” com situações tão vãs como rankings de índole duvidosa;
  • há uma universidade que usa e abusa da palavra “mérito”, quando a noção do mesmo é truncada e falaciosa;
  • há uma universidade que está aprisionada ao feudalismo de reputação;
  • há uma universidade que é um ariete neoliberal;

Em suma, tudo isto desemboca nas maravilhas do regime fundacional, com os seus conselhos de curadores a fazerem das universidades, com a do Minho como bom exemplo, plataformas rotativas de interesses privados e de precariedade instituída e legitimada.

Os estudantes são apenas um meio para atingir um fim (o sustento próprio).

É esta a Universidade do Minho a caminho dos seus 50 anos.

*

© 2023 Guimarães, agora!


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