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Domingo, Novembro 24, 2024
Paula Mendes
Paula Mendes
Nascida e criada na cidade Berço, foi em Aveiro que comecei o meu caminho pelo mundo do Marketing, mas também onde comecei a perceber os desafios que nós, mulheres, enfrentamos ao longo de toda a vida. Considero-me uma feminista convicta, pois acredito num mundo justo onde, apesar de diferentes, temos todos direitos iguais. Não vais concordar com tudo o que escrevo nem com tudo o que penso, também não é esse o objetivo. Quero que absorvas o que lês e penses, que discordes, que apresentes argumentos e que tenhas vontade de procurar mais informação e de ler mais.

Onde anda o movimento body positivity…

Ao longo dos últimos anos temos assistido a um movimento muito importante relacionado com a aceitação de que não existem corpos perfeitos, existem corpos normais. As marcas, tanto de roupa como de higiene, começaram a utilizar modelos plus size, com curvas e celulite nos seus vídeos e campanhas publicitárias e assistimos a uma corrente de body positivity.

Os consumidores passaram a estar mais atentos e a exigir maior representatividade. Entre as celebridades e figuras públicas também passou a ser normal mostrar corpos menos tonificados e que ter imperfeições é simplesmente ser humano.

No entanto, ainda existe um longo longo caminho a percorrer no que ao julgamento dos corpos diz respeito. A ideia de escrever este artigo surgiu-me após ver um anúncio de uma marca de gelados, bem presente nas nossas vidas, em que aparece um grupo de jovens na praia. Uma das raparigas está a comer o novo gelado da marca que é baixo em calorias, enquanto que outra está a fazer flexões para gastar as calorias ganhas com o seu gelado.

Estamos fartos de saber que esses corpos idílicos são 1% da população.

Este anúncio deixou-me a pensar até que ponto é que este tipo de cena não é prejudicial para a auto-estima e promotora de distúrbios alimentares nas pessoas em geral. Para além da rapariga do vídeo ser bastante magra, esta estava preocupada em gastar imediatamente as calorias que ganhou, transmitindo esta ideia tão errada de que um corpo bonito tem que ser magro e tonificado, quando estamos fartos de saber que esses corpos idílicos são 1% da população e mesmo as Bella’s e Gigi’s Hadid’s desta vida têm gordura e celulite como uma mulher dita normal.

Ainda no mesmo dia, li uma notícia no Público que retratava as incoerências de uma campanha de Verão divulgada e promovida pelo Ministério da Igualdade de Espanha e cujo objetivo era mostrar que o Verão é de todos os corpos.

O que seria uma excelente ação, não tivesse a responsável pelo cartaz utilizado imagens de influencers e modelos sem o seu consentimento e editado a prótese que uma delas possui na perna, eliminando a mesma.

Em 2022 seria de esperar que as marcas estivessem mais sensibilizadas para este tema e que não cometessem este tipo de gafes. É normal cometer erros, todos o fazemos, normalmente mais do que uma vez ao dia.

Mas já não devia ser aceitável promovermos padrões de beleza irrealistas, principalmente porque estas ações são altamente prejudiciais para a saúde de todos e em particular para a das raparigas mais jovens, que quer queiramos ou não são aquelas a quem este tipo de ações mais afeta.

Um dos grandes malefícios das redes sociais, com o qual temos que aprender a viver é a exposição mais fácil e rápida dos nossos corpos. A utilização de filtros do Instagram, por exemplo, provoca uma grande ansiedade em miúdas que acham que têm que caber nos padrões de beleza que são aceites pela sociedade e não conseguem porque os seus corpos não têm o tamanho dito bonito, os seus lábios não são carnudos ou a sua pele não é lisa.

Está na altura de começarmos a fazer mais pressão para que as marcas percebam que nós consumidores queremos mais representatividade corporal, racial e sexual.

E nós temos que começar a perceber que um corpo perfeito é um corpo saudável e que por mais dietas malucas que façamos ou que frequentemos o ginásio 7 dias por semana nunca vamos caber no padrão de beleza, porque este foi criado exatamente para ser inatingível!

Fontes:

© 2022 Guimarães, agora!


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