O mandatário de Ricardo Costa discursou nas Taipas, no encerramento dos fóruns de proximidade, com um discurso que é um misto de incendiário, efervescente e de lucidez política.
Como livre pensador, sem pôr em causa a unidade partidária, sem temor – e sem temer – Raúl Rocha abriu a página mais democrática desta campanha, esgrimindo politicamente a favor de Ricardo Costa e considerando Sofia Ferreira como uma resistente.
Divergindo dos que só querem passar por entre os pingos da chuva e evidenciando claramente que a política também se faz com frontalidade, com ideias e com clareza, Raúl Rocha foi contundente, criticando o lado B do PS – dos que conquistam os lugares por designação monarcal.
Raúl Rocha desafiou ainda Sofia Ferreira a apresentar ideias e propostas, em vez de “elevar como única mais valia da sua candidatura os apoios que ela diz que tem, mas eles não disseram, de A, B, C, D…”. Um desafio indirecto a Domingos Bragança, Luís Soares e José João Torrinha para entrarem na liça política local.
O mandatário de Ricardo Costa discursou em liberdade, no tempo e no espaço, focando claramente o objectivo desta disputa interna: “o nosso único cálculo é alcançar em 8 de Outubro, a vitória para a concelhia do PS e, em 2025, a vitória para a presidência da Câmara”.
Mostrou-se feliz por nesta recta final da sua vida ter sido incluído neste projecto. Recordou que “vim para a política, num tempo em que intervir não dava benesses, empregos, carreiras” mas “sim prisões, mobilizações para o serviço militar”. E acentua: “gostei, empenhei-me e sonhei com um mundo novo”.
Também conheceu o outro lado da política partidária… “das carreiras, das rivalidades, ciúmes, sombras, pelo parceiro do lado”. Enfatizou que “a política da despromoção dos melhores e da promoção dos medíocres, a pretexto da lealdade”, que sendo “um valor nobre” afinal, era “quase sempre usado apenas para garantir a perpetuação do poder”.
“O Ricardo conciliou-me com o lado nobre da política”.
Hoje, “o Ricardo conciliou-me com o lado nobre da política, com o lado da política ao serviço do verdadeiro desenvolvimento do interesse público”.
Não se coibindo de elogiar quem apoia, Raúl Rocha mostra que o faz porque “queremos fazer política para melhorar a vida das pessoas”. E por Ricardo Costa ter “a capacidade de agregar, de juntar o melhor do PS, não porque somos superiores mas sim melhores… porque renovamos, chamamos novos protagonistas, valorizamos os valores da cidadania, da liberdade ao serviço do interesse público”.
Já sem adjectivos, Raúl Rocha disse que “o Ricardo é um vimaranense comum, com uma alta capacidade de liderança, indica um caminho, tem espírito de serviço aos outros, luta por um mundo solidário, ouve, incorpora e decide”, algo que “é muito raro na política de hoje”.
Quase a meio do seu discurso, com substância política bastante e desafiador dos que usam o cálculo na sua acção política, Raúl Rocha falou de Sofia Ferreira, uma camarada amiga que respeita e cujas qualidades de trabalho elogiou. E “com quem vamos ter de partilhar, seja qual for o resultado, de 8 de Outubro”.
“A candidatura – justifica – da minha amiga Sofia Ferreira não aparece para dinamizar o partido ou para construir um projecto municipal de futuro”. Explica depois que a sua camarada amiga aparece com o propósito de “apenas querer resistir a uma onda inevitável, que o Ricardo seja o futuro presidente da Câmara, a partir de 2025”.
Diz que Sofia Ferreira e a sua entourage apenas decidiram “não entregar o poder de mão beijada”. Tão só, “resolveram resistir”.
A seguir justifica, o porquê da resistência de Sofia Ferreira e seus pares. “Eles conhecem o Ricardo, não resistem porque receiem que Guimarães pudesse ter qualquer retrocesso ou caminho programático diferente de que discordassem”.
“Eles sabem que o Ricardo é o socialista mais bem preparado para a sucessão de Domingos Bragança”.
E reforça: “eles sabem que o Ricardo é o socialista mais bem preparado para a sucessão de Domingos Bragança”. E que Guimarães “terá mais doze anos de progresso como teve nas presidências do PS”.
Mais contundente ainda, Raúl, explica que “eles resistem porque se olham ao espelho, porque sabem o que fariam se ganhassem, como aliás tentaram fazer a seguir à escolha da actual vereação, ou até mesmo a seguir às eleições para a distrital, ficar com o partido só para eles. Não conseguiram”.
Raúl Rocha clama por paz e descansa os opositores: “não precisam de ter medo, a nossa cultura democrática, a nossa cultura de partido plural é muito superior a essa mercearia de lugares”, coisa que “só apareceu recentemente em Guimarães quando o actual presidente da concelhia começou a ler nos livros que outros lhe trouxeram”.
Sustenta que “o PS é um grande partido em Guimarães, não merece que os nossos votos sejam vendidos em mercearia”. E “nós nunca deixaremos o interesse público ser ultrapassado pela cunha, pelo favor, pela mercearia dos votos nas eleições internas”.
Na maior reflexão sobre o PS, feita em jeito de discurso, em Guimarães, nos últimos tempos, Raúl Rocha, com todos os defeitos e virtudes, continua a ser um pensador no partido, cuja história conhece quase como ninguém.
Por isso, diz o que poucos têm coragem de dizer com firmeza e com convicção. Acredita que “nós merecemos escolher em função da qualidade dos líderes e dos projectos”.
Neste contexto, entende que Sofia Ferreira devia aceitar um debate olhos nos olhos com o Ricardo para debater ideias, projectos, políticas, para Guimarães e para o País. “É assim em todos os partidos democráticos” e defende que “o PS/Guimarães não pode ficar de fora da grande família democrática a que pertence”.
Para além deste desafio à “minha amiga Sofia Ferreira”, Raúl apela ao debate para esclarecer as suas ideias e como irá trabalhar para resolver os problemas dos vimaranenses.
E em jeito de remoque recorre à história dos partidos democráticos para afirmar que nunca “alguém foi eleito líder porque o seu antecessor o designou”. E “muito menos no PS local” – atirou.
Lembrou que António Magalhães, candidatou-se, em 1985, respondendo a um apelo colectivo de todo o partido, o que fez com que Manuel Ferreira apenas tivesse cumprido um mandato. Outro exemplo, é o de que Domingos Bragança foi eleito presidente da concelhia 15 anos antes de ser candidato à Câmara e que foi criando condições para ser um dos sucessores, sem ser designado, para se tornar o candidato natural em 2013.
“Na vida política é preciso conquistar os lugares por mérito, por empenho, por trabalho, por apoio dos seus pares. Nunca por designação monarcal” – concluiu.
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