Os corpos sociais do Vitória regressaram às origens da candidatura de António Miguel Cardoso para acertarem as agulhas, numa reflexão decorrente da perda de dois dirigentes que, por vontade própria, se demitiram dos seus cargos.
Se voltarmos ao passado da apresentação da candidatura que se tornou vitoriosa, nessa sessão ficou claro que a coesão da lista em torno do objectivo comum, de ganhar as eleições e servir o Vitória, era incontestável.
Mas aí foram deixados sinais de alguma independência entre órgãos, o que levava a um relacionamento que não afectando a coesão do grupo, teria de respeitar o distanciamento saudável entre pessoas com sensibilidades diferentes, eleitos para cargos diversos.
Depois da eleição, todos se terão esquecido da liberdade e independência dos directores eleitos, manifestaram enquanto candidatos – bem superior a anteriores executivos vitorianos, para salvaguardar a defesa do interesse do Vitória e afastar o yes man que corrói o Vitória quase de forma permanente.
Este acerto poderá ter acontecido na reunião de Quinta-feira (11 Agosto), o que tendo mantido a coesão entre os dirigentes, de todos os órgãos, acentuou a necessidade de maior diálogo sobre o caminho a seguir pelo clube, sempre ditado pela direcção e pela administração da Vitória SAD mas com a apoio dos restantes membros eleitos e designados.
Para além das preocupações com a gestão do clube, António Miguel Cardoso também tem de dar atenção ao relacionamento com os seus pares, evitando acentuar um quero, posso e mando que não deu frutos nem no passado recente, nem no passado remoto.
O laconismo do comunicado da direcção do Vitória não esclarece os motivos da demissão de dois directores que ao deixarem as suas funções, remuneradas, revelaram um desprendimento que não deixa de ser uma nota positiva, e que não se vê até na política.
A demissão de Diogo Leite Ribeiro e Ricardo Almeida não é coisa menor – também pela sua qualidade – e é um sinal – bom sinal – que a candidatura de António Miguel Cardoso deu de poder viver e sobreviver na diversidade de opiniões, encontrando soluções de grupo para os problemas graves que o Vitória enfrenta.
O pior que poderia acontecer ao Vitória neste momento, com a falta de coesão directiva e a ausência de vozes diversas de quem tem o poder da decisão, era encarnar o mito de Sísifo (1) – um homem condenado a carregar uma pedra enorme até ao cimo de uma montanha e que aí chegado deixa que a pedra se solte das mãos e role pela encosta abaixo. E novamente todo o processo se inicia, repetindo-se por toda a eternidade.
O Vitória tem de mudar por dentro, também, nas ideias e nos conceitos. Não se pode propalar a democracia e não se aplicar os princípios que regem as democracias, como a transparência.
E António Miguel Cardoso não pode passar a ideia de que é um homem só – um igual aos piores do passado recente – e que soube constituir uma equipa directiva para ganhar e com a qual quer tirar o Vitória da situação em que se encontra.
(1) – Albert Camus, Livros do Brasil, Porto Editora, 2016
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