Lendo coisas muitos interessantes sobre o que se passa em Espanha ou se faz em Espanha, interessei-me em perceber o quanto o nosso vizinho faz pelas suas marcas e pelo comércio internacional, depois de estar no terreno, em algumas delas. A primeira é a de que a Espanha pensa ao largo e já se começam a projectar os desafios para os próximo 20 anos. Porquê? Porque os espanhóis se interessam muito pelas suas marcas e pela sua importância num contexto económico, globalizado, competitivo, de concorrência feroz e reconhecem que através delas diferenciam os seus produtos, expandem as suas empresas no mundo, ganham quotas de mercado, aumentam a oferta espanhola. Noutro plano, gerar confiança é muito importante nos negócios, por isso as marcas asseguram não apenas talento como partilham a cultura da empresa, o que gera confiança, logo permite fidelização de clientes. Internamente, as marcas fidelizam os seus trabalhadores – os primeiro embaixadores da marca – conservam o talento e por aí nascem os produtos – bons – com valor acrescentado, um bom serviço. E a Espanha – através das suas empresas – já não compete pelo preço, mas pelo diferenciação e pelo valor acrescentado dos seus produtos; investe no intangível (tecnologia, marca, inovação, desenho), apostando não apenas em vender mas vender melhor com maior valor acrescentado. E assim se internacionaliza, outro grande desafio, como estratégia e não como resposta à conjuntura. Muitas empresas perceberam que a sua sustentabilidade, o seu futuro, o seu crescimento, a sua competitividade, depende da sua internacionalização, pensado global e actuando localmente. É sabendo quais são os desafios futuros, que as marcas se organizam num Forúm, há já 20 anos, e com o apoio do governo, criam estruturas que ajudam as empresas a ir mais além, chamando as empresas para um desafio colectivo e menos individualista. Como é mais que sectorial este Forúm de marcas, por ali passam debates que mostram a realidade do sector exportador e se abordam questões importantes para os operadores. Há como uma responsabilidade colectiva em defender o que é de cada um e de todos ao mesmo tempo. Um património industrial e comercial, a internacionalização. É o caso do turismo, onde a Espanha recebe mais de 80 milhões de turistas por ano e na hora se discute a massificação que se sente em alguns dos seus destinos, a diversificação da sua oferta, a digitalização do sector, com clareza e com abertura. E o turismo oferece às marcas espanholas a possibilidade de cada turista ser o embaixador dos seus produtos e serviços, através de iniciativas pensadas e acertadas. Porque em Espanha não se tem uma ideia para o turismo, há, de facto, uma política de turismo, tal como há noutros sectores económicos. O dinamismo de internacionalização não depende de iniciativas avulsas, de eventos organizados para mostrar que se faz ou para agradar ao Ayuntamiento. Os primeiros interessados em que algo se defina são os operadores do sector, as empresas e os empresários, cuja dinâmica não tem de ser sentida apenas dentro da empresa, mas cá fora e na sociedade em geral. Em Guimarães, marcas, empresas e empresários, precisam de organizaram-se, defender o que cada um tem de melhor para defender o todo que dá nome a Guimarães, de cabeça erguida, interessadamente e agir não por convite mas por necessidade e estratégia.
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