Há algumas críticas ao talento dos vimaranenses e à sua capacidade para dirigirem empresas e serviços com alguma notabilidade, na área cultural, na área política e noutras áreas. Apesar da tentativa de “apagar” o talento de alguns e de se agitar fortemente a bandeira sobre o talento de outros, em áreas ditas menores, como a do desporto – onde o Município reconhece e premeia o talento de alguns atletas, a verdade é que, ultimamente, tem havido uma verdadeira caça ao talento local que coloca os vimaranenses numa posição menor quando se trata de exercer determinadas funções.
E mais grave, confunde o talento com o serviçal… o que são coisas opostas! São esses “serviçais” que formam sindicatos para combater os talentosos, colocando-os fora da órbita do poder. Porém, as coisas não são bem assim: há talento que se elogia, porque assim interessa ao poder político. E outro que se arrasa também porque quem manda não gosta da cara deste e daquele ou daquela. E até do seu penteado! É uma aberração porque se há coisa que alguns vimaranenses têm, é amor próprio e um orgulho transformado em paixão e uma coragem para dizerem que “não são parvos” deixando-se manter sobe o jugo e comando, quase sempre de quem não sabe. Mas quer mandar como se soubesse.
Na política então, as promoções fazem-se sempre não entre os melhores… mas entre os melhores a obedecer, o que resulta em prejuízo óbvio da comunidade e de Guimarães, cujos interesses não se defendem apenas agitando a bandeira da cidade ou envergando uma t-shirt onde se estampa, com um coração vermelho o “I Love Guimarães”. Hoje – desde há um tempo atrás – em Guimarães, o nível de qualidade e competência, exigível para algumas funções está nivelado por baixo, quase perto do zero.
E ameaça passar para baixo de zero, tal a qualidade dos que se promovem e dos competentes que se desperdiçam e perseguem. Ou discriminam. E o pior é que vivemos numa sociedade que tende a perpetuar a banalidade e vulgaridade, uma sociedade de beija -mão dita de democrática, que não respeita valores, teme a concorrência, e pior: é uma sociedade endeusada por Deuses menores, com tiques de populismo… escondido! Mesmo, no futebol, onde, também, o que vem de fora é sempre melhor do que o que cá temos, esta tendência ameaça o maior clube de Guimarães.
“No Vitória, por exemplo, os melhores resultados desportivos, foram conseguidos com gente da terra, sem necessidade de craques do dirigismo ou de outra coisa qualquer…”
A história não nos deixa mentir. Há muitos bons exemplos, de iniciativas e eventos em que os vimaranenses “brilharam” efectivamente. Vejamos, Guimarães organizou a Capital Europeia da Cultura, a Capital Europeia do Desporto e teve sempre uma percentagem forte, nesses núcleos organizativos, de vimaranenses que “não são parvos nenhuns”. E o que se viu… está à vista! No Vitória, por exemplo, os melhores resultados desportivos, foram conseguidos com gente da terra, sem necessidade de craques do dirigismo ou de outra coisa qualquer.
O que a contratação de craques de fora esconde – também, na política – é alguma incompetência, muita insegurança, alicerçada numa desconfiança patológica, de que o conhecimento é um exclusivo de uns tantos – alguns são chico-espertos – e não está à mercê de uma grande maioria, que não têm oportunidades, que se rejeita, que nos faz frente, e deixa a descoberto a nossa incompetência e até a maldade e egoísmo, quantas vezes ciúme, que se esconde no nosso interior. Guimarães, tende a ser uma cidade altamente individualista – já o é em algumas áreas… quando o colectivismo mostra exemplos de conquistas feitas.
Esta tirania do “eu” coloca o desenvolvimento em causa, rejeita outras e melhores soluções, faz emigrar quem não devia, deixa-nos confrontados com pequenos talentos cuja dimensão arrasa os interesses gerais, privilegiando os interesses menores e até mesquinhos. Ainda há pouco, se ouvia muitas vezes, o “nós”… mas o “eu” evidencia uma orfandade confrangedora, uma limitação da grandeza dos vimaranenses.
D. Afonso Henriques, pelos vistos e pelas imagens, até era um rei corpulento e alto… E andamos contra a tendência global, mesmo a nível de países, onde a União Europeia é um bom exemplo de colectivismo supranacional. Por cá, neste momentos de crise, há municípios que preferem soluções colectivas para responder a crises – Cascais – e para antecipar crises – fazendo antes o que é preciso para agora – Braga -. Sem darmos conta de que andamos para trás, desperdiçando o melhor de cada um de nós, o pior é mais dramático e até cínico, é de que fazemos tudo com a falsa ideia de que estamos a inovar… e a brilhar, quando o mundo já tem 2020 anos!
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