Há um fenómeno na Música em Guimarães que pode passar despercebido a alguns: a qualificação e o nível superior de alguns músicos, já com experiência internacional. Quase todos eles frequentaram o Conservatório de Guimarães, nome actual da Academia de Música Valentim Moreira de Sá. E se esta qualificação dos estudantes de música honra as escolas e ou conservatórios de Guimarães e respectivas sociedades musicais e outras associações, também evidencia que os músicos vimaranenses vieram para ficar, mesmo depois de algumas experiências internacionais que podem não ter tido sucesso total. Por orquestras de marca internacional, por grandes escolas de música europeias já passaram músicos cá da terra que se fizeram notar pela sua qualidade, sabendo-se da dificuldade em fixarem-se nessas catedrais da música, onde apesar de tudo se reconhece o valor dos portugueses e se exaltam as suas competências. Só que, ir mais longe, é mesmo difícil apesar de haver quem passe para além da porta de entrada dessas escolas e orquestras. Seja como for, é bom registar a dinâmica das escolas locais, do papel das sociedades musicais e das parcerias que já começam a ser feitas, também, a nível superior com a Universidade do Minho, de modo a que a progressão dos estudantes e candidatos a músicos, instrumentistas, maestros ou maestrinas, possa ir além do ritual e do banal. Mesmo ao nível da investigação musical, há boas notas que nos levam a pensar que o ensino da música é já não apenas um mercado para o futuro dos alunos mas também dos professores, muitos dos quais se fixam já cá sem medos nem receios do seu futuro profissional porque o universo musical se expande e se anima com o êxito de uns e a qualidade de outros. Esta dinâmica é visível também no canto coral pela experiência que alguns jovens estão a ter integrando-se em grupos como os Jovens Cantores de Guimarães, por exemplo. Outra nota simpática deste dinamismo no reino, da música é o surgimento de espectáculos musicais, de nível médio/alto, precisamente pela oferta de gente capaz de produzir perfomances aceitáveis em termos musicais e cénicos. Aguarda-se agora que as obras que estão a decorrer no ex-Teatro Jordão possam estar prontas para receber a Sociedade Musical de Guimarães, aumentando os espaços disponíveis de formação e aprendizagem e elevando a qualidade do ensino da música e do canto como arte, servindo também outras classes artísticas, de modo não apenas a aumentar a produção própria como a sustentar este universo em crescimento.
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