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Segunda-feira, Julho 14, 2025

Feira Afonsina: o espelho de uma sociedade e de um património colectivo escondido

Economia

A Feira Afonsina é uma recreação histórica mas tem o significado de um resgate do património imemorial, intangível, colectivo, perdido durante muitos anos.

Mesmo com os “defeitos” que se lhe conhecem – pelo aproveitamento que dela se faz – para fins que não têm nada a ver com a história de Guimarães e da nacionalidade que lhe subjaz, consegue ter o espírito que nos liga à primeira vila de Guimarães, um povoado de duas urbes – com a Monarquia instalado no alto do Monte Latito e uma camada social mais pobre – mas não menos nobre – onde vivia gente, de trabalho, do comércio, um verdadeiro retrato da sociedade da época.

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Podemos afirmar que a Feira Afonsina, podendo ser mais genuína, teatral, ainda um retrato a preto branco daquela história que notabiliza o nosso ser português e vimaranense, ela não está despida do sentir afonsino, realizando-se no mesmo palco da outrora Vimaranes, carregando todo o significado histórico da urbe, nos primórdios de Dom Afonso Henriques.

Se as ‘Jornadas Históricas’ aportam o valor científico em volta do nascimento do ser português, procurando incessantemente novas facetas de uma história que é uma ‘caixa de Pandora’, a Feira Afonsina dá-lhe o tom de espectáculo, de evento, recriando o que suposta seria a vida nesta urbe, hoje, cidade.

Hoje, a Feira Afonsina, é a grande festa da família vimaranense… reunido em pequenos núcleos e clãs que se exibe passeando, de cá de baixo até lá acima, também com o impulso dos jovens Afonso os que apelam aos pais uma presença nesta recreação histórica.

Começando mais cedo do que as comemorações do Dia UM de Portugal, a Afonsina perdura durante cinco dias, evocando um espírito que vem do Conde Dom Henrique, desde 1112, do famoso Condado Portucalense que nenhum rasto de romanização é capaz de olvidar, apagar ou alternizar, mesmo com alguns profetas que vivem com as riquezas do Condado possam evocar como memória do seu território pequeno e insignificante, face à grandeza do espírito que a Dinastia de Afonso Henriques espalhou.

Lembrar o Conde Dom Henrique, a rainha Dona Teresa e o seu filho Dom Afonso Henriques, é evocar um passado conhecido, perene, com defeitos e virtudes que é o símbolo da nossa identidade, hoje e sempre.

Os vimaranenses devem orgulhar-se deste passado – que a história não desfez – sempre maior que outras presenças no território que apenas pilharam e nada deixaram.

A força do (grande) Entre-Douro-e-Minho está aqui, à sombra da muralha do Castelo, das ruas do centro histórico, que lembram as Vilas de Guimarães. E sobrevive com a recordação de Dom Afonso Henriques foi apoiado nesta firmação, em 1125, quando foi a Zamora armar-se Cavaleiro, cumprindo um ritual daqueles tempos e característicos de uma sociedade feudal, em tons monárquicos.

É esse espírito que comemoramos quase 900 anos depois, na vivência e participação da Feira Afonsina ou nos actos que marcam simbolicamente o nascimento de Portugal em 1128 e que nos orgulhamos de permanentemente explorar e conhecer numa viagem ao conhecimento do passado.

Toda a concepção desta recriação histórica, em forma de festa, de teatro ou de simples animação, que animará as ruas do centro histórico e do seu património mais emblemático, com diversos actos, num programa preenchido em cinco dias, até ao dia do feriado municipal, em 24 de Junho, aportará esta dimensão afonsina que se espalha entre as inúmeras e incontáveis famílias vimaranenses que se olham ao espelho com orgulho.

Os números habituais animam o território das duas Vilas, de então, com a conjugação de peripécias desse passado, com a exibição de artes em esteres, de ofícios, modo de vida, em contraste com a vida no alto do Monte Latito onde os jovens infantes cresciam.

A Feira Afonsina retrata segmentos de uma história, em dois tons, um mais colorido e outro a preto e branco, dando a ideia de como o comércio já então dominava a vida em sociedade, com a troca de produtos, um mercado de oferta e procura que dá vida à urbe ou à cidade, ontem, hoje e amanhã.

E que ali nascia uma potencial área industrial, à volta do couro, dos curtumes, da cordoaria e do fogo para vergar o ferro duro e agreste.

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