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Sábado, Abril 27, 2024

101 anos de Vitória: muitos afectos na noite do orgulho vitoriano

Economia

Comemorar o aniversário do Vitória sempre foi uma festa no clube ao longo dos tempos. Agora, o modo como se exalta a cada ano, mais um… de vida, difere no tempo e nas posses.

Antes, o orgulho vitoriano tinha uma matriz mais adequada a cada época… Era pobre no manto mas forte no espírito; hoje, o aniversário é uma Gala, típica dos nossos tempos, onde se espelha esse orgulho – visível nos rostos de sócios que ainda resistem em manter essa qualidade, independentemente do seu estado físico, de saúde.

Agora, soma-se um show – de artistas nada ligados à história do clube, simpáticos nos agradecimentos, com cenários de néon e holofotes potentes; outro show é o que deriva da noite do glamour vitoriano – representado na presença feminina, de mulheres com ligações directas e indirectas ao clube, outras companheiras e mulheres de atletas, que enfeitam com as suas vestes, um momento diferente da sociedade vitoriana. E fazem do aniversário um acontecimento social.

A Gala é como uma moeda porque tem duas faces: aquele em que se ouve José Luís Fernandes, sócio nº 1, é pedagógica e exemplar, deixa claro que o sentimento vitoriano e a sua alma não morrem, são eternas, vão passando de geração – mesmo quando atropelada por “maus” dirigentes;

Outro sinal, é o que se sentiu quando José António Fernandes Pinheiro, mantinha a qualidade sócio (hoje nº 10), ininterrupta, há 75 anos. Esta dedicação tem sido badalada nos últimos tempos, como um reforço da vacina vitoriana, dada sobretudo a todos quantos são e nascem em Guimarães. E têm anos de bairrismo assumido onde se mistura com vitorianismo.

Claro, a ligação entre o Vitória e Guimarães não é pueril, estática e muito menos estéril. É rica, é forte, e a diferença entre o Vitória Sport Clube e o Vitória de Guimarães é zero e não passa de semântica.

A propósito, o Vitória já há muito que deveria ter diminuído às páginas do seu dicionário de tabus, tantos são os conceitos de vitorianismo. E esta direcção teve a coragem de fazer alguns em outras áreas.

Um outro ainda – fora da Gala – foi o momento em que os sócios com 25 e 50 anos receberam o seu emblema de prata e de ouro, para adornar a lapela do seu casaco, com orgulho e paixão. Um momento de muito afecto entre familiares que levam pais e filhos à cerimónia, onde se juntam irmãos, com a mesma afinidade clubística. E às vezes amigos e vizinhos de bancada quando vão ao futebol.

É curioso que nesta hora, os vitorianos sentem-se todos iguais, sem olhar a quem tem mais ou menos anos. Afinal, estão juntos na mesma viagem.

“Sim, isto é Vitória”, sempre, de hoje, de amanhã e de todos.

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Apesar de o contributo (monetário) dos seus sócios ser irrisório do ponto de vista financeiro, é enorme, no entanto, o valor de cada sócio, homem e mulher, ao longo dos anos – e dos 101 que agora se contam, enquanto seiva que alimenta a árvore vitoriana, que se renova mantendo o mesmo fervor e a mesma força.

Feitas as contas, a presença dos sócios, no estádio D. Afonso Henriques, na casa do adversário, nos pavilhões, é um marco e um sinal de que a sua entrega ao emblema tem a força de um vulcão.

Sim, a perenidade do clube mede-se pela força dos seus sócios – e das suas contradições nos jogos de poder que levam à escolha de dirigentes; sim, o clube agita-se com discussões, troca de opiniões (e de insultos) mas o facto é que não perde a sua essência.

Talvez em vez de se optar por um diálogo – do ámen – sempre balofo e interesseiro, os dirigentes deviam ser sempre sócios – e não se colocarem no patamar da altivez só porque se tornam “donos” temporários das decisões do clube.

A força construtiva, com defeitos e virtudes, está na consciência crítica que o Vitória é capaz de alimentar – mesmo quando o comentário é estúpido, leviano e sem interesse.

O Vitória é, assim, ao longo de muitos anos: só quem não conhece a história – nem se dá ao trabalho de a consultar, constante de inúmeros documentos – é que pensa que o Vitória de hoje é diferente do que foi, na sua essência.

Não, não é: outrora sempre houve discussões, protestos, manifestações de desagrado, conversas de café – algumas maldizentes – e em proporção também se fizeram elogios e homenagens.

O que tem faltado no clube é o diálogo, entre sócios que pensam de uma maneira e os que pensam de modo diferente. E a afirmação de uma força colectiva consistente. 

Ninguém aglutina, porque também no exercício do cargo de director – há parcialidade porque se deixa manter, para lá das eleições, o estigma dos que são por nós e dos que são contra nós. Mas todos são… pelo Vitória à sua maneira. Mesmo quando agitam a moda do vitorianismo de cachecol…

Desculpemos as vaidades, os aproveitamentos que alguns vitorianos fazem da sua condição de sócio, do seu cargo e apostemos todos em fazer o Vitória maior, de verdade, e não apenas à nossa dimensão.

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Façamos um ou mais congressos para discutir e expor ideias, sejamos pedagógicos sabendo conviver com a diferença – mas não com o insulto – tornando o clube verdadeiramente democrático – e não democrático como nós pensamos que seja.

E festejemos o Vitória a cada dia – porque o aniversário não tem de ser apenas uma festa em alguns dias de Setembro – como erradamente se vai fazendo.

É claro que com outras atitudes, o Vitória crescerá. Muitos ainda desejam o Vitória de plástico, um Vitória que subiu no show e regrediu em campo mas todos sabemos como a grandeza do Vitória – e a sua história também o demonstra – se semeia e cresce nos relvados, outrora campos pelados.

Também, podíamos dizer “Sim, isto é Vitória” quando se evocou Marinho Peres, um treinador que deixou um rasto enorme de simpatia e competência futebolística, também ele alvo de dizeres e bocas com desdém. 

© Vitória SC

Marinho Peres teve o condão de ser o percursor de um Vitória europeu – que mais tarde se esvaziou – mas que apenas se notou em mais duas épocas seguintes. Deixou, por essa Europa do futebol fora, um lastro de uma equipa de artistas da bola que espantou toda a gente. Mesmo a Europa do Leste, como era então designada.

Outro momento em que se pode clamar “Sim, isto é Vitória” foi quando Moreno Teixeira recebeu justa homenagem pela sua coragem e pela sua façanha desportiva na época anterior sobretudo pelas condições que lhe foram proporcionadas para desempenhar o seu trabalho.

“Sim, isto é Vitória”, também, quando se exaltam atletas pelas suas performances desportivas como o nadador João Costa, ou a equipa do Polo Aquático (símbolos do Vitória ecléctico) ou Dani Silva (símbolo do futebol profissional);

Finalmente, também se deve reconhecer que “Sim, isto é Vitória” quando se agradece a patrocinadores como a DL Cozinhas ou se eleva e reconhece o mérito de funcionários como Fernanda Oliveira e Mónica Magalhães.

Esperemos que sendo a Gala dos Conquistadores a festa onde o clube e a SAD se cruzam, onde a ternura dos 90 (anos) dos mais velhos se revela, se esvaneçam depois as cores vivas e fortes da alma vitoriana.

Vivemos, preguiçosamente, à sombra do “Somos Únicos” quando há espaço para ser (muito) mais “Únicos” e mais “Conquistadores”. Exibimos a nossa alma mas deixámo-nos dividir por opiniões contrárias, por vaidades, por excessos, por incompetência, deixando que a nossa alma vitoriana se apague, por momentos… e perdemos o norte! Precisamos de encontrar rapidamente a bússola para nos indicar o caminho do sucesso.

Sim, falta-nos trabalhar naquilo que torna os clubes ainda mais perenes, maiores, grandes. Ainda não encontramos o caminho certo para chegar ao êxtase do êxito desportivo.

E falta-nos reconhecer, com humildade, que o Vitória não pode ser o clube do pára e arranca, ou o clube do presidente A e do presidente B, com intervalos de crescimento que nos deixam na cauda dos melhores.

Foto © Vitória SC

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