No dia 13 de outubro, Guimarães virou uma página da sua história política. Após 36 anos de domínio socialista, os vimaranenses decidiram mudar de rumo. Ricardo Araújo venceu as eleições autárquicas de forma clara e abriu as portas a um novo ciclo político. Foi um voto na esperança. E, acima de tudo, foi um voto na exigência.
Eu acredito que esta mudança não aconteceu por acaso. Aconteceu porque Guimarães estava presa no tempo. A mobilidade degradou-se, a habitação tornou-se um luxo inacessível, e o investimento privado foi desincentivado por um modelo de governação fechado, centralizado e excessivamente politizado. Guimarães foi, durante demasiado tempo, gerida como um bastião partidário – e não como uma cidade livre, aberta e ambiciosa.
Ricardo Araújo tem agora a responsabilidade de provar que não foi eleito apenas para substituir rostos, mas para mudar o paradigma. Anunciou um Plano de Habitação Acessível, prometeu alterar o PDM para aumentar o solo urbano para habitação e investimento privado e prometeu avançar com o Metrobus. São propostas que, se cumpridas, podem marcar uma rutura com o passado. Guimarães não precisa de mais promessas – precisa de execução.
Se Ricardo quer ser, como afirmou, “o presidente de todos”, então a primeira coisa que tem de evitar é cair na tentação da caça às bruxas – essa prática instalada em que só fica quem está “comigo”. Essa lógica tem de ficar para trás. Não pode haver “bons” e “maus” consoante o cartão partidário ou a proximidade pessoal. Guimarães precisa de competência, mérito e visão – não de novos aparelhos a substituir os antigos.
E aqui entram dois dos temas mais delicados: a Vitrus e a Tempo Livre. Durante anos, foram espaços onde a máquina partidária do PS se entranhou profundamente, com nomeações políticas e uma verdadeira máquina de propaganda. Se Ricardo Araújo quer provar que é diferente, então terá de começar precisamente por aí: limpar a lógica partidária, devolver-lhes transparência e pô-las ao serviço da cidade – e não de qualquer partido.
“Mas na Assembleia Municipal, Ricardo não tem essa maioria. Isso significa que terá de dialogar, negociar e construir pontes.”
A vitória para a Câmara foi expressiva, com uma histórica maioria absoluta. Mas na Assembleia Municipal, Ricardo não tem essa maioria. Isso significa que terá de dialogar, negociar e construir pontes. Não com a lógica de quem “ganhou tudo”, mas com a noção de que a mudança só será real se for construída em conjunto.
Os vimaranenses deram-lhe uma oportunidade. Mas não deram um cheque em branco. As pessoas querem mudança e estão dispostas a acompanhar de perto o que vem a seguir. E eu estarei entre os que acompanharão, de perto, sem complacência. Guimarães não precisa de mais ciclos fechados. Precisa de uma governação aberta, transparente e corajosa.
Como liberal, não acredito em máquinas partidárias – acredito na liberdade individual, transparência e responsabilidade. Quero uma cidade onde quem investe é bem-vindo, onde as decisões são tomadas com base em mérito e não em favores, onde o município serve as pessoas e não os partidos.
Guimarães esperou décadas por esta oportunidade. Agora que ela chegou, não pode ser desperdiçada.
E agora, Ricardo?
Agora é a altura de provar que esta mudança é real ou apenas cosmética. De escolher entre ser mais um presidente – ou o presidente que finalmente libertou Guimarães da teia partidária que a prendeu durante tanto tempo.
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