Hoje, 8 de Março celebramos o Dia Internacional da Mulher. Apesar de estarmos em 2023, mais de 110 anos depois de Clara Zetkin ter lançado esta data para dar visibilidade aos problemas das mulheres trabalhadoras, muitas são ainda as razões que levam as mulheres para a luta.
Luta que se faz todos os dias, junto das instituições, do poder local, do Governo, das empresas, das escolas, das universidades, mas também na rua. No último sábado, no Porto, milhares de Mulheres do Norte do País deram corpo a mais uma magnífica Manifestação Nacional de Mulheres, organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM), gritando, exactamente, as mil razões que têm para lutar.
Uma participação amplamente justificada pelo facto de as Mulheres precisarem, ainda, de lutar pelo fim de todas as formas de violência, quer seja a violência doméstica, que em 2022 ceifou a vida a 24 mulheres, quer seja todos os outros actos de violência de que as mulheres são vítimas no seu dia-a-dia.
As Mulheres lutam pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, contra a ameaça do encerramento dos serviços de obstetrícia, pelo direito ao acesso à saúde com médicos de família para todos.
As Mulheres lutam contra a exploração, a precariedade e pela igualdade salarial que tarda. E em Guimarães as Mulheres merecem mais e melhores condições de trabalho, com salários dignos, com valorização das carreiras. Merece a costureira com 20 anos de experiência que continua a ganhar o salário mínimo. Merece a operária do calçado ou das cutelarias que labuta o dia inteiro por um salário de miséria. Merece a enfermeira que não vê reconhecida a sua carreira e é obrigada a fazer horas extra para não ficar ninguém para trás. Merece a advogada que continua a recibos verdes mesmo com anos de experiência e de casa. Merecem as assistentes operacionais que continuam a ser poucas para tanto trabalho e as funcionárias das cantinas que continuam a ser precárias mesmo sendo necessárias para o próximo ano lectivo.
Merecem, ainda as Mulheres que trabalharam uma vida inteira e que, por viverem num concelho de salários baixos, auferem reformas baixas e indignas, obrigando-as a escolher entre comprar bens alimentares e a medicação indispensável. A escolher entre pagar a renda da casa e a fisioterapia. A escolher entre ir buscar a botija do gás ou pagar a eletricidade para aquecer a casa e o direito à cultura.
No sábado no Porto saíram à rua Mulheres que contribuíram para as conquistas do 25 de Abril, Revolução que lhes permitiu pararem as máquinas nas fábricas e exigirem os seus direitos. Que lhes deu força para não baixarem os braços e reforçarem a luta. Que, apesar das muitas dificuldades, deu condições para criarem os filhos com acesso à educação e formação profissional. A estas mulheres, de um passado duro, mas rico, juntaram-se jovens mulheres que lhes querem dignificar o passado continuando a luta até à igualdade de direitos.
A Manifestação Nacional de Mulheres, que prossegue no próximo sábado em Lisboa, é feita de luta, de determinação, de dignidade, de sorrisos, de esperança, de confiança e de futuro.
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