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Quarta-feira, Janeiro 15, 2025
André Almeida
André Almeida
Presidente do grupo parlamentar municipal do CHEGA.

A Liberdade como Paradigma Cultural

Hoje em dia vivemos uma tensão constante entre o direito à liberdade de expressão e o respeito pela dignidade individual. A liberdade é um pilar central na construção de uma sociedade justa. Contudo, a liberdade de um indivíduo deve ser limitada pelo direito dos outros a não serem prejudicados. É que esse equilíbrio é difícil de alcançar, sobretudo em tempos em que a cultura woke, a polarização política e a manipulação discursiva dominam o espaço público.

A cultura woke, com a sua pseudo-missão da reparação de injustiças históricas e da promoção de meias igualdades, tem trazido contribuições enviesadas para o debate público e cria frequentemente um ambiente de censura e cancelamento. Qualquer opinião contrária a esta narrativa é facilmente taxada de opressora ou extremista. Isso gera um paradoxo: uma cultura que, em nome da suposta inclusão, acaba excluindo quem discorda.

Simultaneamente, assistimos à glorificação da esquerda política como portadora do progresso social, enquanto a direita é demonizada como retrógrada ou autoritária. Este maniqueísmo não só empobrece o debate público como ignora que os extremos ideológicos, independentemente do espectro, são igualmente perigosos. Em Portugal, esta visão enviesada tem contribuído para a estigmatização de partidos à direita, como o CHEGA, cujas propostas têm direito à mesma análise crítica que qualquer outra força política.

Essa dinâmica compromete o pluralismo necessário para uma democracia saudável.

Outra contradição reside na aceitação de extremistas que sustentam governos e executivos, muitas vezes por conveniência política. A ideia de “extremistas úteis” reflete a hipocrisia de quem denuncia radicalismos seletivamente. Enquanto isso, vozes discordantes são marginalizadas, e a diferença de opinião torna-se sinónimo de ameaça. Essa dinâmica compromete o pluralismo necessário para uma democracia saudável.

É curioso observar como certas palavras, como “ladrão” e “corrupto”, se tornaram quase tabus, especialmente quando dirigidas à elite política. Por outro lado, manifestações artísticas que apelam à violência ou que ofendem deliberadamente grupos específicos são protegidas em nome da liberdade de criação. Esse duplo padrão ilustra a incoerência da nossa relação com a liberdade de expressão.

Uma sociedade equilibrada deve basear-se num contrato social que respeite as liberdades individuais, mas também as responsabilidades coletivas. O desafio contemporâneo é evitar que o discurso político e cultural se torne refém de dogmas, sejam eles de esquerda ou de direita.

Portugal, como qualquer outra nação, precisa de um espaço público onde ideias possam ser debatidas sem medo de represálias ou rotulações precipitadas. Não se trata de “atirar” ofensas ou preconceitos, mas de reconhecer que o confronto de ideias é essencial para o progresso. Criminalizar opiniões ou ignorar os excessos de quem está no poder apenas perpetua um ciclo de desconfiança e radicalização.

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