No Quadrilátero Urbano, Guimarães está em 1º lugar e no distrito de Braga e CIM do Ave, ocupa o 2º lugar. É uma posição muito acima dos 240 casos por 100 mil habitantes que coloca o concelho numa zona de risco muito grande.
A situação da incidência da Covid-19 em Guimarães e na região galopa para o infinito, à espera que as medidas adoptadas produzam quaisquer efeitos.
Por todo o lado, surgem mais casos, sem que se identifique o foco infeccioso. Ou uma cadeia que permita limitar a propagação.
Sabe-se quais são os locais mais vulneráveis, sendo as escolas e lares os mais conhecidos, sem que tal signifique excluir outros locais ou que à mesa de um restaurante, ou num almoço ou jantar de família, num espectáculo, num autocarro ou mesmo no hospital ou ainda num centro comercial, o contágio comece ali e por ali.
Apesar de ontem (16 Novembro) ter entrado em funcionamento o “BI SINAVE” – um sistema avançado de tratamento de dados – oito meses depois do início da pandemia, a verdade é que os dados obtidos continuam a ser um privilégio da Direcção Geral da Saúde (DGS) – que não sabe o que fazer com eles, pois a informação regional não chega aos agentes e entidades a quem cabe tomar decisões nos territórios. A DGS vangloria-se de que tal sistema será a base do futuro Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, sem contudo se tornar um sistema eficiente e eficaz ao combate do presente, de ontem, e de amanhã, a um vírus que transtorna a vida do mundo e das pequenas comunidades.
Este “BI SINAVE” chegará tarde, se não houver partilha de informação, que ajude à prevenção real e efectiva e não sirva para apenas alguns saberem mais de uma epidemia do que outros.
É bom que se tenha em atenção uma coisa clara e simples: quem já vive há oito meses com este cenário, já não se alarma com a divulgação de mais casos mas face ao alastramento da pandemia, procura sempre saber mais o que deve ou não fazer, inclusive de frequentar locais de maior risco, atropelando-se uns aos outros, num estilo de vida que deve mudar claramente.
Distrito de Braga: | CIM do Ave: | Quadrilátero Urbano: | Número de Casos: |
---|---|---|---|
Vizela (1º) | Vizela (1º) | 2653 | |
Guimarães (2º) | Guimarães (2º) | Guimarães (1º) | 1886 |
Fafe (3º) | Fafe (3º) | 1787 | |
Famalicão (4º) | Famalicão (4º) | Famalicão (2º) | 1349 |
Braga (5º) | Braga (3º) | 824 | |
Barcelos (6º) | Barcelos (4º) | 799 | |
Amares (7º) | 734 | ||
Póvoa de Lanhoso (8º) | Póvoa de Lanhoso (5º) | 674 | |
Vieira do Minho (9º) | Vieira do Minho (6º) | 659 | |
Celorico de Basto (10º) | 620 | ||
Esposende (11º) | 597 | ||
Vila Verde (12º) | 473 | ||
Cabeceiras de Basto (13º) | Cabeceiras de Basto (7º) | 435 | |
Mondim de Basto (8º) | 302 | ||
Terras de Bouro (14º) | 204 | ||
Total: 13996 |
Pelos números divulgados pela DGS só o concelho de Terras de Bouro, no distrito de Braga, parece transformado numa ilha, com o menor número de casos por 100 mil habitantes. E nos critérios definidos pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle da Doença (ECDC) para medir e avaliar a propagação da Covid-19.
Com os números registados até ontem (16 Novembro), o país dividia-se em cinco zonas de risco, com base no número de casos registados (por 100 mil habitantes), sendo a categoria máxima a que regista casos igual ou acima dos 240. Ora, no Distrito de Braga, no território da CIM do Ave e no Quadrilátero Urbano – onde Guimarães se agrupa com outros Municípios – todos os concelhos estão acima dos 240 casos por 100 mil habitantes, com excepção de Terras do Bouro.
Vizela é o campeão, segundo este critério. Guimarães está no pódio do distrito, da CIM do Ave e do Quadrilátero Urbano (ver gráfico). É uma posição incómoda por ser persistente e apesar do esforço que fazem as entidades envolvidas no combate, não há nada que abala o crescimento de casos, isto é, nada que faça retroceder esta epidemia para valores normais. É certo que as expectativas de uma segunda fase de menor contágio, virou do avesso os prognosticadores.
Acelerando o número de casos, as estruturas de apoio e de saúde começam a entrar em colapso e a não cumprir as suas funções essenciais. O SNS pode já não ter resposta para os doentes não Covid-19 e que continuam a precisar de tratamento. E neste combate sem fim, os soldados – médicos, enfermeiros e outro pessoal – acabam esgotados numa tarefa sem êxito. E cada vez mais impotente, apesar da dedicação conhecida e das vítimas que vai tendo.
Há quem já veja no hospital um cenário de guerra, com doentes a entrar como soldados desfalecidos, mazelas no corpo, feridas em sangramento.
Doutro modo, o Estado também esgota recursos – que não são infinitos – numa guerra sem quartel.
Todos os sectores são afectados, a economia não faz milagres, e impede quase todas as outras actividades de se afirmarem. E daí emergem os corporativistas e o corporativismo. Cada qual defende a sua dama. A cultura é uma ilha, a restauração outra, e apenas a indústria esgota a sua capacidade de manter o país a ter recursos.
O “cada um por si”, também, acontece com os Municípios: nenhuma solução foi adoptada a nível regional ou de comunidade ou até de agrupamento. Há um silêncio total em torno do Quadrilátero Urbano, outro na CIM do Ave e a nível distrital não há comando.
Mesmo na repartição de encargos ou custos ninguém fala. Os orçamentos municipais vão esgotando recursos, pouco se sabe como o Estado gasta em cada território ou comunidade, e se a distribuição é justa. O que se sabe, é que o SNS continua a mostrar fragilidades e ninguém quer saber se Lisboa continua a açambarcar recursos.
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