São todos homens, dos melhores, do poder e da oposição, na vereação, com perfil político e técnico alto, e que prestigiaram a Câmara Municipal.
E os quatro fizeram a sua despedida do órgão executivo municipal. Monteiro de Castro justificou o seu afastamento com o “cansaço”, lembrando “a honra de ter servido a maior instituição do concelho”, depois do convite que lhe fez, em 2013, André Coelho Lima. Fez votos para que “a democracia se solidifique em Guimarães”.
Rebuscou alguns assuntos que marcaram as suas intervenções. O processo sobre a concessão dos transportes colectivos, sobre o qual manifestou reservas, pelo facto de ter surgido um operador vimaranense a ganhar o concurso por metade do valor base, quando os grandes operadores se afastaram sequer de apresentar propostas. Também, defendeu que a história local era digna de figurar nos projectos educativos das escolas de Guimarães.
Mostrou-se ansioso pelo resultado do estudo de impacto ambiental da via do AvePark e lamentou que a ligação às Taipas, por um corredor, de 6,2 kms não tenha sido implementada.
Finalmente, que a Câmara “tem um problema grave para resolver” e que se relaciona com as perdas (40%) de água da rede de abastecimento público.
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Se a Câmara fizesse opções na sua gestão, e não apostasse num “desequilíbrio na alocação de verbas”, os quatro milhões gastos na Cultura teriam permitido resolver problemas básicos na rede de águas pluviais e nos bairros sociais que deveriam ser propriedade do Município.
No seu “adeus” André Coelho Lima, falou “da colaboração institucional entre poder e oposição” que “está longe do que deveria ser”.
Sobre a Coligação que junta pessoas do PSD e do CDS na Câmara, o vereador lembrou que é, hoje, “uma coligação estável e de alternativa” que contribuiu “positivamente”, acrescentando valor às propostas do PS e que nunca o visaram “derrubar”.
Crê que a postura política do seu grupo, na Câmara, contribuiu para “melhorar a imagem dos políticos locais” e afirmar uma alternativa visível.
Por isso, “saio com o mesmo espírito e com o desprendimento com que estive aqui”, lembrando os homens e mulheres do PSD/CDS que consigo estiveram na vereação. E elogiou especialmente Monteiro de Castro pelo percurso político comum na Câmara Municipal.
“Nós, agentes políticos temos de nos sujeitar às críticas.”
Com nostalgia, lembrou que no primeiro mandato, “as reuniões eram interessantes, pela cobertura mediática, quase em directo” que os órgãos de comunicação social faziam. Reconheceu que “nós, agentes políticos temos de nos sujeitar às críticas”, acentuando a diferença que houve na cobertura pela comunicação social neste segundo mandato.
Já Seara de Sá preferiu citar o Padre António Vieira com uma frase da Terceira Quarta-feira da Quaresma, proferida na Capela Real, no ano de 1669 e incluída em “Sermões”, Tomo I, página 105.
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O vereador do Urbanismo abreviou o pensamento do Padre António Vieira tentando dizer apenas a parte inicial da frase: “Se servistes à pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”. A qual serve para “deixar claro qual foi a minha atitude” no Município.
Porém, o que escreveu o religioso, prosador e pensador do século XVII, e que se transcreve, no contexto da frase citada, explica melhor o “adeus” de Seara de Sá: “Mas que paga maior para um coração honrado que ter feito o que devia? Quando fizestes o que devíeis, então vos pagastes”, e continuava, “O que devíamos fazer isso, fizemos. Quem fez o que devia, devia o que fez, e ninguém espera paga de pagar o que deve. Se servi, se pelejei, se trabalhei, se venci, fiz o que devia à pátria, fiz o que me devia a mim mesmo, e quem se desempenhou de tamanhas dívidas, não há-de esperar outra paga. Alguns há tão desvanecidos que cuidam que fizeram mais do que deviam. Enganam-se. Quem mais é e mais pode, mais deve”.
O vereador que se recusou a dizer se a saída tem a ver com alguma exclusão ou auto-exclusão da lista do PS, para um terceiro mandato de Bragança, declarou que “cumpri com o meu contrato de estar aqui quatro anos, não se trata de ser excluído ou incluído”.
Reiterou que “saio daqui com a consciência tranquila, de quem fez o que devia ter feito”. E reafirmou que “foi com este sentido – de prestar serviço à comunidade – que exerci as minhas funções, nestes quatro anos”.
Seara de Sá antecipou “novos tempos” e “um conjunto de desafios importantes para as cidades”, sustentando que “não havendo ninguém insubstituível, o que for feito no futuro não passará por decisão minha”.
Perante este cenário, de pessoas que ficam fora da vereação, no mandato de 2021-25, Domingos Bragança, disse que os vereadores Seara de Sá e Ricardo Costa “deram o seu melhor por Guimarães de quem tanto gostam como eu”. Reforçou que “deram os seus contributos com toda a lealdade” e mostrou-se “grato pelo contributo que deram”, dizendo que “os vimaranenses também”… comungam desta apreciação.
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