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Segunda-feira, Abril 29, 2024

Engenharia Têxtil: uma licenciatura com futuro e com muitos desafios

Economia

O cluster têxtil tem oportunidades para os jovens licenciados e para os que querem percorrer uma carreira científica nesta especialidade.

O primeiro a defender este conceito é Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. E justifica-o com números.

Por exemplo, Portugal tem 120 mil empregados no sector dos 1,5 milhões na União Europeia. A Itália tem apenas 220 mil.

Só por estes indicadores se comprova que o maior cluster têxtil está no Norte, gerando cerca de seis mil empregos em actividade e tornando-se um nicho de oportunidades.

“É uma altura interessante para ser engenheiro têxtil” – declarou Mário Jorge Machado, também administrador do grupo Adalberto Têxteis, de Santo Tirso. E para incentivar os alunos presentes confessou que naquele dia, “um técnico da Adalberto estava a dar uma conferência na Holanda”, facto que demonstra o nível, a especialidade e a qualidade dos recursos humanos ligados ao sector da ITV.

Hoje, já ninguém se pode esconder num qualquer nicho de penumbra e Mário Jorge Machado tem razão ao incitar todos os agentes da indústria e ligados ao sector “a mostrar o que fazemos, como evoluímos em processos e como estamos na linha da frente da modernização, agora a entrar na sustentabilidade e na economia circular”.

“Hoje diminuímos a percentagem de utilização de água no processo produtivo.”

Deu mais exemplos, de como a sofisticação técnica na ITV tem avançado. “Hoje diminuímos a percentagem de utilização de água no processo produtivo, quer reaproveitando e tratando os efluentes, ou seja, fazendo a circularidade da água”.

Insistindo em mostrar a ‘outra face’ do têxtil – cluster e sector – o presidente da ATP deu nota de como se evolui em matérias que têm a ver com a defesa do ambiente e do planeta, quer com processos mecânicos quer na produção de fibras misturadas com produtos naturais.

Anunciou que “vamos entrar na era dos bio-polímeros, invertendo a forma de fazer novas fibras, com mais qualidade e melhor preço”. O poliéster – custa 1€ por quilo – pode estar a ser colocado de lado porque o sector pode “passar já a consumir os recursos gerados na economia circular”.

Ana Sousa, Hélder Carvalho e Mário Jorge Machado. © GA!

“Nem imaginam a quantidade de fibra que chega ao fim do seu ciclo de vida e são essas fibras que vamos trabalhar, em modo mais sustentável. Só aqui, nesta área a indústria precisa de gente nova, com conhecimento, capazes de associar outras engenharias como a robótica, a digitalização ao processo de produção e concepção do produto têxtil”.

Também na logística há imensas possibilidades de crescimento e de inovação, oportunidades para jovens engenheiros poderem criar soluções e mostrá-las, apostando em vender mais perto e mais próximo dos pontos de venda.

“Sim – reforçou Mário Jorge Machadotemos desafios interessantes pela frente; vocês estão no sector certo” – concluiu.

“Precisamos que os engenheiros correspondam a esses desafios.”

Hélder Carvalho, do DET – Departamento de Engenharia Têxtil – acentuou que “precisamos que os engenheiros correspondam a esses desafios” lamentando a falta de tempo para “abordar temas novos”, no plano curricular do curso, ainda muito virado para “a formação de base”.

Para reforçar a importância da formação especializada têxtil, Ana Sousa (ANIVEC), afirmou que “isto está a mudar todos os dias, ainda para mais quando a União Europeia – UE – quer implantar e ainda esperamos saber o que vai conter o passaporte digital que visa defender o produto europeu”.

Admitiu que a aprendizagem ainda se faz “no decorrer das acções de formação, curtas, em conjugação com as exigências da UE. É um desafio diário” – acentua.

O presidente da ATP reforça que “temos de continuar a aprender ao longo da vida, todos temos de ter um certificado do tipo sou capaz de (continuar a) aprender”, construindo “pilares que nos sustentem uma formação continuada e permanente”

E falou das soft skills, intangíveis, que incluem pensamento analítico, comunicação verbal e escrita e liderança. Os empregadores, hoje, preocupam-se mais com as soft skills do que com as habilidades técnicas, como compreensão de leitura e matemática.

A indústria espera de futuros engenheiros que tragam para as empresas “conhecimento técnico”. Mário Jorge Machado deu até uma lição prática do que “deve perceber” um jovem licenciado quando chega a uma empresa. São três coisas: “saber quem são os clientes (e não se desfocar das suas necessidades); onde há oportunidades de operar melhorias; onde é que a organização ganha dinheiro e é rentável”.

Só assim, com este savoir-faire, o jovem engenheiro pode contribuir para “eliminar desperdícios, inovar com novos produtos, ser agente de mudança na empresa e ter engenho”.

Hélder Carvalho, numa posição de moderador questionou se a ITV está em crise ou vai estar?

“Na têxtil sempre tivemos desafios mas adaptámo-nos, fomos resilientes.”

Ana Sousa esclarece que “na têxtil sempre tivemos desafios (e crises) mas adaptámo-nos, fomos resilientes”. Considerou que “foi notável, o que fizemos durante a pandemia da covid-19”; agora face à redução do consumo também nos adaptamos.

“Se estamos bem em critérios puramente económicos… nunca estivemos bem porque há clientes que nunca nos pagam, o cliente final não paga o que queremos” – defendeu Ana Sousa.

Também falou das remunerações pagas a quadros superiores das empresas. “Estamos a remunerar bem os quadros mas estamos sempre limitados… pela conjuntura” – concluiu.

Mesmo com um passado de dificuldades – que não se esquecem – como o facto de a indústria têxtil ter sido ‘moeda de troca’ para a venda de mais BMW’s e VW para China – do preço da energia e de outros custos de contexto, Mário Jorge Machado continua a acreditar que “a têxtil tem futuro” se vencer os desafios ligados à competividade e vender melhor o seu produto, dando o exemplo da Starbucks que sabe como vender bem o seu ‘café com latte’.

© 2024 Guimarães, agora!


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