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Sábado, Novembro 23, 2024

600 anos depois e o Paço dos Duques precisa requalificar-se

Economia

Não teve obra de monta desde que abriu

Não foi ainda há 60 anos que o Paço dos Duques de Bragança abriu as suas portas ao público, porque a história regista o dia 25 de Agosto de 1959 como o dia um… da abertura.

Mas aproveitando o dia 24 de Junho e as suas comemorações, Isabel Fernandes, sua directora, evocava a efeméride, alertando também para a necessidade de obras.

Foi, porém, no início da década de 60, período quão distante quanto recente e que apesar de “muito tempo”, “muitos dias e muitas horas a…” mostrar-se ao público, o Paço continua ícone e referência enquanto monumento nacional, sujeito a visitantes constantes de nacionais e turistas. Todos admiram a sua beleza natural, o seu interior frio, da pedra que lhe serve de carapaça mas ainda assim quente na sua história.

O Paço ganhou ser no século XV, já lá vão 600 anos. “Sobreviveu” – lembrou Isabel Fernandes. Foi crescendo “sofrendo achaques, teve dias solarengos e dias sombrios, mas como nós ainda por cá anda”. Foi também casa senhorial de um Duque e de uma Duquesa – D. Afonso e D. Constança – Duques de Bragança.

E “abandonado à sua sorte…” Escreve a sua directora que, o Paço foi, “celeiro de Rainhas” esteve para ser um Paço. “De um arcebispo da família dos Braganças”. Também, “foi ocupado por militares, que lhe destruíram as galerias do pátio para fazerem a sua praça de armas e que tinham para o edifício intenções de reconstrução que lhe retiraria esta fácies de Palo medieval…”

Alguém quis que ali fosse instalado o Museu Alberto Sampaio, a Câmara Municipal, o Arquivo e a Biblioteca, múltiplas funções que pouco se enquadrariam com a sua génese e a sua localização, que lhe dariam mais vida e ocupação mas que deixaria de ser lugar de contemplação, de visitação, de refúgio de turistas e visitantes, na ânsia de conhecerem quem faz parte e o que na história, apenas por breves momentos.

Prevaleceu, porém, “a intenção do arquitecto Rogério de Azevedo e da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais” e o Paço manteve-se fiel às suas linhas arquitectónicas e “à sua planta quase original, na sua estrutura interna, nos seus percursos de circulação”.

Sujeito a rectificações, reparos e outras alterações – julgadas menores – o certo é que “a ala pela qual entramos hoje, e a ala virada para o Castelo, não sendo originais”, o Paço manteve-se perene a um estilo arquitectónico e não perdeu a função de Casa do Duque e da Duquesa, como o provam “os espaços de intimidade onde viviam, bem como se manteve a aula ou a sala grande, espaço representação onde os Duques recebiam os mais ilustres”, lugar onde se realizam actos e cerimónias oficiais, hoje. Espaço expositivo, mobilado como de uma casa se tratasse, o Paço é entendido também como uma casa de habitação do século XV “mobilada com peças de arte decorativa dos séculos XVII e XVIII”.

Com um rico espólio, de peças excepcionais, como a colecção de tapeçarias, as parcelas, pinturas e uma colecção de mobiliário que enche os olhos, o Paço tornou-se lugar de visitação, sendo o mais procurado a norte do Mondego.

Como está, como se cuida, o que guarda e preserva é função de quem o dirige e nele trabalha e Isabel Fernandes mostra a sua preocupação “pelo inventário, a investigação, e a publicação para os mais jovens e menos jovens” do que representa ou ilustra.

O Paço não vou as costas aos vimaranenses, faz parte da sua história, mas tornou-se um valor superior que é de outros portugueses, de outros cidadãos do mundo, de todos quantos o visitam. Tornou-se global e internacional, tem publico fiel, tem serviço educativo. E não saindo do mesmo sítio, o Paço chega longe em recordação, num simples postal, na memória, em livros ou em objectos que contam a sua história.

Agora, o Paço nas palavras do Frei Bartolomeu dos Mártires, que por ali passou em 1532, citadas pela sua directora precisa de uma “urgentíssima e reverendíssima reforma”.

Isabel Fernandes defende que a requalificação do paço devia ser “o nosso maior desígnio para os próximos anos”. E António Ponte – que por ali passou e já foi director, agora na Direcção Regional da Cultura, corrobora e apoia, esperando-se que o tempo faça justiça e traga obras. É que não teve nenhuma obra de monta desde que abriu ao público a 25 de Agosto de 1959.

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