Nuno Brito entende que Guimarães não acompanhou o desenvolvimento nacional e internacional e acusa a Câmara, de em 30 anos, ter relegado para terceiro plano, o valor acrescentado que Guimarães possui. Sobre a coligação com o PSD diz que “é um projecto de ideias para construir e desenvolver Guimarães”. E o seu partido é “convictamente de oposição”.
| A situação política local e o papel da oposição |
Acha correcto o posicionamento actual do CDS/PP em Guimarães?
Guimarães é gerida, há décadas pelo Partido Socialista e, acreditamos que neste importante período de desenvolvimento nacional e internacional, poderíamos ser já um concelho onde existisse mais crescimento, mais inovação, mais cultura, mais emprego e menos salários baixos, habitação escassa, falta de oportunidade para os mais jovens. Porque queremos mais e se perderam muitas oportunidades, temos uma postura de oposição crítica. Acresce o valor acrescentado do concelho que esta Câmara há 30 anos relega para 3º plano – a indústria. Sem espaço para crescer, tem-se desenvolvido em concelhos vizinhos, com reflexo no emprego e na população residente em Guimarães, a descer consecutivamente há anos, em sentido inverso ao dos concelhos limítrofes.
A coligação com o PSD é um tabu? Uma aliança natural? Inevitável porque o PSD é e será sempre o melhor parceiro, em coligação, no poder e na oposição? Que perdurará? É o único meio de o CDS estar representado no órgão executivo municipal?
A coligação com o PSD é um projecto de ideias e propostas para construir e desenvolver Guimarães, retomando a importância regional e nacional que o nosso concelho tem, e que junta projectos políticos próximos. É a ambição de construir a mudança que Guimarães merece e, sobretudo, necessita. Este projecto tem tido protagonistas e uma adesão crescente de vimaranenses e, dentro desta análise, tem sido considerado relevante o contributo do CDS, em particular do Engº Monteiro de Castro, pelas suas qualidades pessoais, profissionais e políticas no Executivo Municipal. Mais do que o partido ou a coligação, muito tem enriquecido o executivo e Guimarães.
“Não consideramos que estas premissas estejam a ser cumpridas num concelho que não capta população, não qualifica ou remunera adequadamente os seus munícipes…”
O que lhe parece o estilo de oposição da “Coligação Juntos Por Guimarães”? Faria o mesmo? Se os eleitores vimaranenses votam maioritariamente no PS, porque razão o CDS/PP tem de reforçar essa maioria, votando a favor igualmente? Não lhe parece que o projecto político do CDS/PP não é reafirmado?
É importante reforçar de forma mais assertiva e que seja correctamente e largamente difundida a mensagem programática do CDS para Guimarães e seu concelho. Indústria e emprego, qualificar e remunerar, criar valor e distribuir, jovens e habitação, acessibilidades e coesão territorial, igualdade de oportunidade para todos os vimaranenses independentemente das suas opções, afirmar a identidade e relevância num contexto regional. Creio que este projecto, necessita de ser mais difundido, explicado, reafirmado e compreendido. Ora, não consideramos que estas premissas estejam a ser cumpridas num concelho que não capta população, não qualifica ou remunera adequadamente os seus munícipes (por falta de políticas de atracção de investimento melhor qualificado) e não desenvolve políticas de transparência e igualdade de oportunidades. Assim sendo, como poderíamos suportar pelo voto essa nossa enorme divergência?
“O próprio funcionamento da CMG e suas reuniões, pelo longo período de maioria absoluta, tem menorizado o papel da oposição, o que apenas prejudica a democracia local…”
Partilha uma oposição feita à base e em função da agenda das reuniões da Câmara? Ou da Assembleia Municipal? Não é uma oposição, ao estilo do que se faz na Assembleia da República… porquê?
Considero que a oposição é de projectos e respostas às necessidades das populações e deverá ser esta a principal preocupação do CDS. Infelizmente, em Guimarães, existe pouca disponibilidade de transmitir essas propostas do CDS, e da oposição em geral, pelo que os poucos momentos onde existe alguma atenção a estas intervenções são as reuniões da Câmara ou da Assembleia Municipal. Por outro lado, o próprio funcionamento da CMG e suas reuniões, pelo longo período de maioria absoluta, tem menorizado o papel da oposição, o que apenas prejudica a democracia local. Espero que esta mudança de paradigma aconteça, tornando Guimarães mais forte, culta, cosmopolita e livre.
O CDS/PP é ou não um partido de oposição, confrontando o poder socialista com as suas propostas programáticas?
Convictamente de oposição e com ideias programáticas que vamos apresentando, credíveis e sustentadas, infelizmente sem grande acolhimento. O CDS rege-se por políticas humanistas, de protecção da vida humana, sem tutelas do Estado, apoiante da iniciativa privada e do seu papel na sociedade, retribuindo de forma correta o esforço de todos os cidadãos. Não queremos um Estado omnipresente, que seja consumidor de recursos e refúgio de carreiras políticas, que nos leva a crises económicas sucessivas. Queremos um país europeu que reforce os seus laços no Mundo, em particular, nos PALOP e que, para além da sua simpatia, gastronomia e turismo, fosse reconhecido pelo valor de inovação e criatividade da sua população. Não queremos a emigração dos mais jovens, pois queremos continuar a formar a Nação com as fronteiras mais antigas da Europa. Não nos resignamos perante a desertificação do interior ou a menorização da Agricultura, queremos um país mais justo e coeso, para todos.
O projecto político do seu partido é o quê? Conheço-o?
Gostaria que já o conhecesse e se interessasse por estas propostas e projectos. São importantes para a nossa democracia e necessárias para o desenvolvimento de Portugal.
* Parte II de III
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