A pandemia por covid-19 veio revolucionar os nossos hábitos de vida e provocou um conjunto alargado de alterações no nosso quotidiano, com consequências também nos serviços públicos e no acesso aos mesmos. Neste contexto assistimos a diversos problemas, uns estruturais como por exemplo nas conservatórias, com atrasos mais compagináveis com países de terceiro mundo e outros circunstanciais, provocados por fatores exógenos, como assistimos atualmente com a pandemia por covid-19.
Neste âmbito o acesso aos transportes públicos é no meu ponto de vista fundamental na coesão territorial, sobretudo nas populações mais distantes dos centros urbanos. Em muitos locais os transportes públicos são a única ligação ao “mundo”, aos serviços de saúde, aos estabelecimentos de ensino ou aos serviços públicos gerais como são as finanças ou a segurança social.
Estes territórios já apresentam estruturalmente um défice em termos de oferta de transportes públicos, limitando ainda mais a fixação de população nestes locais. Depois de uma fase de resguardo, por parte significativa da população, iniciamos um processo de desconfinamento, com o regresso a uma nova normalidade relativa, onde os transportes públicos revestem-se da maior importância, sendo claramente um dos principais fatores de coesão territorial.
Contudo e sabendo da dificuldade na gestão deste complexo processo, quer pela Câmara Municipal, quer pelo concessionado, é imperioso o reforço da oferta nas periferias do Concelho de Guimarães. Sem a reposição da oferta pré covid-19, já de si deficitária, podemos estar perante o maior obstáculo ao desenvolvimento destes territórios, em muitos anos e a um reforço da desigualdade enquanto comunidade.
Acresce ainda que esta parca oferta resulta em maior concentração de utilizadores em horários críticos, colocando em causa o controlo efetivo da pandemia que ainda vivemos e impele a população à utilização de viatura própria em detrimento dos transportes públicos, castigando ainda mais o ambiente.
“Urge encontrar soluções que permitam, que estas populações possam trabalhar, estudar ou praticar os seus direitos sociais e cívicos…”
Assim, é fundamental agir rapidamente na reposição de horários, dar primazia a esta prioridade. Urge encontrar soluções que permitam, que estas populações possam trabalhar, estudar ou praticar os seus direitos sociais e cívicos de forma digna e equitativa, tendo sempre como objetivo principal o reforço da coesão territorial.
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