José de Guimarães aumentou o seu espólio, no Centro Internacional de Artes com o seu nome, instalado na Plataforma de Artes e Criatividade (PAC).
Recorda “o prazer que sente na convivência que se renova, entre amigos” e entende este alargamento da sua colecção “como a consolidação do início de 2012 e que agora prossegue”.
O acervo cultural é significativo e ganha dimensão, beleza, aparato e importância ao instalar-se no 1º andar do edifício da PAC, na avenida Conde de Margaride.
E está ali exposto com base num contrato de comodato celebrado, em 2011, entre o Município de Guimarães e o seu mais famoso coleccionador de arte e artista. “A atitude de quem entra… é o olhar… encontra-se sempre novidades e outras razões para se dar valor a culturas que desapareceram” – salientou na cerimónia que marca a sua nova doação de mais 98 peças.
Foi assim, que se assegurou “a estabilidade e consistência do projecto que então nascia na Plataforma de Artes e Criatividade” – escreveu o presidente da Câmara, Domingos Bragança, no opúsculo que assinala nova doação à Câmara; e se reuniu a mais completa colecção de arte de um artista vimaranense, cujo prestígio nacional e mundial é por todos reconhecido.
Apesar da luz fosca que ilumina o conjunto das peças, a colecção de José de Guimarães, de arte africana, arte arqueológica chinesa (jaspes, bronzes e terracotas), arte pré-colombiana do México, Perú, Guatemala e Costa Rica (terracota, têxteis e metais), parece emergir, com força, da penumbra, ganhando vida e aliciando o nosso olhar com cores diversas, formas diferentes, tamanhos, por vezes, desproporcionais, misturas de materiais, que dão beleza a cada conjunto e a cada peça em particular.
De um lado para o outro, de sala em sala, viajar pela colecção de José de Guimarães é um exercício cultural com contornos didácticos e pedagógicos. E deixar que a nossa imaginação se deleite e se perca no mundo da cultura e vá, também, de encontro às obras que o próprio artista criou com os seus gostos, emoções, perícia, pintando.
Agora e até 2033, José de Guimarães tem a sua arte em exposição permanente, “parte da sua jornada artística” numa “colaboração duradoura que passados 12 anos continua a fortalecer-se” – sublinha Domingos Bragança.
A arte e as colecções de José de Guimarães fortalecem “a capacidade de a cidade dialogar globalmente através da arte”, um conjunto de obras que se inserem “num discurso mais amplo de afirmação de Guimarães enquanto Cidade de Cultura” e que “a cada ano renova o seu compromisso com a educação e o enriquecimento cultural, com a diversidade, o entendimento e a aceitação mútua”.
E abre caminho à aproximação e diálogo, expositivo, com outras obras de artistas contemporâneos “estabelecendo pontes entre o passado e o presente”, potenciando “o surgimento de novas linguagens estéticas que transformam ideias”.
Sublinha o presidente da Câmara que “com este diálogo, não apenas se continua a escrever a história da arte como se preserva e mantém viva a tradição que lhe serve de inspiração”. E Guimarães, através do Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) “continuará a promover este diálogo capaz de superar as expectativas mais comuns”.
“Daqui em diante… um museu como este terá de ser dinâmico”
Marte Mestre, actual directora do CIAJG, escreve no mesmo opúsculo que nos últimos 12 anos, “cresceu o debate sobre a propriedade pública e privada de peças provenientes de tradições africanas e de outras partes do mundo”.
Depois de um longo período de colonização, “o consumo cultural e turístico” tornou-se “exocticizante”, o que ajudou a instalar na sociedade portuguesa acomodada quanto à sua relação com as antigas colónias.
E salienta a sua directora, “o CIAJG tem vindo a acompanhar estes debates”, faltando “estabelecer por inteiro a sua missão de museu para além do programa de exposições regulares”.
E “daqui em diante…” – acentua – “não nos podemos prender ao passado e ao que foi pensado”, vaticinando que “um museu como este terá de ser dinâmico ou sucumbirá”.
Marta Mestre não tem dúvidas de que “o projecto artístico e cultural do CIAJG será mais rico se abarcar os sentidos contraditórios destas existências materiais e humanas”.
E advoga que o mesmo se acomode no conceito ‘museu-mundos’, com um ciclo expositivo que aborde ‘Objectos perdidos’, renovando a relação enriquecedora do convívio com artistas contemporâneos.
E não vire costas ao debate cultural sobre o projecto CIAJG e como preservar o “sentido artístico” do projecto José de Guimarães; e de museu “polifónico” sobre a missão deste Centro Internacional de Artes, “conhecendo melhor as colecções que guardamos”, estimulando uma diversidade de posições “mesmo que contraditórias”.
Por isso, o enriquecimento da colecção José de Guimarães com mais 98 objectos, requerem um estudo e enquadramento devidos.
Marta Mestre, escreve que a doação de José de Guimarães “não é um fim mas um início…”, reforçando o sonho do artista que sempre desejou para o CIAJG “uma dimensão polifónica e inconformada”.
© 2024 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.