André Coelho Lima e Luís Soares são dois bons exemplos de como se adaptaram na função de deputados da República. E como se afirmaram num Parlamento em que há deputados de toda a espécie e feitio.
À sua dimensão (política) o que fizeram tem um lastro de positividade. E de afirmação porque entre os 230 deputados colocaram-se num patamar de qualidade acima da média.
Porém, não tiveram a sorte na política, apesar do reconhecimento que lhe fazem os seus pares e os até arqui-rivais e inimigos dentro dos seus partidos.
O que fizeram de mal ou de errado?
Apenas o facto de serem do outro lado – e não do oposto – e da alternativa ao ‘chefe’ interno. André Coelho Lima escolheu apoiar Rui Rio e Luís Soares o ainda Ministro José Luís Carneiro.
As disputas internas deixam marcas porque a democracia dos partidos é duvidosa. E os valores comuns não são respeitados. Todos dizem defender a liberdade de expressão e de opinião mas mandam às malvas esses princípios se os seus interesses são acossados.
Daí que a alternância interna, em determinados lugares, se faça mais pelo amiguismo e por um ciúme e oportunismo que são marca da qualidade pessoal e política dos chefões e seus sequazes.
André Coelho Lima e Luís Soares são militantes do PSD e do PS mas não são militantes nem do PSD de Luís Montenegro, nem do PS de Pedro Nuno Santos e por extensão do PSD Guimarães de Ricardo Araújo ou do PS Guimarães de Ricardo Costa.
Ou seja, estão numa ilha partidária, segregados por outros interesses e valores, pela mudança de tropas, de generais e soldados… nos seus partidos. E o povo tem que aguentar com isto porque na política, hoje, já não adianta ter qualidade: é preciso escolher e estar ao lado do ‘chefe’ na hora certa.
E André Coelho Lima e Luís Soares não estavam, do lado A mas sim do lado B, neste fim de ciclo, dos seus partidos, com mudanças de liderança, que fazem sempre purgas pelo modo errado porque a escolha não é pacífica. Uns chamam a isto democracia… mas isto não tem nada de grego ou sinal das raízes da democracia.
Também, não é uma guerra ideológica porque nem André Coelho Lima ou Luís Soares desalinham das ideias dos seus partidos, da sua filosofia e valores.
Isto é uma guerra de homens – com mulheres pelo meio -, quiçá de cristãos novos – e já se sabe que a antiguidade na política não é um posto – de pura troca de lugares, num açambarcar de posições no partido… que se divide, se esquarteja, não por ideias e ideais mas sim por interesses gelados e escondidos à luz do sol mas que estão lá, por dentro, à espera de se afirmarem.
E dói… e deixa marcas, tornando os partidos em ilhotas de interesses, em que se promovem soldados rasos e básicos a generais, serventuários a dignatários… pessoas a escravos. Claro que o ‘novo’ não virá, o que é preciso mudar, não se mudará. E a farra continua apenas com novos intérpretes, gente que se promoverá na vida porque acertaram no ‘chefe’ que escolheram, que passam a idolatrar sem o conhecer, o tornam o eleito, o supra-sumo, o redentor, a esperança… com os mesmos vícios dos outros e do passado!
É, assim, a vida política em Portugal, em Guimarães. Porque o ‘chefe’ é que sabe e manda… Um ‘chefe’, às vezes, promovido não se sabe muito por quem, sem vontade inicial própria, empurrado por segundas figuras com outros e inconfessáveis interesses, num festival folclórico marcado por novos – e mais figurantes que estão ali para apoiar o partido do ‘chefe’ dizendo-se na mesma social-democrata ou socialista…
Infantilmente, cultivam o sai tu que agora entro eu… em trocas sempre duvidosas, num swing político alimentado num qualquer coffee station…
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