O país alarmou-se com a alegada ausência de Cristiano Ronaldo no funeral de Diogo Jota e seu irmão André.
Habituados a show em qualquer palco e a qualquer hora, muitos queriam ver desfilar a estrela maior do futebol português ao jeito de um desfile carnavalesco.
E até não lhe perdoaram a ausência menos vistosa, nem respeitaram o seu recato e o sentimento que era evidente nutria pelo seu colega na Selecção.
Os portugueses alimentam todo o tipo de voyeurismo e quando alguém se recolhe do festival público que alimenta televisões mais preocupadas com audiências do que com informação, vai daí e desprezam o respeito pela família das vítimas.
Cristiano é um exemplo, no relvado, na sua vida, nos seus gestos, nos seus actos. E neste foi profundamente feliz – e fiel ao seu carácter – ao preferir visitar o seu amigo no cemitério, prestando a sua própria homenagem, sem parangonas, nem luzes da ribalta.
“Um modo talvez de fazer um reset à nossa vida louca que acaba, de um momento para o outro.”
Um funeral não é um festival… é um acto de profunda meditação, um olhar para a vida depois da morte, um modo talvez de fazer um reset à nossa vida louca que acaba, de um momento para o outro, tal como uma lâmpada deixa de dar luz.
Não podemos folclorizar a nossa vida social, recato e respeito são sinal de educação. Cristiano Ronaldo não tem que alimentar a ‘gula’ dos que não entendem a diferença de uma festa de um acto fúnebre. E quando se quer respeitar mortos e vivos, isso merece silêncio.
Jota mereceu aquele encontro, simples, de Cristiano Ronaldo, aos pés da sua sepultura, breves momentos que recordam outros maiores vividos no futebol e no exercício da profissão. E simbolizam respeito, partilha de sentimentos, recordação.
A nossa maior estrela futebolística mostrou um humanismo exemplar, não alinhou no festival de uma cerimónia que deve ser simples para ricos e pobres, sentida para qualquer ser humano que deixa de estar entre nós.
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