Nos últimos dias, Portugal assistiu a um dos momentos mais reveladores da deriva política da direita portuguesa. André Ventura afirmou que “eram precisos três Salazares para meter Portugal em ordem”. Disse-o com orgulho. E o mais grave é que nenhum dos seus aliados políticos o contestou.
É aqui que começa o drama: quando um partido que se diz “democrata por natureza” defende que o país precisa não de reformas ou de mais liberdade, mas de três ditadores.
Como liberal – e como cidadão – não posso ignorar esta deriva.
E preocupa-me ainda mais o silêncio cúmplice do PSD, que na prática valida o radicalismo. O PSD de hoje já não é o de Sá Carneiro. Já que Sá Carneiro nunca aceitaria sentar-se com um partido que sonha com múltiplos Salazares.
Hoje vemos um PSD que já não lidera com princípios, mas com medo. Que cede ao populismo para garantir votos rápidos. Que, como alertou Mariana Leitão, dá sinais “perigosos” de cedência ao CHEGA. Um PSD que parece disposto a sacrificar os seus valores fundadores pela conveniência eleitoral.
Esta aproximação não é um acidente. É uma escolha. Uma escolha perigosa e irresponsável.
Quando o PSD troca a sua matriz democrática por ressentimento e oportunismo, não estamos perante uma “deriva momentânea”: estamos perante uma ameaça ao futuro do país. E quando a direita abandona a responsabilidade democrática, alguém tem de a assumir. Esse alguém é – e continuará a ser – o liberalismo.
Enquanto isto, o CHEGA apresenta-se como solução. Mas que solução? Um partido que não compreende a economia de mercado, que promete baixar impostos enquanto aumenta a despesa, que exige um Estado gigante enquanto grita por “liberdade”. Um partido que fala de democracia mas saúda figuras autoritárias. Que vive da indignação, mas que não sabe governar um orçamento familiar – quanto mais um país.
“Portugal não precisa de um ditador embrulhado num laço populista. Portugal precisa de liberdade, responsabilidade e seriedade.”
Portugal não precisa de três Salazares. Portugal não precisa de nenhum. Portugal não precisa de um ditador embrulhado num laço populista. Portugal precisa de liberdade, responsabilidade e seriedade. E por isso digo: Portugal apenas precisa de um liberal.
Precisa de quem não venda princípios por conveniência, de quem não ceda ao radicalismo, de quem resolve em vez de gritar. De alguém que saiba onde está e onde nunca estará: não com ditadores, não com populistas, não com vendedores de ilusões.
Foi por isso que a Iniciativa Liberal votou contra um Orçamento “ganancioso”, que “engana o país”. Foi por isso que denunciámos cada sinal de aproximação entre o PSD e o CHEGA.
E será por isso que continuaremos a ser a única força democrática que não abdica dos seus valores – nem por votos, nem por cargos.
A direita portuguesa está, atualmente, numa encruzilhada: seguir o caminho do populismo ou recuperar os seus valores democráticos. O PSD pode escolher o que quiser – mas não pode arrastar o país com ele.
Porque Portugal merece mais. Porque Portugal precisa de mais.
E porque Portugal precisa de alguém que lembre isto: a liberdade não se negoceia, a democracia não se relativiza e o futuro não se constrói com fantasmas do passado.
Se o CHEGA quer três Salazares, eu deixo outra solução: nós só precisamos de um liberal para impedir que Portugal volte a cair onde nunca mais pode cair.
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