A escola deve preparar os jovens para as múltiplas exigências que se colocam, no fim da escolaridade obrigatória e quando a idade adulta bate à porta. A vereadora da Educação quer que os alunos de Guimarães subam a bitola do seu rendimento escolar, de modo a que aos 18 anos, tenham concluído o curso do ensino secundário profissional ou o 12º ano na via centífico-humanísticas.
GA! – A educação continua a ser um grande desafio. Que metas se pretendem atingir em Guimarães, em termos de sucesso escolar?
AP – O desafio é grande porque desejamos, primeiro, que no fim da escolaridade obrigatória, os alunos sintam que passaram 12 anos na escola, onde tiveram sucesso, a vários níveis. O tempo de escolarização deve ser avaliado não apenas pelo cumprimento do tempo estipulado para a frequência da escola até à conclusão do curso secundário, como pelos resultados que o aluno obteve nos 12 anos da escolarização. Muitos certamente, chegarão ao fim, já com 18 anos, sem atingir a sua qualificação mínima mas esperamos sempre que o sucesso seja total; e em segundo lugar que a passagem pela escola seja estimulante e que prepare os alunos para as exigências do século XXI. A escola deste século tem de ir mais além, tem de dar outras capacidades aos alunos , para além das que são básicas, nomeadamente ensinando Português, Matemática e História. Rejeitamos uma escola de rankings – onde se treinam apenas os alunos para exames. A nossa visão de escola tem muito a ver como os alunos são preparados para viver o mundo, em que se desenvolvem potencialidades nas artes, na leitura, na comunicação, no desporto e no empreendedorismo. O que se exige agora a um cidadão do século XXI? Como é que ele vê o mundo? A escola tem de o preparar para isso.
GA! – Os alunos terão uma pré-formação, antes do primeiro emprego?
AP – É uma formação mais alargada daquela que está estipulada curricularmente. O português é muito importante como língua materna mas tem de ter aplicabilidade na forma de comunicar do aluno, na proporção de vocabulário – intenso – que possa aprender para depois utilizar. Desejamos, ainda, que qualquer aluno conheça as suas raízes e a sua envolvente, o seu meio.Que saiba mesmo o que foi o 24 de Junho de 1128 e o que ele representa ainda hoje. Que na sua terra há um museu de referência com o nome de Alberto Sampaio…
GA! – …informado da história local?
AP – A história local já foi apropriada pelas nossas escolas. Do 1º ao 6º ano, os alunos fazem visitas de estudo ao que nos marca como comunidade e como país. São regulares as visitas ao Castelo e ao Paços dos Duques, ao centro histórico, a outros monumentos…
“Queremos uma escola de mente aberta, tecnológica, estimulante, que ensine a olhar para um quadro…”
GA! – O que não faziam com os pais?
AP – Detectamos há uns anos que muitas crianças mais afastadas do centro e da sede do concelho, vinham à cidade e iam ao Continente… não entravam numa igreja, não viam o centro histórico, não entravam no Castelo. E foi pela escola que isso foi possível. Queremos uma escola de mente aberta, tecnológica, estimulante, que ensine a olhar para um quadro, que proporcione uma tarde de cinema ou ver uma peça de teatro. Queremos que todos os alunos do concelho tenham aquilo que nós fazemos com os nossos filhos, isto é, dar equidade de acesso a todos o que alguns até agora tinham possibilidade económica de o fazer.
GA – Como comenta os rankings sobre as escolas do concelho, recentemente divulgados, num contexto nacional?
AP – Os rankings – porque são diferentes, conforme o jornal que os publica – todos os anos, trazem algum ruído, no meio escolar. Têm servido para valorizar o que não deve ser valorizado, o ensino nas escolas privadas. Essas escolhem os meninos para os exames e quando não têm o devido aproveitamento são convidados a mudar de escola, todos nós conhecemos histórias destas. Se pudéssemos comparar, fazia o seguinte exercício: pegava nos alunos das últimas escolas do ranking e colocava-os em colégios privados e fazia o inverso, de pôr os alunos dos colégios nessas escolas. E depois via-mos quem é que trabalhava… pagava até para ver qual seria o ordenamento nesses rankings. Os alunos das escolas dos rankings são aqueles cujos pais não puxam por eles, que não têm explicadores, não têm muitas vezes que comer. Essas frequentam escolas que fazem um trabalho fantástico… podem não ser tão bons a Português, nem a Matemática mas são diferentes, onde o trabalho do professor é muito grande.
GA! – Esta avaliação das escolas não deviam competir ao governo ou ao Município?
AP – A primeira vez foi… continham apenas as notas dos exames nacionais e todos sabemos como essas notas são injustas. E apesar de hoje esse ranking estar mais apurado, o que se nota é que cada jornal que os publica, utiliza diferentes indicadores – sem perceber os contextos – para os apresentar. E introduziram outros indicadores, como os indicadores de contexto positivo. Em Guimarães, só temos uma escola com esse contexto positivo. É a escola João de Meira. E depois temos as outras todas que não são escolas de indicadores positivos e cujos alunos têm pais ou encarregados de educação com escolaridade muito baixa. Sabemos, hoje, que a escolaridade da mãe é que conta nesse caso, é o grande indicador para se perceber o que é cada escola neste contexto de rankings. Como estamos numa zona industrial e fabril, outrora até mais rural, composta de pessoas que deixavam a escola com a 4ª classe e mais recentemente com o 9º ano…
GA! – E onde a mulher é mais discriminada…
AP – …sim, é mais discriminada, ou seja o protótipo de mãe, nesta avaliação, concerteza nos deixa em lugares menos confortáveis, dadas as características sociais destes agregados familiares.
GA – Nesse contexto, as escolas de Guimarães, estão…
AP – …acima da média nacional, muito acima e do que seria até expectável, neste contexto. Isto só releva em favor de um trabalho diferente e de qualidade que é feito nas nossas escolas, pelos professores e, também, pelo Município que consagra muitos recursos todos os anos, na educação, e que justifica, em parte, o sucesso que vamos tendo na maior parte das nossas escolas.
“Guimarães sempre se orgulha, de fazer investimentos, de ter um parque escolar moderno, não me lembro de ano nenhum sem que tivéssemos investimento de milhões…”
GA! – A qualidade dos estabelecimentos escolares, com escolas novas e a serem melhoradas, também ajudam a esta posição no ranking?
AP – Cada vez mais. A valorização do espaço físico escolar é também importante. Sempre tivemos essa tradição, é algo que Guimarães sempre se orgulha, de fazer investimentos, de ter um parque escolar moderno, não me lembro de ano nenhum sem que tivéssemos investimento de milhões. Agora, foi a escola de Fafião, construída com preocupações ambientais e sobre a dimensão e qualidade do espaço exterior, dado que as escolas recebem alunos a partir das 7h30 e ali permanecem até às 19h30. Neste contexto de crise sanitária, os espaços exteriores ainda são mais importantes, desde os espaços de desporto, de jogo, brincadeira e mesmo parques infantis. Na calha temos mais obras novas: a requalificação da escola de S. Torcato, cujo projecto está em elaboração e que representará um investimento de 3 milhões de euros; a requalificação da escola de Sande S. Martinho está em curso, tal como a do Centro Escolar de Vermil. Também no Salgueiral e já começamos a retirar o amianto das escolas de Pinheiro, o que também acontecerá noutras escolas, com o apoio do governo, um projecto que foi concretizado através da CIM do Ave.
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