- João Pedro Castro é presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Guimarães que celebra, este ano, o seu 146º aniversário. Em entrevista ao Guimarães, agora!, o representante fala-nos da história, desafios e conquistas dos heróis de vermelho.
O que é que estes 146 anos representam para associação?
Um enorme orgulho! Temos uma história que muito nos honra e que, acima de tudo, nos responsabiliza, dia após dia, a sermos melhores. Felizmente, tivemos milhares de pessoas que representaram a instituição, ao longo da sua vasta história, seja como bombeiros, associados, órgãos sociais, entre outros e que merecem ser devidamente reconhecidos pelos feitos alcançados.
Quais foram os momentos mais marcantes da história dos Bombeiros Voluntários de Guimarães?
Foram muitos, felizmente! Contudo, posso evidenciar um, relacionado com a história mais recente, nomeadamente na pandemia. Em Setembro de 2020, tivemos um surto nos nossos bombeiros, fazendo com que o turno da manhã e o da tarde tivessem que ir para isolamento, sendo que corríamos o risco de fechar temporariamente, colocando em risco o socorro prestado à população. Contudo, devido ao altruísmo dos nossos bombeiros, do nosso comando e, permitam-me, do nosso comandante Bento Marques, conseguimos continuar a dar resposta, fruto do tremendo esforço dos nossos bombeiros que serviram a nossa comunidade 24 sobre 24 horas.
Para assinalar o 146° aniversário, promoveram um filme, À prova de Fogo. Como foi todo o processo de elaboração do filme, e qual é o propósito do mesmo?
Resultante do simulacro que realizamos no Toural, decidimos elaborar um vídeo. Contudo, como temos uma equipa de excelência, desafiamo-nos a realizar um filme e o resultado está à vista de todos. Temos que agradecer à Reporvídeo Digital, na pessoa do Gil Sousa, por terem sido um parceiro de excelência. O seu propósito foi permitir dar a conhecer como decorrem este género de intervenções, bem como a operacionalidade dos Bombeiros Voluntários de Guimarães
Está na presidência dos BVG desde 2021. Desde então, quais têm sido os momentos mais desafiantes e os mais gratificantes?
Muitos! Desde a campanha para a aquisição da ambulância de cuidados intensivos, a inauguração da ansiada auto-escada, a campanha para novos bombeiros, as obras de requalificação do quartel, bem como a valorização dos nossos bombeiros. Temos, ainda, que iniciar as obras da piscina, tão importante para todos nós, bem como aumentar o número de associados e rejuvenescer o nosso parque automóvel. Importa também fazer um enorme agradecimento aos nossos bombeiros, visto que temos um corpo activo de excelência, ao nosso comando e aos meus colegas de direcção pelo incansável trabalho que têm realizado. Muito foi concretizado, mas ainda há muito a fazer e precisamos do apoio de todos para conseguirmos cumprir tão nobre missão.
“No ano de 2022 tivemos 11.973 emergências, mais 1709 do que em 2021.”
Quais são dos números actuais da corporação? Com quantos membros contam e como é que esses números têm vindo a evoluir?
No ano de 2022 tivemos 11.973 emergências, mais 1709 do que em 2021, ou seja, uma média diária de 33, tendo sido o número mais elevado de sempre e que comprova a importância crescente que os bombeiros têm. Temos, aproximadamente, 100 bombeiros.
Existem incentivos para os jovens se juntarem aos bombeiros, seja como voluntários ou profissionais?
Existem benefícios, mas são sempre precisos mais. Contudo, os bombeiros são uma “escola de vida” e conseguimos com que os nossos bombeiros se sintam realizados e felizes por abraçarem tão nobre missão. Felizmente, temos conseguido tornar a instituição mais “atractiva”, fazendo com que os jovens nos procurem cada vez mais.
📸 GA!
Quais são as principais missões exercidas pelos bombeiros diariamente?
Diversas, desde a emergência pré-hospitalar, a incêndios (urbanos, florestais e industriais), desencarceramento, salvamento em grande ângulo, entre outros.
“É urgente efectuar uma revisão dos protocolos com o INEM, visto que os valores são manifestamente insuficientes.”
Tendo em conta as funções diárias das corporações, parece-lhe que os bombeiros são devidamente valorizados?
Sentimos o extraordinário reconhecimento por parte dos vimaranenses, Câmara Municipal, empresas, juntas de freguesias, diria, de toda a sociedade vimaranense. Contudo, tal não encontra o devido “espelho” no Governo e no INEM, mas não deixaremos de exigir o reconhecimento devido. É urgente acelerar a execução do PRR, bem como prever, desde já, o aumento da sua dotação, visto que, segundo informações transmitidas, “só” permitirá a aquisição de viaturas, quando também são fundamentais as obras no quartéis. É urgente efectuar uma revisão dos protocolos com o INEM, visto que os valores são manifestamente insuficientes, fazendo com que sejam as instituições a financiar, diariamente, o INEM, imputando, as associações, responsabilidades que não são suas.
Que tipo de intervenções são necessárias para requalificar as piscinas dos bombeiros? E qual é o valor do projecto?
São necessárias intervenções profundas, sendo que as mesmas são superiores a um milhão de euros.
Há mais intervenções ou obras necessárias no quartel? Se sim, quais?
Sim, temos vindo a requalificar o nosso quartel, como, por exemplo, com a sua pintura integral, trazendo-lhe uma nova imagem. Contudo, temos que continuar a intervir, por forma a garantir as melhores condições para os nossos bombeiros.
“Não podemos baixar os braços, temos que ir à “luta”, continuar a ser criativos, a envolver toda a comunidade.”
Um dos assuntos muito associados aos bombeiros nacionais é a falta de meios e recursos para exercerem as funções devidamente. Os BVG revêem-se nesse diagnóstico? O que é que é necessário para esta corporação?
Existe um subfinanciamento das instituições que poderá afectar a sua operacionalidade. Contudo, não podemos baixar os braços, temos que ir à “luta”, continuar a ser criativos, a envolver toda a comunidade, por forma a conseguirmos cumprir os nossos objectivos. Felizmente, temos na Câmara um parceiro de excelência que tem sido fundamental no nosso sucesso.
Que tipos de apoios é que os BVG recebem? E de onde vêm esses apoios?
Temos o financiamento do Município, da ANEPC e do INEM. Contudo, temos que bem evidenciar o importantíssimo financiamento do tecido empresarial, bem como dos vimaranenses que permite que consigamos manter uma elevada operacionalidade.
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