Desmistificar para tratar: os mitos sobre a Doença Venosa Crónica

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Seria de pensar que, tendo em conta que a Doença Venosa Crónica é um problema comum, podendo afetar até 60% (1) da população adulta em geral, que o conhecimento sobre o mesmo fosse também generalizado. Mas a realidade é bem diferente. Continuam a subsistir mitos associados a esta doença, que não só impedem o seu tratamento, como potenciam complicações que podem ser graves.

Estamos a falar de um problema que afeta as veias das nossas pernas, cuja manifestação clínica mais conhecida é as varizes. Existe a crença de que as varizes são apenas uma questão estética, uma imperfeição escondida pelas calças compridas. Esta perceção errada é mais do que um mal-entendido, transformando-se num obstáculo que impede o reconhecimento de uma doença progressiva e potencialmente grave. Nas suas fases mais avançadas, a Doença Venosa Crónica pode evoluir para flebites (coágulos associados a dor na veia), alterações permanentes da estrutura da pele, e um conjunto de complicações que diminuem a qualidade de vida. O que parecia ser apenas estético revela-se, afinal, profundamente médico.

Existe ainda outro mito muito enraizado: muitas pessoas olham para as varizes como se fossem algo que simplesmente acontece com a idade e que deve ser aceite em silêncio. Uma atitude que limita a ação das pessoas, levando-as a conviver desnecessariamente com o desconforto e a permitir que uma condição tratável progrida sem intervenção.

Uma vez mais, é importante esclarecer que as varizes são uma manifestação da Doença Venosa Crónica, mas a doença é muito mais do que varizes. Aqueles “derrames”, aquelas “aranhas vasculares” que surgem nas pernas já são manifestações desta doença. E mesmo pessoas que ainda não apresentam alterações nas pernas, mas se queixam de dor ou peso nas mesmas, podem já ter a doença.

“Muitos sofrem desta condição, mas nem sequer a reconhecem ou procuram ajuda, prisioneiros de um estereótipo que lhes rouba qualidade de vida.”

Talvez o mito mais persistente seja também o mais limitador: a ideia de que esta é uma doença de mulheres. Embora seja verdade que as mulheres são mais frequentemente afetadas, influenciadas por fatores hormonais, gravidez e outros elementos específicos do sexo feminino, os homens não estão imunes. Na realidade, muitos sofrem desta condição, mas nem sequer a reconhecem ou procuram ajuda, prisioneiros de um estereótipo que lhes rouba qualidade de vida.

E os saltos altos, olhados de lado por tantas pessoas e acusados de causarem esta doença? Uma acusação que carece de confirmação, já que não há nenhum estudo que tenha provado que usar saltos altos causa Doença Venosa Crónica. E o mesmo é válido para o cruzar das pernas, onde também não existe evidência científica. Aliás, a doença tem uma forte componente genética e, muitas vezes, o único fator de risco que o doente tem é mesmo a genética.

Perante todas estas inverdades e perceções incorretas, importa esclarecer, informar e reforçar a importância do diagnóstico precoce e tratamento atempado da Doença Venosa Crónica, que tem um forte impacto na vida dos doentes.

Quebrar estes mitos não é apenas uma questão de rigor científico, mas abre a porta à possibilidade diagnóstico precoce, tratamento eficaz e, sobretudo, prevenção de complicações graves.

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