Na semana passada, em reunião do executivo debateu-se o programa Retomar Guimarães, o mesmo em si é de salutar, como qualquer outro que seja para apoiar a economia local e os comerciantes vimaranenses. Mas é um programa já típico do atual executivo: sem visão e sem planeamento.
Este visa apoiar a economia local, contudo inicialmente não foram incluídos neste programa setores importantes, tais como: a restauração e hotelaria, dos mais afetados com a situação pandémica e com maior importância no nosso concelho. O executivo municipal justifica a não inclusão inicial dos mesmos, argumentando que aquando da divulgação deste programa a Câmara Municipal de Guimarães já estaria a ajudar o setor da restauração, suportando os custos de entregas de take-away (medida que mesmo assim não abrangeu todos os comerciantes do concelho), não querendo por isso, sobrepor os apoios.
Vejo esta atitude como um adiar de responsabilidades, ou como diz uma expressão popular portuguesa, uma tentativa de: “tapar o sol com a peneira”.
Além disso, a verba disponibilizada no âmbito deste programa, 13 mil euros, é a prova da pouca valorização atribuída ao setor empresarial pelo executivo vimaranense. Na minha ótica, este valor é francamente baixo para a dimensão empresarial do nosso concelho e poderá trazer consequências a longo prazo, visto que ao negligenciar estes apoios, a Câmara Municipal de Guimarães demonstra, a futuras empresas que se queiram sediar no concelho, uma certa desvalorização, fazendo com que estas continuem a optar pelos concelhos vizinhos, como Vila Nova de Famalicão, no qual os apoios são superiores e existe uma maior valorização e expansão da indústria.
O período de tempo em que os comerciantes vimaranenses são abrangidos por este programa não é o ideal, é tardio e não abrange o intervalo onde estes setores foram mais lesados pela pandemia. Vejamos, devido à demora da chegada deste apoio, infelizmente, algumas empresas viram-se obrigadas a cessar as suas atividades.
Para além disso, este começa a contar, com efeitos retroativos, a partir de janeiro deste ano, sendo que o comércio voltou a abrir a partir de abril/maio. Acaba assim, por não abranger a primeira e possivelmente mais crucial fase da pandemia.
Salientar ainda, a falta de informação sobre todo o processo. Enquanto membro da Juventude Popular de Guimarães, tivemos a oportunidade de, em julho do presente ano, numa das conferências organizadas, dialogar com dois empresários vimaranenses, numa conversa onde ambos evidenciaram a falta de apoio por parte da câmara e o total desconhecimento se iriam receber algum apoio no futuro.
Qualquer incentivo para incrementar a economia local é de enaltecer e mesmo que o atual executivo defenda que não existe uma falta de apoios, a verdade é que os habitantes de Guimarães continuam insatisfeitos com a gestão do autarca em relação a este tópico.
É imperativo estar no terreno ao lado dos comerciantes e perceber os seus anseios de maneira a elaborar estratégias válidas e abrangentes para mitigar os efeitos da pandemia no tecido económico local. Como por exemplo: definir o período de tempo onde a economia local foi mais afetada (primeiro trimestre do ano, p.e) e durante esses meses abdicar do pagamento da renda dos estabelecimentos comerciais instalados em espaços municipais que estejam arrendados aos comerciantes.
Em suma, é necessário disponibilizar um valor claramente superior aos 13 mil euros que foram concebidos para este programa e isentar os comerciantes locais, pequenas e médias empresas das taxas municipais. Tal como olharam para o concelho vizinho de Vila Nova de Famalicão ao reproduzirem muito do que foi este programa, basta atentarem às medidas executadas por outros concelhos do país, nos quais realmente a economia local é de facto, valorizada e apoiada.
Resta-nos esperar que no futuro estes apoios contem com uma maior visão e sejam sujeitos a um melhor planeamento para que possam colaborar com os comerciantes e a economia local possa prosperar.
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