O senhor Presidente da Câmara Municipal de Guimarães entende ser necessário para Guimarães a implementação do sistema de transporte público conhecido por “metro bus” que, de forma genérica, consiste na criação de corredores mais ou menos dedicados à circulação de autocarros, com estações próprias e prioridade sobre o restante tráfego automóvel, pretendendo-se seja mais rápido e mais regular que o serviço do autocarro tradicional.
Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, o sistema ligaria a freguesia de Lordelo até à Vila das Taipas (atravessando a cidade), e desta vila seguiria até Braga (e vice-versa, naturalmente).
Mas será que será mesmo útil aos vimaranenses? Será que interessa mesmo a Guimarães? A ideia de gastar 200 milhões de euros para ligar Guimarães a Braga pelo chamado “metro bus” tem tanto de atrativo, como de desconcertante.
Atrativo porque é absolutamente essencial ligar de forma rápida e eficiente Guimarães a Braga, que não por transporte particular, não só por causa dos movimentos pendulares entre as duas cidades, mas também para que Guimarães aceda aos transportes rápidos que ligam – ou ligarão – a região norte ao resto do país e da península.
Desconcertante porque a solução, não se apresenta como solução a nada. Se é para ter um autocarro rápido, obrigada. Já temos autoestrada e autocarros que nela podem circular. Não é preciso gastar 200 milhões. Sim, poupa-se no ambiente. Mas o que se alcança aqui não compensa o que se perde ali. Isto porque não importa apenas ligar as duas cidades. Elas já estão ligadas. O que importa verdadeiramente é a forma como elas o são. E a forma tem de atender à rapidez, à comodidade, à serventia e ao ambiente. Em simultâneo, não isoladamente.
Seria importante saber que carências se visam colmatar com esta nova modalidade de transporte: a ambição primária do senhor Presidente da Câmara Municipal de Guimarães é facilitar o transporte de pessoas entre os dois concelhos, ou permitir que os vimaranenses cheguem mais rápido aos seus empregos, às suas escolas e às suas casas, e em condições de conforto? E caso seja este último o fim por si visado, o pretendido é aumentar a capacidade de pessoas que são transportadas por cada unidade de transporte, isto é, transportar mais pessoas em determinados horários, designadamente, nos chamados horários de ponta, ou permitir aumentar a frequência e a regularidade do transporte ao longo do dia? Será privilegiada a redução do tempo do transporte, ou a facilidade de acesso ao “metro bus”, com a criação de múltiplas e sucessivas paragens ao longo do seu percurso? Será construída uma via de circulação totalmente dedicada, ou aqui e ali o “metro bus” poderá conviver com os demais automóveis em vias comuns? Haverá alguma interligação em Braga à estação ferroviária e ao comboio de alta velocidade que se projeta?
Ora, se no futuro próximo é vital que Guimarães e Braga tenham uma “ligação direta” eficaz e eficiente, sob todos os pontos de vista, não é menos aguda a necessidade de se ligar, da mesma maneira, todo o quadrilátero, ou seja, Guimarães, Braga, Famalicão e Barcelos (a ordem é, naturalmente aqui, aleatória, sendo que, por razões, óbvias, Guimarães vem sempre à cabeça das minhas preocupações). Donde, a solução que se encontre agora para Guimarães e Braga, tem de ser exequível para as restantes conexões. E o metro-bus seguramente não o é.
Tudo ponderado, é legítimo perguntar: Para que serve e a quem serve o “metro bus”?
© 2020 Guimarães, agora!